Boa noite a todos,
Aqui estamos no principal evento de comemoração dos 102 anos do Instituto de Engenharia, a outorga do título de Eminente Engenheiro do Ano de 2018.
Nesse último século, o Instituto de Engenharia participou de momentos importantes da história do País.
Atualmente, acompanhamos as profundas transformações pelas quais o Brasil passa e o papel que este momento impõe ao Instituto de Engenharia, e a todas organizações da sociedade civil. REPITO, TODAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL.
Nos últimos anos, com o acirramento dos posicionamentos políticos e a incapacidade generalizada de diálogo, nos aprofundamos nas crises política e econômica.
O Instituto de Engenharia, ciente desse cenário, investe para criar um espaço de reflexão e construção de projetos possíveis de País, de pontos de convergência para a ação conjunta suprapartidária, buscando uma política de aproximações sucessivas. Se existe uma união possível, é a união pela discussão, pela oposição responsável, para a defesa e o fomento da participação de todos no debate público. O Instituto de Engenharia é uma arena democrática para o compartilhamento de conhecimento, para o debate de ideias e a construção de soluções.
Esse momento de transição é oportuno para que a sociedade civil organizada apoie a formulação de propostas e influencie a opinião pública, a ação dos legisladores e do poder executivo nos seus três níveis.
Com esse viés, o Instituto de Engenharia se organizou com outras 21 entidades representativas da indústria, do comércio e de serviços para criação da Frente Reformar para Mudar. Todas com um objetivo em comum: defender as reformas necessárias para o crescimento do Brasil.
Nesse último ano, desde o evento de premiação a Pedro Parente, como Eminente Engenheiro do Ano 2017, o Instituto investiu silenciosamente em seus projetos [até mais silenciosamente do que deveria]– novos projetos e projetos iniciados em gestões anteriores.
Faço aqui um primeiro agradecimento ao grupo multidisciplinar formado por associados, apoiadores ocasionais, entidades e empresas que, de forma voluntária e patriota, investiram tempo e dinheiro conosco nesses projetos. Mais de 150 pessoas fazem parte deste grupo.
As 32 Divisões Técnicas da Casa trabalharam intensamente com uma média de três eventos por semana, trazendo para dentro do Instituto e levando para fora – por meio de transmissões ao vivo – o aprimoramento do conhecimento de profissionais e estudantes, além do debate técnico.
O projeto precursor, com coordenação de Plínio Assmann e Camil Eid, foi o estudo da “Ocupação sustentável do território nacional pela ferrovia associada ao agronegócio”, que tem por objetivo ações de investimento no transporte ferroviário moderno, com integrações hidroviárias e rodoviárias que viabilizem:
- a ocupação sustentável do território nacional
- o escoamento da produção, com redução dos custos logísticos e do impacto socioambiental
- e a criação de cidades inteligentes
Nessa vertente, outro grupo, coordenado por José Wagner Ferreira e Rui Lopes, desenvolveu o estudo “A Hidrovia como vetor de desenvolvimento e de integração multimodal do Brasil e da América do Sul”, que tem como premissa ampliar a participação do transporte hidroviário, que ainda é pouco explorado, apesar dos 42 mil quilômetros de rios potencialmente navegáveis no País.
Pensando em um desenvolvimento econômico baseado em três pilares: agronegócio, mercado mundial e iniciativa privada, o grupo coordenado por Jorge Hori e Camil Eid, realizou o estudo “Brasil: alimentos para o mundo”, cujo objetivo é apontar o protagonismo que o Brasil pode e deve assumir na alimentação do planeta nas próximas décadas, pensando na grande oportunidade de o País ser produtor e exportador de alimentos prontos e semiprontos.
Nosso Departamento de Mobilidade e Logística, pioneiro no uso das redes sociais para o debate de questões técnicas, com um grupo de 45 técnicos, coordenado por Ivan Metran Whately, concebeu a proposta “Governança Metropolitana dos Transportes”, que mostra que a melhoria nas condições de mobilidade e logística nas Regiões Metropolitanas do Brasil – e, em particular, na de São Paulo, depende de urgente adoção de um modelo de autoridade metropolitana de transporte.
Em outro projeto, esse com a coordenação de Angelo Zanini, o Instituto articulou a formação de um grupo de “Escolas de Engenharia” para discutir e propor ações na formação das novas gerações de engenheiros. As reuniões são regulares e abertas às escolas que queiram contribuir. Já foram discutidos temas como novos modelos de educação, as novas diretrizes curriculares e o papel do Instituto na aproximação entre a academia e as empresas. Os encontros do grupo servem também como porta de entrada para que professores e estudantes participem das nossas Divisões Técnicas.
E como temos mais de 100 anos de história, decidimos colocar nossa experiência a serviço do futuro do País. Por isso criamos o programa “Mentoria a Serviço da Engenharia”. Coordenado por Luiz Fernando Portella, o programa abre espaço para a formação de mentores e para promover a transferência de conhecimento entre profissionais e estudantes de diversas áreas da Engenharia.
