setembro, 2020
Detalhes do evento
26° Semana de Tecnologia Metroferroviária promove debates sobre o papel da comunicação no transporte público, planejamento urbano e perspectivas para o crescimento do setor metroferroviário IV
Detalhes do evento
26° Semana de Tecnologia Metroferroviária promove debates sobre o papel da comunicação no transporte público, planejamento urbano e perspectivas para o crescimento do setor metroferroviário
IV Seminário Infraestrutura de Transporte Ferroviário, realizado pela FIESP em parceria com a AEAMESP, foi um dos grandes destaques do dia 03 de setembro
A sessão “Os desafios pós-pandemia – Como a comunicação pode ajudar” abriu o terceiro dia da 26° Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento online promovido pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP). Realizado pela Associação Internacional do Transporte Público (UITP), o painel esteve sob coordenação da Gerente da UITP Latin América, Eleonora Pazos, que iniciou sua fala apresentando alguns estudos que a entidade realizou nos últimos meses para entender o contexto atual.
O mais recente deles buscou levantar os padrões de mobilidade no mundo pós-Covid, em três grandes blocos:
· Global: crescimento da demanda de passageiros; desigualdade socioeconômico; comércio eletrônico; e transformação da topologia das cidades.
· Comportamental: trabalhos remotos ou mais flexíveis; consciência de biossegurança em viagens; estilo de vida de mobilidade mais saudável; e frequência e retiming de padrões de viagens.
· Tecnologia/mercado: digitalização de ofertas; aceitação de novas formas de mobilidade como parte do sistema; consolidação de players de mobilidade privada; e sistemas de transporte inteligente.
“Outro estudo realizado pela UITP, em maio, identificou que, especialmente na Europa, as pessoas querem usar o transporte público por acreditarem que ele possa melhorar a saúde da cidade e até mesmo ajudar a combater futuras pandemias”, disse Eleonora. Essa tendência está alinhada com o movimento “Back to better mobility”, que a associação desenvolveu para reforçar a mensagem de que o transporte público, como espinha dorsal da mobilidade urbana, é fundamental para a construção de cidades resilientes, para combater as mudanças climáticas, prevenindo a “recuperação” da poluição do ar, para incentivar estilos de vida saudáveis e impulsionar as economias locais.
Após a apresentação feita por Eleonora, foi a vez da Coordenadora do Programa Melhores Práticas de Comunicação da UITP Latin America, Valeska Peres Pinto, trazer um panorama sobre os desafios futuros do setor metroferroviário. Segundo ela, o cenário pós-pandemia será marcado por alguns fatores como desemprego, retomada lenta de atividades e redução de viagens, bem como uma maior adesão ao trabalho remoto, telemedicina, ensino a distância, e-commerce e delivery.
Mesmo com essas variáveis, Valeska defende que o “os trens e carros do metrô não sairão dos trilhos”. Mas, para isso, é preciso valorizar os atributos deste modo de transporte. “O metrô, justamente por ser estático e de grande concentração, logo voltará a ser aquilo que ele tem potencial para ser: uma minicidade, ou seja, a área da mobilidade que tem a maior capacidade de explorar o que chamados de negócios associados, visando a geração de receitas extra tarifárias”, concluiu.
Para finalizar a rodada, o Especialista em Marketing e Comunicação Social, Rodrigo Magalhães, trouxe a visão de como a sua área de atuação poderá contribuir com o processo de retomada. “Há algumas máximas da comunicação que não podem ser esquecidas, como, por exemplo, a que diz que o que não é visto, não é desejado. Por ser, em grande parte, subterrâneo, muitas vezes o transporte sobre trilhos acaba se tornando um serviço invisível. É preciso que as operadoras criem uma comunicação regular, que evidencie os benefícios deste meio, e passem a entender a comunicação como parte da estrutura de negócios”, defendeu.
Magalhães também lembrou que as estações de metrô são frequentemente procuradas por outras marcas para ações promocionais. “Precisamos começar a tirar proveito desse potencial e não apenas ceder espaço para grandes marcas ganharem dinheiro”, disse o especialista, reforçando que há muito o que aprender com a iniciativa privada. “Estamos vivendo um momento em que o setor de transporte público está sofrendo muito. Nessa equação, a comunicação não pode ficar para depois”, finalizou.
