A galáxia em que vivemos tem uma forma bem distinta da que se pensava.
Cientistas costumavam descrever a Via Láctea como uma espiral plana com cerca de 250 bilhões de estrelas.
O Sol e os planetas que orbitam ao seu redor, incluindo a Terra, ocupam um espaço pequeno em um dos braços menores dessa espiral.
Mas um novo estudo publicado na revista Nature Astronomy apresenta uma imagem bem diferente da nossa galáxia.
Com base em informações de mais de 1,3 mil estrelas, pesquisadores da Austrália e da China concluíram que ela é uma espiral deformada e que se retorce progressivamente – fica mais helicoidal quanto mais longe as estrelas se encontram de seu centro.
Estrelas pulsantes
O novo mapa em 3D da Via Láctea foi elaborado por astrônomos da Academia de Ciência da China e da Universidade Macquarie, na Austrália.
O mapa tridimensional foi construído a partir dos dados de 1.339 estrelas chamadas cefeidas clássicas, que têm brilho até 100 mil vezes mais forte que o Sol.
As cefeidas são estrelas que pulsam de forma regular – as pulsações podem ser observadas através de mudanças no padrão de brilho desses astros.
Assim, combinando o período de pulsação com as variações no brilho é possível estimar a distância de cada uma delas ao centro da Via Láctea com um alto grau de precisão – a margem de erro é de aproximadamente 5%.
Em forma de ‘S’
“Pensamos em geral que as galáxias em espiral são bem planas, como a Andrômeda, que pode ser visualizada com facilidade de um telescópio”, destaca Richard de Grijs, astrônomo Universidade de Macquarie e um dos autores do estudo.
No mapa elaborado por De Grijs e seus colegas, contudo, o disco da Via Láctea se retorce progressivamente quanto mais longe do centro.
Isso se deve ao fato de que a força da gravidade é mais fraca nas extremidades da galáxia. Por causa disso, dizem os pesquisadores, o disco em espiral vai ganhando a forma de um “S” distorcido.
“Nas regiões externas da Via Láctea vimos que o disco em forma de ‘S’ vai se deformando em um padrão em espiral que se retorce de maneira progressiva”, explica De Grijs.
Chen Xiaodian, também autor do estudo, ressaltou que o mapa tridimensional “é crucial para estudar os movimentos das estrelas dentro da nossa galáxia”.
A aparência deformada da Via Láctea é pouco frequente no Universo, mas não é única.
Cientistas já observaram cerca de uma dezena de galáxias que apresentam retorcimento progressivo nas extremidades de seus discos.
Fonte G1