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Falhas do planejamento urbano e a proliferação de Aedes aegypti - Parte 2

Data: 09/05/2011

Duração: 01:05:02

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Descrição: Programação:No passado geológico da Terra, com os continentes regados pelas chuvas, inúmeros seres vivos evoluíram na dependência desse fenômeno meteorológico. Os mosquitos (Diptera: Culicidae) estão entre os organismos cujos imaturos são associados à água, ficando livres desse meio somente ao atingirem a fase adulta, em um ciclo de desenvolvimento reconhecido como metamorfose completa. As espécies do gênero Aedes se adaptaram na vida imatura a explorar os mais variados tipos de criadouros, com elevada variação de formas e volumes. O mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti, reconhecido no mundo como o principal vetor dos vírus da dengue, a princípio, esteve associado aos conteúdos aquáticos acumulados nas cavidades ou depressões formadas nos troncos e bifurcações dos galhos de árvores. Como a sua origem é da região do entorno do Saara, no continente Africano, onde a chuva é escassa a sua sobrevivência se fez pela resistência à dissecação do ovo embrionado. Quando as chuvas preenchiam as cavidades das árvores os indivíduos imaturos dispunham de um limitado tempo para atingir a fase adulta e ficar livre para o vôo, garantindo a sobrevivência. A hematofagia, condição necessária para a reprodução de algumas espécies de artrópodes parece ter surgido entre 145 a 65 milhões de anos atrás (Mans & Neitz, 2004). Muito após, em uma relação estabelecida com os nossos ancestrais, o mosquito Aedes aegypti teria se adaptado em direção à dependência do sangue humano, tornando-se uma espécie antropofílica. Logicamente, essa afinidade de relação, em tempo prolongado, viria a sofrer a influência dos passos da evolução humana; ou seja, esse inseto e o homem coevoluíram. Sendo um ?companheiro indesejado? permanente das moradias humanas, em um ambiente artificial onde prevalece a estética para tornar o meio mais aprazível, este mosquito se especializou em explorar a arquitetura das residências, prédios públicos, plantas de fábricas, jardins, entre outros. Essa espécie se desenvolve em quaisquer receptáculos com acúmulo de água, mesmo os mais desprezíveis, como: estruturas para escoamento, recipientes de rejeitos, sucatas de veículos, embalagens de alimentos, depressões na concretagem, em plásticos, em latas, etc. Como conseqüência o Aedes aegypti passou a ter estreita associação com o homem, adaptando-se às inúmeras falhas encontradas no seu ambiente. A oferta de água representa o meio para a sobrevida dos imaturos e o sangue humano nutre as fêmeas do mosquito, sendo esses os elementos vitais que necessita. Desafios: fica evidente que engenheiros e arquitetos ao não terem acesso às informações sobre a ecologia do Aedes aegypti idealizam estruturas que podem vir a constituir-se em verdadeiros criadouros. Como resultado dessa desinformação, os agentes patogênicos ecléticos como o vírus da febre amarela, os vírus da dengue e outros arbovírus encontram condições favoráveis à circulação ou urbanização, pois são transportados pelas fêmeas desse artópode de hospedeiro a hospedeiro. A Saúde Pública se vê incapaz de encontrar estratégias que detenham a proliferação e tampouco consegue administrar de forma eficaz o controle desse vetor. A urbanização não pode ser vista exclusivamente pela sua faceta estética voltada para satisfazer os desejos e as necessidades humanas; mas sim, deve ser estruturada de forma a levar em consideração as informações geradas no setor saúde, como a vigilância entomológica, para evitar que a beleza do arranjo ambiental se transforme na perversidade da doença. Este instrumento dispõe de meios científicos que ajudaria a minimizar os problemas de saúde pública em prol de uma qualidade de vida melhor para a sociedade.