No dia 10 de abril de 1866, o Tenente Coronel João Carlos de Villagran Cabrita foi atingido por uma bala de canhão durante uma batalha. Ele estava à frete do Exército Brasileiro como Tenente-Coronel do 1º Batalhão de Engenharia de Combate, durante a Guerra do Paraguai. Além disso, se tornou o Patrono da Arma da Engenharia. A data de sua morte virou o Dia da Engenharia oficial no Brasil, como forma de homenageá-lo.
A Guerra do Paraguai
Para entender melhor o porquê desta escolha para o Dia da Engenharia, vamos relembrar a Guerra do Paraguai. Tudo começou quando um barco que transportava o então presidente da província de Mato Grosso foi preso pelo exército paraguaio. Isso aconteceu porque o presidente do Paraguai da época, o ditador Francisco Solano López, se opôs à intervenção brasileira que ajudou a por fim na Guerra Civil do Uruguai. López sonhava em formar o Grande Paraguai, que abrangeria parte da Argentina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Uruguai e o próprio Paraguai. Aquilo era o início da Guerra do Paraguai, que também ficou conhecida como Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra Grande. Foi o maior conflito armado internacional da América do Sul. De um lado estava o Paraguai e do outro, a Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra durou de de dezembro de 1864 a março de 1870.
O fim da guerra se deu com a morte de Lopez pelas mãos de um militar brasileiro. O Paraguai sofre consequências graves até hoje. Acredita-se que 75% da população paraguaia tenha morrido durante a guerra. Além disso, perdeu praticamente 40% do território para o Brasil e Argentina. Hoje o país é um dos mais atrasados econômica e socialmente da América do Sul.
A Arma da Engenharia
Por que o exército tem tanta importância para o Dia da Engenharia? Vamos entender melhor a Arma de Engenharia. Ela tem por missão auxiliar a Mobilidade, a Contramobilidade e a Proteção, além de prestar o Apoio Geral de Engenharia, um fator que multiplica o poder de combate das tropas. No Brasil, a Arma de Engenharia começou um pouco antes da chegada da Família Real, tempo em que a manutenção do território dependia da construção de fortificações militares que levassem as tropas portuguesas sobretudo ao longo do extenso litoral brasileiro. Chega junto com a Corte, o Real Corpo de Engenheiros, dando início à formação dos oficiais dessa Arma.
Além da Guerra do Paraguai, a Engenharia do Exército Brasileiro coleciona outros feitos importantes para a história do Brasil. Na 2ª Guerra Mundial, a primeira tropa brasileira a cumprir missão em território italiano foi a 1ª Companhia do 9º Batalhão de Engenharia. Já a Engenharia da Força Expedicionária Brasileira foi incansável na tarefa de manter em condições de trafegabilidade as estradas vitais ao desenvolvimento das operações, além de lançar pontes e limpar campos de minas traiçoeiras, dentre outras inúmeras missões.
Entre os destaques recentes está a participação da Engenharia Brasileira na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti. A BRAENGCOY(Companhia Brasileira de Engenharia de Força e Paz) é a principal responsável nos trabalhos de reconstrução do país, visando sua normalidade institucional e política.
Ao longo de todo o território brasileiro, as Organizações Militares de Engenharia da Força Terrestre executam diversas obras de interesse nacional, demandadas pelos órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Nesse sentido, têm contribuído para o desenvolvimento e para a segurança nacional, de forma permanente, há mais de cem anos, executando serviços nos setores de infraestrutura hidroviária, rodoviária, portuária, aeroportuária, além de trabalhos em prol do meio ambiente. Com esse propósito, o Exército emprega 11 Batalhões de Engenharia de Construção, espalhados por todo o Brasil.
O Dia da Engenharia é uma (merecida) homenagem
Durante a Guerra do Paraguai, existia a possibilidade de retomada da Ilha da Redenção, localizada no meio do Rio Paraná, por parte do exército paraguaio. Isso fez com que os engenheiros comandados por João Carlos de Villagran Cabrita trabalhassem incansavelmente. Foram apenas 4 dias de trabalho, desde a posse da ilha na madrugada de 6 de abril até a batalha no dia 10 de abril. O trabalho dos engenheiros do exército brasileiro foi essencial para a vitória. Dos 3.260 combatentes, 55 mortos eram brasileiros e 600, paraguaios. Infelizmente, entre as perdas estava Cabrita, atingido por uma bala de canhão. A alegria de vencer a batalha se contrapôs à tristeza de perder o líder que foi responsável pelo seu sucesso. O Dia da Engenharia é uma homenagem mais do que merecida a este bravo guerreiro!
Fonte Blog da Engenharia