Um veículo motorizado individual, com velocidade máxima de 20 km/h e que pode ser “dobrado” e carregado. O XD foi pensado como uma solução de mobilidade para complementar o transporte público, cobrindo pequenas distâncias, e para atender às necessidades de pessoas entre 53 e 71 anos de idade.
O projeto desenvolvido por uma equipe com estudantes da Escola Politécnica (Poli) da USP, em São Paulo, garantiu o prêmio Siemens PLM Software Excellence e a classificação em primeiro lugar na categoria Engenharia de Manufatura, em segundo na categoria Engenharia de Produto e em terceiro em Pesquisa de Mercado no Global Vehicle Development Project.
A competição ocorre anualmente entre as universidades participantes do Partners for the Advancement of Collaborative Engineering Education (Pace) e foi realizada em Michigan, nos Estados Unidos, entre os dias 22 e 25 de julho, durante o Fórum Pace 2018. Um dos requisitos para a participação é que os times fossem formados por alunos de diferentes países, entre instituições integrantes do Pace. O time da Poli foi formado por universitários da Índia, dos Estados Unidos e da Alemanha.
“Encontramos as outras equipes em um período de dois dias para desenvolver o projeto. Poderia acontecer de tudo, é um momento de tensão”, contou Marcelo Alves, professor de Engenharia Mecânica da Poli e orientador dos alunos.
Ele destacou que a competição é um reconhecimento para o grupo. “A avaliação é feita por pessoas da mais alta hierarquia. É a experiência de estar sendo avaliado não só por um professor, mas por alguém que é muito experiente na área em que o projeto se desenvolve.”
O veículo
A elaboração do XD passou por uma intensa pesquisa de mercado. Foram entrevistados 40 idosos na cidade de São Paulo sobre seus hábitos. Os dados mostraram que 86,67% deles possuíam smartphones e grande parte já utilizava aplicativos de transporte e mobilidade. A partir das informações, sugeriu-se que o veículo fosse utilizado em conjunto com um aplicativo com sistema de GPS para guiar o usuário até o destino desejado e permitisse o aluguel de um veículo e o contato com familiares e amigos, em caso de emergência.
Foram entrevistados também um geriatra, um especialista em shiatsu, um fonoaudiólogo e um neurologista para opinarem sobre a viabilidade do projeto e darem sugestões de adaptação.
A equipe projetou que o veículo poderia ser vendido tanto no Brasil quanto nos Países Baixos, uma região com idosos saudáveis, acostumados à tecnologia e a andar de bicicleta e bicicleta elétrica. A projeção de vendas do grupo, somando as duas regiões, ficaria acima do milhão de máquinas.
O design foi pensado em torno da portabilidade e de uma estética moderna e os principais materiais utilizados no protótipo foram poliestireno, plástico com reforço de vidro e alumínio, sempre priorizando a reciclabilidade do produto final. O XD ocupa 0,088 m³ quando dobrado e seu preço ficaria em torno de U$ 753,40, com margem de lucro inicial de 10%, podendo chegar a 19% a longo prazo.
Entre as dificuldades encontradas para a realização do projeto, o professor Marcelo cita principalmente o de entender as demandas específicas do público-alvo. “Como um jovem de 20 anos, que está no auge da maturidade física e visual, vai entender a cabeça e as limitações físicas de uma pessoa idosa? Como ele vai projetar um dispositivo voltado para um público tão distante da realidade dele?”, explicou.
O Brasil é o único país da América do Sul que participa do Pace – a Poli ingressou em 2005 como a primeira escola brasileira selecionada pelo programa. As universidades são equipadas com softwares e laboratórios, oferecidos por empresas participantes. A Poli possui quatro laboratórios equipados pelo programa, com estações de trabalho e softwares para conceber, projetar e fabricar veículos.
Fonte Jornal da USP