Representantes do Metrô-SP, da CPTM e do BNDES discutem a relação entre planejamento urbano e mobilidade
A construção de cidades mais ágeis e sustentáveis foi um dos focos centrais da sessão “Planejamento Urbano e Mobilidade: andando juntos”. O primeiro convidado pela AEAMESP para discorrer sobre o assunto foi o Gerente de Planejamento e Meio Ambiente do Metrô-SP, Luiz Antônio Cortez Ferreira.
Durante sua apresentação, ele listou as principais consequências do transporte individual para a qualidade de vida das cidades (poluição, alto consumo de energia, demanda por espaço, acidentes de trânsito e congestionamentos) e buscou ressaltar a importância do transporte coletivo para saneamento destes problemas. Outro ponto abordado pelo Arquiteto e Urbanista foi o padrão de expansão da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), somada à concentração de empregos nas áreas centrais. “Esses dois fatores refletem em uma saturação dos sistemas de transportes existentes, bem como o crescimento das externalidades negativas já listadas”, disse.
Ferreira lembrou, ainda, que a expansão urbana é uma verdadeira bomba relógio do ponto de vista da mobilidade. Isso, porque, já se observa há algum tempo a saturação dos eixos rodoviários que chegam à RMSP. Segundo ele, uma hora ou outra, o colapso destes eixos irá chegar, o que apenas reforça a necessidade de haver uma rede de trens intercidades que promova o deslocamento adequado. “É preciso implantar uma rede de trens que nos permita ordenar a ocupação do território regional e interiorizar o desenvolvimento, a fim de conter o espraiamento caótico e distópico”, acrescentou.
O Gerente de Planejamento e Meio Ambiente do Metrô-SP também reforçou que os problemas de mobilidade urbana não podem ser resolvidos apenas como dinheiro, mas também com novas maneiras de pensar e construir a cidade. Entre as soluções para lidar com isso, ele destacou o desenvolvimento orientado pelo transporte, que prevê estações de alta capacidade como centros de qualidade de vida urbana. “A visão do Metrô-SP é a de promover uma cidade para as pessoas, atuando no desenvolvimento imobiliário e na oferta de serviços, comércio e conveniências em suas instalações”, disse.
O Presidente da CPTM, Pedro Tegon Moro, deu continuidade à reflexão apresentando uma das iniciativas que poderá ajudar a solucionar os pontos levantados por Ferreira: o Trem Intercidades, que ligará as cidades de São Paulo, Campinas e Americana. Entre os benefícios do projeto, que será viabilizado em uma Parceria Público-Privada (PPP), destacam-se o aumento da acessibilidade entre metrópoles e cidades pólo; expansão da infraestrutura de transporte para passageiros e cargas, aliviando rodovias e vias urbanas; geração de oportunidades de negócios e de empregos no segmento ferroviário; e atendimento de metas de redução de emissões de gases do efeito estufa.
Na sequência, o Diretor da WRI Ross Center, Sérgio Henrique Avelleda, explicou que as megacidades possuem três características principais em comum: grandes populações, multifuncionalidades e diferentes relações econômicas. “Cada cidade têm gerido o seu sistema de transporte de maneira individual, o que gera um problema sistêmico na mobilidade. Não podemos mais acreditar que os problemas estruturais das grandes metrópoles sejam resolvidos sem ações integradas”, disse. A solução, segundo o especialista, passa pela criação de autoridades de mobilidade metropolitanas. “Talvez, diante da crise de sustentabilidade do transporte coletivo que estamos vivendo, os prefeitos resistentes às políticas de criação de uma autoridade metropolitana comecem a abrir suas mentes para esta mudança necessária”, concluiu.
Por último, a Gerente de Mobilidade Urbana do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Anie Amicci, reforçou a importância de uma visão sistêmica do transporte e do planejamento integrado, para que seja possível reduzir as ineficiências deste sistema, bem como suas externalidades negativas. “Quanto mais azeitado o sistema de transporte estiver, permitindo que projetos de qualidade existam, mais investidores privados serão atraídos”, pontuou. Para concluir, ela destacou alguns dos ganhos que o planejamento integrado poderia trazer, como: evitar a competição entre os modos; desestimular o uso do transporte individual motorizado; melhorar a infraestrutura para pedestres e bicicletas; aumentar as receitas via demanda; reduzir custos e riscos associados; e diminuir a dependência do orçamento público.
