Ensaio sobre os novos tempos

Por José Eduardo Cavalcanti*

Hoje, 8 de abril de 2021, numa agradabilíssima manhã aqui em São Paulo, observo da janela um céu limpo de nuvens nada sinalizando para o fato de que há mais de um ano vem grassando em todo planeta uma pandemia surgida praticamente do nada, assolando toda a humanidade. Só no Brasil quase 350 mil mortes e a carnificina prossegue não se sabendo até o momento onde iremos parar.

Ninguém sabe ao certo como surgiu e como o vírus escolhe suas vítimas e que tipo de castigo irá propiciar a nós, os terráqueos. Quais os critérios que ele utiliza para a sua escolha macabra. Ninguém sabe ao certo, nem mesmo os cientistas. Nem desconfiam. Parece que o bicho não gosta muito de idosos, mas nenhum outro vírus gosta! Mas este escolhe também os mais jovens. Age na verdade como uma bala perdida ricocheteando por aí. Nós próprios, infectados ou não, temos chance de apertar o gatilho mesmo sem querer. Basta se aproximar um do outro e “bum”! Tome-se a Covid!

Muitos dizem que o vírus nem ser vivo é! Imagine, então, se fosse! Na realidade é um protista, isto é um ser intrigante que não se encaixa em reino nenhum. É literalmente um parasita letal que para cumprir seu instinto de sobrevivência necessita do conteúdo protoplasmático que só encontra nas células alheias que infecta seja de nós humanos ou de outros domínios, preferencialmente bactérias. Neste parasitismo, “contribui” apenas com seu código genético representado apenas por um RNA de fita simples acompanhado por um séquito de proteínas roubadas de outras infecções que irão lhe abrir as “portas” das próximas membranas celulares.

Embora pequeno, de tamanho equivalente a um bilionésimo de milímetro porta-se como um chip agregando as instruções de como deverá agir após ser aceito por uma célula após ludibria-la com uma proteína “afável” que na verdade tem o poder de se ligar quimicamente o uma outra similar de dentro da célula.

Para dificultar, como todo ser vivo que se sente ameaçado seguem rigorosamente Darwin sofrendo mutações que nada mais são do que a alteração na ordem de seus nucleotídeos. Seu objetivo é perpetuar sua espécie ganhando genes novos e habilidades bioquímicas inéditas mediante mexidas em seu DNA.

Com isso, prosseguem driblando as vacinas que são, na realidade, também chips, só que mensageiros artificiais programados na tentativa de driblar a ação do vírus impedindo que adentrem às células ou alardear falsamente a presença de um antígeno de modo a enganar nosso próprio corpo para que produzam antecipadamente anticorpos suficientes e eficazes para quando de fato tiverem de enfrentar o vírus verdadeiro.

Em resposta, o vírus reage produzindo novas cepas capazes de penetrar até que com maior facilidade em nossas células. Aliás, deve-se salientar que esta batalha entre vírus e células remontam aos primórdios do planeta. São os chamados bacteriófagos especialistas em atacar as células de bactérias e também do homo sapiens na sua luta pela busca do maquinário indispensável que lhe permita replicarem, nem que para isso infectem o seu hospedeiro até a morte.

 

Na realidade, ninguém sabe de quando nos livraremos desta oitava praga que não se limita somente ao Egito como aconteceu com as 7 anteriores. Castigo de Deus? Invasão de aliens? Deixado escapar intencionalmente ou por descuido? Acaso?  Quem pode saber? Não importa agora. Oimportante é que temos que sair desta.

Parecem serem as vacinas o caminho adequado, enquanto remédios efetivos não são produzidos. Na realidade, as vacinas são apenas o indutor pois o combate fica por conta do nosso sistema imunológico adquirido. A vacina apenas “desperta” este mecanismo de produção de anticorpos que proporcionem a fagocitose do invasor. Conclui-se que as armas para combater o SARS CoV 2, o vírus causador da Covid, estão em nossos próprios organismos.

Mas enquanto nosso sistema imunológico não responde, recorremos a remédios que a ciência imputa como ineficazes. São fornecidos até sob a forma de kits para os chamados tratamentos precoces. Negacionistas os defendem sem se preocupar com os efeitos colaterais que dizem, não existirem. Se bem não fazem, mal não poderá fazer, arrematam.

Não sei quando este pesadelo irá terminar. A natureza continua dando seus espetáculos. Que saudades dos velhos tempos em que éramos livres para usufrui-la plenamente. Nós éramos felizes e não sabíamos!

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*José Eduardo W. de A. Cavalcanti

É engenheiro consultor, diretor do Departamento de Engenharia da Ambiental do Brasil, diretor da Divisão de Saneamento do Deinfra – Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), conselheiro do Instituto de Engenharia, e membro da Comissão Editorial da Revista Engenharia

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*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo