Lise Meitner é mais uma cientista que sofreu durante sua carreira pelo simples fato de ser mulher. E nós sabemos que, não só na ciência, mas na vida de modo geral, homens e mulheres são igualmente aptos a desenvolver um trabalho. O verdadeiro problema em ser mulher é justamente “não ser um homem” e todo o preconceito atrelado ao assunto. Neste texto, nós vamos mostrar como Lise Meitner, descobridora da fissão nuclear, precisou matar alguns leões para sobreviver na ciência. Ela é uma das mulheres que mudaram a engenharia e ciência que retratamos no Blog da Engenharia.
+ Quem foi Lise Meitner?
Elise Meitner nasceu na Áustria, em 1878, em uma família judia. Desde cedo, ela já era atraída pela matemática e pela ciência. Em uma época em que as mulheres não podiam ingressar na universidade pública, Lise Meitner precisou do apoio dos pais para conseguir estudar. Em 1901, ela foi aluna de Ludwig Boltzmann, um físico famoso na área da mecânica estatística.
Lise Meitner foi a segunda mulher a obter um doutorado em física na University of Vienna. Após o doutorado, ela foi para Berlim, onde teve contato com Max Planck e o químico Otto Hahn. Hahn e ela trabalham juntos por muitos anos e fizeram várias descobertas importantes.
Em 1938, com Hitler no poder, ela precisou fugir para a Suécia e o fez com a ajuda de Hahn. Lá, tinha poucos recursos para desenvolver sua pesquisa devido ao preconceito contra mulheres na ciência.
Lise Meitner faleceu em 1968, após vários problemas de saúde. Ela morreu enquanto dormia.
+ Como Lise Meitner mudou a engenharia e a ciência?
Em 1918, Lise Meitner e Otto Hahn descobriram o elemento protactínio, o que lhe rendeu a Medalha Leibniz. Mais tarde, enquanto estava na Suécia, ela trocava correspondências com Hahn sobre os experimentos e resultados que planejavam. Foi assim que Hahn desenvolveu as experiências sobre fissão nuclear. Ele as publicou em janeiro de 1939. No mês seguinte, Meitner publicou na Nature uma explicação sobre o fenômeno.
O reconhecimento do potencial da fissão nuclear fez com que alguns cientistas alertassem Franklin D. Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, sobre o perigo do projeto Manhattan.
Em 1944, Otto Hahn recebeu o Prêmio Nobel de Química pela pesquisa em fissão nuclear. Lise Meitner foi ignorada pelo comitê. O próprio Hahn não reconheceu seus cálculos sobre fissão nuclear e afirmou que foram apenas seus experimentos que comprovaram o fenômeno. Apesar dos percalços, Meitner e Hahn permaneceram amigos até o fim de suas vidas.
Em 1946, Lise Meitner visitou os EUA, onde foi tratada como uma celebridade. A National Women’s Press Club a nomeou a mulher do ano. Em 1966, ela recebeu o Prêmio Enrico Fermi junto a Hahn e Fritz Straßmann. O elemento 109 é chamado meitnério em homenagem a Lise Meitner e vários prêmios também levam seu sobrenome.
Referências: Atomic Archive; SDSC; Britannica.
Fonte Blog da Engenharia