Prof. Wânderson explica que, com o Smart Grid, o consumidor poderá conferir seu consumo de energia a qualquer momento
O conceito de Smart Grid, em português “redes inteligentes”, é dar mais autonomia e segurança para o consumidor, com menos interrupções de fornecimento de energia elétrica. Uma realidade na Europa há quase 20 anos, o conceito talvez não seja tão distante para o Brasil. Algumas concessionárias brasileiras de energia elétrica começam a investir em projetos com os mesmos recursos, como é o caso da empresa Bandeirantes de Energia, que implementa a tecnologia em Aparecida do Norte, no estado de São Paulo.
O novo conceito inclui garantia de fornecimento contínuo de energia elétrica e automatização da leitura de consumo e medidores digitais interligados pela Internet em tempo real. “Nessa nova configuração, o consumidor terá um papel mais ativo e poderá conferir seu consumo no momento que quiser”, explica o coordenador do cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Eletrônica, prof. Wânderson Assis.
A princípio, a mudança não deverá oferecer impactos tarifários para o consumidor, pois caso implemente o Smart Grid terá a possibilidade de utilizar fontes alternativas de energia, como a solar ou eólica, entre outras. Nessa configuração, não haverá apenas o consumo passivo, mas também a opção de gerar energia elétrica para uso próprio e até vendê-la às concessionárias. Todo esse trâmite será gerenciado pelo sistema. Por meio de um banco de dados, será possível visualizar a energia elétrica gasta anteriormente e em tempo real.
“Em caso de compra de energia elétrica, o cliente tem a opção de escolher entre pagar antes ou depois, semelhante ao sistema utilizado em telefones pré e pós-pago. No caso do pagamento antecipado, os “créditos” referentes à energia que sobrar no final do mês podem ser utilizados em outro momento, sem nenhuma perda para o consumidor”, acrescenta o coordenador.
Segundo Prof. Rocco um dos diferenciais da tecnologia é que o consumidor não ficará sem energia elétrica em caso de panes no sistema
A nova tecnologia também trará mudanças nas quedas de fornecimento de energia elétrica. O serviço minimizará o efeito de blackouts e os impactos para os consumidores, segundo o Prof. Alexandre Rocco, docente do curso de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia. “Na prática, as redes inteligentes possuem mecanismos que identificam perturbações no sistema interligado nacional e provêm em tempo real o isolamento do sistema em condições de emergência”, conta o Prof. Rocco. A continuidade do fornecimento de energia elétrica dá-se por meio de ilhas autossuficientes e a reconexão ocorre de forma autônoma, sem que o consumidor seja afetado.
Ainda segundo o Prof. Rocco, para que o Smart Grid chegue ao mercado brasileiro ainda existem alguns desafios tecnológicos e regulatórios que poderão ser superados em breve, devido aos investimentos das empresas brasileiras nesse nicho. Hoje, empresas tecnológicas, concessionárias de energia elétrica, outros segmentos da sociedade como centros de pesquisas, instituições de ensino superior e a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estão envolvidos no processo de realização do conceito e contribuem para a concretização dos benefícios.