IV Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário discute o desenvolvimento do setor
Um dos grandes destaques do dia 03 de setembro foi o IV Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário, evento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em parceria com a AEAMESP. Neste ano, o encontro foi mediado pelo Presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Vicente Abate, e buscou discutir as perspectivas e o potencial de crescimento do setor ferroviário no país por meio de novos projetos.
Durante a primeira apresentação do SITF, a Gerente Jurídica da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Camila Rodrigues, trouxe um panorama da evolução do setor ferroviário nos períodos pré e pós-concessões. “Até 1997, o transporte ferroviário de carga era marcado pela baixa manutenção da malha, problemas operacionais, passivos trabalhistas ambientais e operação deficitária e insustentável”, disse. Para se ter uma ideia, somente entre 1994 a 1997, os prejuízos acumuladores nesta área ultrapassaram o valor de R$ 2 bilhões.
Com a transferência da prestação de serviços para a iniciativa privada, notou-se uma evolução significativa, como, por exemplo, o aumento de 130% na movimentação de carga por ferrovias. “Além disso, as concessões também trouxeram benefícios referentes à segurança, com a diminuição de acidentes, e ao meio ambiente, com a diminuição de desastres”, complementou. Apesar dos grandes avanços, Camila reforçou que ainda há muito trabalho a ser feito, uma vez que a matriz do transporte de cargas do Brasil ainda é focada, predominantemente, nas rodovias.
A representante da ANTF lembrou, porém, que o país tem atuado com uma agenda de investimentos de curto prazo, marcada pela prorrogação antecipada de quatro projetos principais, que podem ajudar a reverter este quadro. “A carteira de investimentos é robusta e vem sendo intensificada com a modernização dos contratos. O que se pretende é que a participação ferroviária na matriz de transporte passe de 15% para 31%”, concluiu.
Em seguida, o Diretor do Departamento de Novas Outorgas e Políticas Regulatórias Portuárias, Fábio Lavor Teixeira, destacou o trabalho que vem sendo realizado pelo Ministério da Infraestrutura. “Temos atuado fortemente em prol da logística do país. Entendemos que, ao fortalecermos o setor ferroviário, na prática estamos fortalecendo toda a logística e a economia brasileira”, disse. Essa preocupação com a melhoria dos acessos ferroviários foi evidenciada a partir da apresentação de alguns Marcos, como o Leilão FNS, a criação do PPI (Lei n° 13.334/16), o início dos estudos da FIOL e a assinatura da prorrogação da Malha Paulista.
Teixeira mostrou, ainda, o modelo vigente de Planejamento Portuário, que é dividido em:
· Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP): planejamento setorial, feito a cada quatro anos, visando identificar as vocações dos 13 clusters portuários;
· Plano Mestre (PM): planejamento local, feito a cada quatro anos, visando direcionar ações, melhorias e investimentos nos complexos portuários e acessos;
· Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ): planejamento local, baseado no PM, que compatibiliza as polícias municipais e estaduais de desenvolvimento urbano com a poligonal e o zoneamento das áreas do porto;
· Plano Geral de Outorgas (PGO): planejamento setorial, realizado a cada quatro anos, visando arrendamentos, concessões, autorizações e delegação.
“Estamos trabalhando na integração dos planos e, em breve, o PNLP será descontinuado e integrado ao Plano Nacional de Logística (PNL)”, contou. O PDZ, por sua vez, deve continuar como o principal instrumento de Planejamento da Autoridade Portuária. Com a revisão da portaria SEP/PR n° 3/2014, que regulamenta o PDZ, espera-se obter uma melhor harmonização entre os dispositivos legais, a simplificação dos conteúdos dos Planos, a possibilidade de indicação de áreas fora do porto para possível expansão portuária e a submissão das propostas somente em meio digital.
Ao final de sua fala, Teixeira reforçou que entre as medidas que já estão previstas neste novo planejamento, destaca-se o Plano Mestre do Complexo Portuário de Santos. “Entre 2012 e 2016, a participação da demanda ferroviária, quando comparada com o volume total movimentado pelo Complexo Portuário, variou entre 27,6% e 30%. Para 2060, a perspectiva é que essa participação alcance os 47%”, disse.