Também trazemos ao Instituto especialistas para debater a eficiência do Estado. O programa “Instituto de Engenharia Debate a Eficiência do Estado Brasileiro” é gravado na sede do Instituto e disponibilizado no site e nas redes sociais. Entre os diversos convidados, já recebemos Marcos Cintra, presidente da Finep, que tratou do assunto Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Tafner, pesquisador da FIPE-USP, que falou sobre a Reforma da Previdência, e Gil Castelo Branco, fundador da Associação Contas Abertas, que trouxe para a pauta a Transparência dos Gastos Públicos.
No dia internacional da Mulher de 2017, organizou-se no Instituto um grupo muito especial, chamado “Mulheres na Engenharia e na Tecnologia”. Coordenado por Flávia Cruz, conta hoje com 95 pessoas, que se mantêm em contato pelas redes sociais e se reúnem mensalmente na sede do Instituto com o propósito de valorizar a atuação feminina nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática.
Por meio de sua Câmara de Mediação e Arbitragem, fundada em 1999, e que tem André Stegall Gertsenchtein como diretor-superintendente, o Instituto de Engenharia colabora com a sociedade civil, disseminando métodos alternativos de solução de disputa, como Arbitragem, Mediação e Dispute Boards, ferramentas que permitem que litígios complexos tenham soluções mais rápidas e técnicas, evitando longas batalhas judiciais e paralisações de contratos.
Nesse ano, o Instituto deu seu primeiro passo no mundo das videoconferências e hoje nossos associados já podem participar ativamente das Divisões Técnicas de qualquer local do planeta e até mesmo aqui de São Paulo, quando quiserem evitar o trânsito da cidade. Apostamos que esse movimento revolucionará a história do Instituto, se levantarmos os recursos necessários para ampliá-lo.
Por fim, visionário e com olhos para o amanhã, concentramos nossos esforços no projeto “Instituto de Engenharia do Futuro”. Coordenado por Victor Brecheret Filho, tem como objetivo promover os estudos dos impactos derivados do crescimento populacional exponencial e os recursos disponíveis no planeta, confrontados com a expansão do conhecimento humano.
Quando o Instituto de Engenharia foi fundado em 1916, o mundo tinha um bilhão e meio de habitantes. Cinquenta anos depois, em 1966, tínhamos dois bilhões e meio. Nos cinquenta anos seguintes, em 2016, chegamos aos sete bilhões e meio. E o mundo é o mesmo. Já estamos enfrentando grandes estresses em diversos aspectos, como megacidades, lixo nos mares, energia e falta de alimentos, entre outros.
Além desses projetos que acabo de citar, existem outros temas que estamos organizando, como: meio ambiente, extração do pré-sal, saneamento e segurança alimentar.
Todas essas iniciativas, assim como os cadernos especiais que vocês vão receber na saída desse evento, são o início de um longo processo. A partir desses conceitos básicos, temos a missão de levá-los ao governo, à iniciativa privada e à mídia para apresentá-los, cobrar providências e acompanhar seu desenvolvimento, enfim, transformá-los em realidade.
Essa é a missão do Instituto de Engenharia e cada um de vocês pode nos ajudar.
E, para fazer isso MELHOR e MAIS RÁPIDO, precisamos:
- do seu apoio como pessoa física e como pessoa jurídica
- do seu tempo e, também, do seu apoio financeiro.
O momento é de festa e celebração, quero, contudo, deixar uma reflexão:
Você que, como eu, acredita que podemos entregar para as próximas gerações um Brasil melhor do que aquele que recebemos, o que você pode fazer agora para apoiar o Instituto de Engenharia nessa missão?
Me procure! Minha sala está aberta.
Há 56 anos, prestigiamos os profissionais da Engenharia que tenham contribuído para o desenvolvimento do Pais.
Desse modo, face a nossa visão de futuro, de sustentabilidade e da melhoria da qualidade de vida da sociedade, o Instituto de Engenharia, ao escolher Roberto Rodrigues como Eminente Engenheiro do Ano de 2018, reconhece seu valor no setor do Agronegócio, na agricultura familiar, no cooperativismo e na educação.
O engenheiro Roberto Rodrigues tem um extenso currículo. Vou citar apenas alguns fatos, até para não “me sobrepor” ao discurso do engenheiro Pedro Parente que, hoje, tem a missão de saudá-lo.
Profissional de destaque na vida pública e acadêmica, é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas e embaixador especial da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Foi secretário de agricultura do Estado de São Paulo e ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Parabéns, engenheiro Roberto Rodrigues, nosso Eminente Engenheiro do Ano 2018. Espero que todos escrevamos juntos a história dos nossos próximos 100 anos.
Autor – Eduardo Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia.