O ser humano é uma espécie viva dotada de inteligência e razão. Possui grande capacidade mental e habilidade para desenvolver utensílios e adquirir conhecimento. Ele é um mistério, uma surpresa, um desafio, ele tem que ser visto como um todo, ser compreendido na sua complexidade, ser visto como um ser biológico, psicológico, cultural, sexual, econômico, político e religioso.
Cada ser humano é único, apesar da influência do meio em que vive, ele tem as suas próprias características que o diferenciam de outro ser, ele tem um significado especial, sua existência não é um fato isolado, ele deverá ser o eu, o outro e o mundo, o ser humano deve respeitar a vida e as pessoas de forma geral.
Quando falamos em consciência, o ser humano é o único que sabe sobre si. Ao longo da humanidade ele foi se descobrindo e compreendendo o seu lugar no mundo, com erros e acertos, e sabe das consequências de seus atos. O ser humano é livre para fazer o que quiser.
Com isso, deparamos com a Ética, que é um conjunto de normas que regula o comportamento dos grupos humanos, ética é espécie de consciência moral, ela avalia nossas ações para saber se as mesmas são boas ou más, certas ou erradas. É o respeito pelo seu semelhante.
A Ética do ser humano deve ser incontestável, um conjunto de princípios cujo objetivo é servir como parâmetro para ações humanas, regular o convívio para que a sociedade possa ser cada vez mais humana.
Aprendi há uns 50 anos, com meu pai, que ser engenheiro é criar, construir, elaborar.
Do latim, engenheiro é um ser humano com formação técnico-cientifica que o torna capaz de resolver problemas tecnológicos, práticos e muitas vezes complexo, ligados à concepção, à realização e à implementação de produtos, sistemas ou serviços.
E me fez muito feliz em entender que a engenharia é a arte de aplicar os conhecimentos científicos ou empíricos à invenção em beneficio do ser humano.
O símbolo da engenharia é a Minerva, ela é protetora e companheira, deusa guerreira, mas, ao mesmo tempo, deusa da sabedoria e da reflexão.
Ela não vence seus inimigos pela força bruta, mas pelos ardis que inventa, pela astúcia e pela inteligência de seus estratagemas. Deusa guerreira, da sabedoria, das atividades práticas, mas também do trabalho artesanal de fiação, do espírito criativo e da vida especulativa, ela reúne aspectos fundamentais à formação do politécnico.
A Minerva sintetiza duas dimensões do trabalho do engenheiro: a criação, por um lado, e a execução, por outro.
Há 25 anos jurei que, no cumprimento do meu dever de engenheiro, não me deixaria cegar pelo brilho excessivo da tecnologia, de forma a não me esquecer de que trabalho para o bem do ser humano e não da máquina. Respeitaria a natureza, evitando projetar ou construir equipamentos que destruíssem o equilíbrio ecológico ou poluíssem, além de colocar todo o meu conhecimento científico a serviço do conforto e desenvolvimento da humanidade, bem como honrar o grau, que solenemente recebi, exercendo a profissão de engenheiro com ética, dignidade e respeito à vida. Assim sendo, estarei em paz comigo e com Deus.
E este ano ouvi meu filho e seus amigos também jurarem, e pensei que esse juramente poderia ter uns acréscimos, como: não se deixar cegar pelo brilho excessivo do poder, dos desmandos e da vontade de levar vantagem em tudo.
A definição do ser humano, o símbolo da engenharia e o juramento do engenheiro deixam clara a correta forma de agir dentro das boas práticas, para a honra e o orgulho da profissão que escolhemos.
Para a retomada da engenharia, não precisamos de novas leis, novas regras, novas condutas, mas precisamos urgentemente rever nossos conceitos de engenheiro e fazer um exame de consciência quanto a consequência de seus atos, um mergulho em nossa essência de ser humano, rever nosso livre arbítrio e, principalmente, entender o que é a Ética na sua totalidade.
Está dentro de cada ser humano -que solenemente jurou exercer a profissão de engenheiro com ética, dignidade e respeito à vida – retomar, reconstruir a engenharia, que é a arte de inventar em benefício do ser humano.