Nesta sexta-feira fizemos história mais uma vez para a educação de São Paulo. Temos agora um decreto governamental que torna a educação uma atividade essencial no estado. Uma evolução para mudar a forma de pensar sobre a área no nosso país.
Desde dezembro do ano passado a educação é tratada como essencial em São Paulo e, assim, o funcionamento é permitido em todas as fases do plano São Paulo. No entanto, a medida assinada nesta sexta-feira pelo governador João Doria vai além da pandemia. Estamos reconhecendo para qualquer fim que a educação básica no estado de São Paulo é uma atividade essencial.
Não sei se as pessoas conseguem entender quão importante é isso para nosso futuro como país. Estamos falando de ir além do ensino e da aprendizagem de crianças e jovens. As escolas abertas contribuem para a segurança alimentar dos mais pobres, para a socialização, a saúde mental, a integridade física e proteção social dos estudantes. Sem educação não há ciência, não há medicina, não há vida. Portanto, precisa ser essencial.
Desde meados de 2020 precisamos nos desgastar com um debate se as escolas devem ou não permanecer abertas. Infelizmente, a pandemia do novo coronavírus esfregou na cara do brasileiro que a nossa sociedade não se importa com a educação. Isso está claro naqueles que lutam pela escola fechada sem levar em conta a sequela para crianças e para o futuro do nosso país. O Brasil tirou milhões de estudantes do convívio escolar ao mesmo tempo que as pessoas frequentavam bares, praias e academias.
Discutimos muito o risco da Covid-19, mas pouco se falou dos riscos da depressão e de como a distância do aprendizado presencial pode afetar o psicológico de um jovem ou mesmo de uma criança, que ainda está na sua formação como pessoa. Jovens fora da escola não apenas estancam o aprendizado, mas, sim, regridem.
Há um ano decidimos suspender as aulas presenciais. A medida foi a decisão certa naquele momento de incertezas e desconhecimento sobre o que estávamos vivenciando. Não sabíamos qual grave seria, o real nível de transmissão entre as pessoas em lugares fechados ou abertos, as formas adequadas de tratamento, as medidas de prevenção e controle da doença. Não sabíamos nem qual máscara utilizar. Não tínhamos vacina.
Hoje as dúvidas são outras. Muitas daquelas questões iniciais já foram respondidas, incluindo o fato de as crianças não serem grandes transmissoras de Covid-19 e as escolas não serem locais de alto risco de contágio, caso as medidas corretas sejam adotadas. Nossos protocolos atuais passam por distanciamento adequado, higiene pessoal, sanitização dos ambientes, comunicação e monitoramento. Ou seja, temos protocolos, procedimentos clínicos, métodos de prevenção e, especialmente, temos vacinas.
Essas vacinas chegarão inclusive aos profissionais da educação, uma conquista recente do nosso governo. Professores, gestores e outros funcionários das escolas públicas ou privadas com mais de 47 anos começam a imunização no próximo dia 12 de abril. A expectativa é vacinar 350 mil pessoas deste grupo.
Desde setembro do ano passado a rede estadual iniciou paulatinamente as atividades presenciais, com foco no acolhimento dos estudantes, oferecendo suporte pedagógico e alimentação aos que mais necessitam, iniciando aulas em etapas específicas de ensino, melhorando a infraestrutura, os recursos materiais e tecnológicos das escolas. Em termos decisórios, mantemos o constante diálogo com especialistas da área da saúde, como os do Centro de Contingência do Coronavírus e com a Comissão Médica da Educação.
Sempre falamos em não deixar nenhum aluno para trás. Estamos trabalhando arduamente na recuperação da aprendizagem de todos, priorizando as habilidades essenciais, tanto cognitivas quanto socioemocionais. Mas é importante que todos que fazem parte da educação trabalhem juntos, das famílias às escolas, órgãos centrais de governos estadual, municipais e federal.
Construímos juntos governo, ciência e, principalmente, profissionais da educação de São Paulo, um caminho desde o início da pandemia. Esse caminho nos leva agora a este documento que garante as condições necessárias para termos sempre uma educação como atividade essencial. E São Paulo já entendeu isso.