Quem também participou do IV SITF, trazendo a experiência da Alemanha para o debate, foi o Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Deutsche Bahn ECO América Latina, Gustavo Gardini. Na visão apresentada pelo executivo, o sucesso da logística e da mobilidade de um país é garantido pelo pleno compromisso do governo através de uma política integrada de planejamento e investimentos, bem como por meio de um marco legal que estabeleça regras claras, objetivas e transparentes para o setor privado investir e operar.
“Na Alemanha, esta questão está bem estabelecida e, no Brasil, já podemos vislumbrar mudanças neste sentido. O Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, está realizando uma transformação que há anos não víamos no país”, disse. Para exemplificar a experiência alemã, o palestrante contou um pouco mais sobre o Plano Diretor de Infraestrutura de Transporte do país, construído com base em uma abordagem multimodal, eficiente e integrada. Segundo ele, o orçamento de investimentos tem os seguintes destaques: 1 mil projetos em um horizonte de 13 anos, um aporte na faixa de 270 bilhões de euro, e um foco maior em otimizar a infraestrutura já existente, modernizando e melhorando rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos para se obter maior eficiência.
Além dos especialistas já citados, o IV Seminário de Infraestrutura de Transporte Ferroviário também contou com a presença do Diretor da Divisão de Logística FIESP e do DEINFRA/FIESP, Adalberto Febeliano, do Conselheiro da AEAMESP, Pedro Machado, e da Presidente da AEAMESP, Silvia Cristina Silva.
Painel do Simefre aborda a importância da priorização do transporte ferroviário de passageiros
Na parte da tarde, o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre) promoveu uma sessão técnica para falar sobre a necessidade em se priorizar, cada vez mais, o transporte metroferroviário. Quem conduziu a conversa foi o Presidente da CAF Brasil e membro da entidade, Renato Meirelles.
Uma das provocações feitas pelo executivo foi a necessidade do setor “sair da caixa” para trazer, novamente, o transporte de passageiros sobre trilhos para os holofotes. “Quanto mais acesso a população tiver a um transporte público e ferroviário de qualidade, em melhores condições estaremos em diferentes aspectos”, reforçou. Uma das estratégias que vêm sendo discutidas neste sentido é o relançamento do programa “O Brasil Trem Jeito”, a partir de quatro pilares fundamentais: estabelecimento de um plano nacional, levantamento dos organismos necessários para dar sustentação ao plano, equacionamento econômico e programa industrial.
Durante a sessão do Simefre, Meirelles pontuou, ainda, que o estímulo ao uso do transporte público carece de um maior engajamento de todos, especialmente no contexto atual. “Ainda há um grande receio em voltar a usar o transporte público, em decorrência da pandemia, mas noto que em outros países esse estímulo ao uso está muito mais intenso. Tivemos uma redução de quase 80% da nossa demanda e raro são os operadores que chegaram na casa dos 50% da demanda original. Essa equação não fecha”, disse.
Rumo, Voestalpine e Siemens comandam programação de workshops
Em paralelo às sessões técnicas e painéis, o terceiro dia da 26° STMF também foi marcado por três workshops. O primeiro deles foi promovido pela RUMO, maior operadora de ferrovias do Brasil, e abordou as novas tecnologias aplicadas a projetos de infraestrutura ferroviária.
Na sequência, a Voestalpine, fornecedora mundial de arames sólidos e tubulares para o setor automotivo, apresentou um workshop sobre “Máquinas de Chave para Jacaré de Ponta Móvel (JPM)”. Para encerrar, a Siemens, potência global nos campos da indústria, energia e soluções de infraestrutura, falou sobre Estações Digitais, com foco nos desafios das operações metroferroviárias.
Serviços
26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária
Data: 01 a 04 de setembro de 2019
Transmissão: https://www.semanadetecnologia.com.br/
Sobre a AEAMESP
A Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), fundada em 14 de setembro de 1990, é uma entidade de fins não econômicos que agrega engenheiros, arquitetos, geólogos, devidamente registrados nos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs) e nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo (CAUs), bem como outros profissionais de nível superior.
A AEAMESP realiza anualmente, em São Paulo, a Semana de Tecnologia Metroferroviária, desenvolve ações de natureza técnica, tecnológica e com entes federativos no âmbito municipal, estadual e federal, visando o fortalecimento do setor e promove atividades esportivas, recreativas e sociais.
Hora
setembro 1 (Terça-feira) - 4 (Sexta-feira)
Localização
Evento on-line