Solar Ear – aparelhos auditivos com energia solar

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 278 milhões de pessoas no mundo que necessitam de aparelhos para deficiência auditiva, porém são construídos apenas 16 milhões desses aparelhos por ano. O projeto Solar Ear visa mudar essa situação. É um aparelho auditivo de baixo custo e que possui baterias recarregáveis através da luz do Sol. 

Sem perder a perspectiva humanitária e ecológica, o ideal do projeto é surpreendente e exemplar. Através da parceria de uma ONG brasileira, o instituto CEFAC, junto de uma consultoria de desenvolvimento LEGAR, o projeto Solar Ear, está sendo aplicado no Brasil. Desenvolverá aparelhos auditivos digitais com baterias recarregáveis pela luz do sol, além de possuir um baixíssimo custo em relação aos aparelhos convencionais. Um projeto que é capaz de sensibilizar devido a seu forte apelo social sem faltar com uma importante abordagem dentro das preocupações ambientais.

O carregador solar vem acompanhado com duas baterias simples, que podem ser recarregadas dentro de 6 a 8 horas e sua carga possui uma duração de uma semana, até necessitar de uma nova recarga solar. A vida útil dessas baterias é de 2 a 3 anos, grande avanço em relação as baterias normais que duram apenas uma semana. Estima-se que sejam descartadas cerca de 175 milhões de baterias convencionais por ano no mundo.

O preço de um aparelho convencional para tratar casos moderados ou severos pode variar entre mil a dez mil reais, o que é um custo muito elevado para pessoas de baixa renda, levando em consideração que a maioria dos portadores de deficiência auditiva necessita de dois aparelhos. O Solar Ear, que tem como intuito tratar justamente casos moderados e graves, surge então como uma ótima noticia e como um exemplo nato de humanitarismo. Seu kit custará não mais que 100 dólares, ou 250 reais, e empregará jovens surdos brasileiros na montagem dos aparelhos e dos carregadores solares.

O empreendedor do projeto, Howard Weinstein, adaptou-o a partir de outro que se iniciou em Botsuana, na África, durante os anos 90’. Jovens Surdos virão da África para treinar e capacitar jovens surdos brasileiros na montagem dos aparelhos. No Brasil, a tecnologia aplicada a esses aparelhos foi também adaptada para poder receber carga de lâmpadas comuns, na falta da luz do sol nos dias de chuva. 

As tecnologias desenvolvidas no projeto não foram patenteadas, abrindo espaço então para maior distribuição do projeto ao redor do mundo. Aliado a isso, o instituto CEFAC, ajudará a estabelecer redes nacionais e internacionais de contato, organizando cursos no Brasil, Portugal, Venezuela, Peru e Colômbia. O próximo passo de propagação do projeto é abranger, México e Jordânia, e abrir fábricas do produto também em países ricos, como Estados Unidos e Europa.

O projeto Solar Ear é a prova de que é possível unir conceitos tecnológicos sustentáveis junto de importantes aspectos sociais, pois não visa apenas gerar dinheiro, mas sim dar oportunidades a aqueles que necessitam de uma base para poderem ser incluídos com dignidade dentro da sociedade, somado a nítida mensagem ecológica intrínseca a ele. É de se esperar que grandes empresas adotem o Solar Ear e possam levar esse incrível projeto para todos os lugares do mundo.

Autor: Obvious