Os engenheiros Tatsuo Suzuki e Wataru Ueda, formados no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), passavam por uma situação comum a muitos funcionários: suas ideias não eram ouvidas por seus chefes.
O que é incomum nessa história é o fato de que suas propostas poderiam ajudar a salvar mais vidas. Suzuki e Ueda trabalhavam em uma empresa que fabricava equipamentos de ventilação hospitalar, que são essenciais para pacientes em situações críticas.
“A gente começou a ver que poderíamos melhorar muito os produtos que eram fabricados na época, em termos de montagem, uso e confiabilidade dos equipamentos. Tentamos conversar, mas não conseguimos. Então, eu decidi sair e convidei o Tatsuo [Suzuki] a sair também, alguns meses depois”, diz Ueda. Seis meses depois, o engenheiro Toru Kinjo se juntou ao negócio, que se chamaria Magnamed.
O risco assumido pelos três empreendedores valeu a pena: a Magnamed exporta seu equipamento medicinal, chamado OxyMag, para mais de 50 países. O empreendimento estima salvar um milhão de vidas por ano, apenas em equipamentos vendidos para o transporte de pacientes em situação crítica.
No ano passado, o negócio faturou 34 milhões de reais. Para este ano, espera crescer tal valor em 40%.
Começo de negócio
“A gente adquiriu muitos conhecimentos e experiência no nosso antigo trabalho, mas queríamos devolver o resultado dos nossos estudos para a sociedade, ao abrir um negócio próprio”, diz Ueda.
O grande objetivo da Magnamed era projetar um equipamento de ventilação de emergência que resolvesse os problemas que os engenheiros costumavam ver como funcionários: peso, complexidade, custo e duração da bateria, por exemplo.
O empreendimento passou seus primeiros seis meses baseada na garagem da mãe de Ueda, no ano de 2005. Os empreendedores desenharam seu plano de negócio e pensaram nos próximos passos – o que incluiu a ideia de participar de um processo de incubação.
No ano seguinte, o projeto foi selecionado para integrar o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), baseado na Universidade de São Paulo. “Lá, começamos a realmente fazer a pesquisa e desenvolvimento do produto, colocando em prática nossa ideia de negócio.”
Foram dois anos de incubação, com pesquisas financiadas por entidades como CNPQ, Fapesp e Finep. O fundo de investimentos de capital semente Criatec, mantido com recursos do BNDES, fez outro investimento no negócio dos engenheiros: ao todo, cinco milhões de reais foram investidos na Magnamed naqueles anos.
O aporte do Criatec deu um novo fôlego ao negócio, que já se encontrava sem muitos recursos para continuar o desenvolvimento. No fim de 2008, o chamado OxyMag estava finalizado e a primeira fábrica na Magnamed foi montada, na Vila Mariana (São Paulo).