A tecnologia de conectividade 5G promete transformar a realidade nas residências, cidades e no campo. A nova tecnologia aplicada ao agronegócio permitirá maior eficiência no trabalho, otimização no uso de insumos e recursos naturais, melhoria na eficiência das operações agrícolas e manutenção e aumento na produtividade e redução de custos, avalia a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no trabalho “Impactos do 5G e a Importância da Conectividade no Campo”.
O 5G também proporcionará, além de crescimento da produtividade no meio rural, a viabilização de capacitação técnica e educação online, tornando o conhecimento acessível para os produtores e estudantes em escolas rurais.
“Vivenciaremos em breve o novo paradigma do agro a partir da velocidade, da qualidade e, principalmente, da capacidade do processamento que a tecnologia 5G dará em trazer conteúdos, dados, informações, desde o solo passando pela planta, pelo animal, pela combinação da interação solo-planta-animal, dentro da porteira e fora da porteira, mas principalmente para subsidiar ferramentas, tomadas de decisão para o nosso produtor brasileiro”, afirma o secretário adjunto de inovação e desenvolvimento rural e irrigação do Ministério da Agricultura, Cléber Soares.
“O Brasil, por grande parte de sua economia agrícola, tem a potencialidade para ser a grande referência líder na Agricultura 4.0. Dessa maneira, as tecnologias de informação e comunicação serão a chave, a força motriz desta Transformação Digital, desta Agricultura 4.0”, acredita o diretor de marketing da Huawei Brasil, Tiago Fontes. A empresa possui investimentos em AgriTechs e Universidades para inovação tecnológica com o 5G.
De acordo com Tiago Fontes, em dezembro do ano passado, a Huawei e o governo de Goiás realizaram uma prova de conceito com 5G, Nuvem e Inteligência Artificial. Na experiência, foram trabalhadas aplicações 5G utilizando drones, a nuvem e a inteligência artificial que comprovaram uma melhora na eficiência e uma redução do tempo de inspeção de plantios de uma semana para uma hora, sob análise precisa das áreas contaminadas, trazendo uma redução do uso de defensivos em até 90%.
A previsão em junho, de acordo com o ministro das comunicações, Fábio Faria, era que o leilão da rede 5G fosse realizado no segundo semestre deste ano. Atualmente, a expectativa é que o Tribunal de Contas da União (TCU) analise o edital até o dia 18 de agosto. Após essa etapa, o documento será encaminhado em até cinco dias para publicação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O secretário adjunto Cléber Soares garante que a tecnologia 5G deverá ser acessível, independentemente do tamanho, sistema ou tipo de produção que o produtor rural se enquadre, o que deve impulsionar o crescimento no campo.
“Se voltarmos entre 30 a 40 anos atrás, a média de produtividade de grãos no Brasil era da ordem de mil e quinhentos a mil e oitocentos quilos por hectare. O que aconteceu graças a tecnologia na inovação? Nós crescemos e hoje estamos em uma média entre três mil e quinhentos e três mil e oitocentos quilos por hectare”, ele afirma.
Diante deste cenário de crescimento de produtividade pelas ciências digitais, o Ministério da Agricultura trabalha a transformação digital a partir de três perspectivas, afirma o secretário. O primeiro, de acordo com ele, é a infraestrutura para a conectividade, para desenvolvimento de uma “primeira pavimentação para transformação digital no campo”.
Em segundo lugar está o desenvolvimento de implantação de plataformas, sistemas e marketplace para integração de dados. Em 25 de maio, o Mapa lançou o Observatório Nacional da Agropecuária, local que reúne mais de 200 bases de dados sobre imagens georreferenciadas da área rural brasileira, safra agrícola, previsão climática, crédito rural e setor pesqueiro.
“A terceira perspectiva é a camada de sistemas de inovação, que é trazer startups e empresas tanto do agronegócio quanto de transformação digital. Também é trazer o produtor e colocar o problema na mesa para que esse tripé consiga ser resolvido”, explica o secretário.
Desafios para conexão
O 5G é uma tecnologia que exige eletricidade e conexão com a internet e a área rural é conhecida pela dificuldade de acesso a esses serviços. De acordo com o estudo “Cenários e perspectivas da conectividade para o agro”, realizado pelo Mapa e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), apenas 23% do espaço agrícola brasileiro possui algum nível de cobertura por internet.
A partir deste cenário, o estudo apresenta duas perspectivas para a ampliação da conectividade de internet no modelo telecom (sinal 2G, 3G, 4G) até 2026.
A primeira alternativa seria ampliar a cobertura atual de 23% para 46% de iluminação de sinal no território agrícola nacional, aproveitando a capacidade de transmissão de 4.400 torres já existentes no Brasil. Esse crescimento, de acordo com o estudo, permitiria avanço de 4,5% do Valor Bruto de Produção (VBP).
O segundo cenário é mais ambicioso. Sugere a instalação de 15.182 novas torres, suficientes para suprir uma cobertura final de 90% da demanda de conectividade no campo e um acréscimo de 9,6% no VBP.