Dez associações da indústria do aço dos Estados Unidos, Canadá, México, América Latina, Europa e Turquia endossaram comunicado global sobre excesso de capacidade de produção de aço no mundo.
O documento reconhece que os desafios enfrentados pela indústria siderúrgica têm dimensão global e, por essa razão, precisam ser tratados por meio de um diálogo também em nível mundial e de caráter permanente.
O manifesto foi lançado após reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em abril, assinado pelos governos do Canadá, Estados Unidos, Japão, México, União Europeia, República da Coreia, Suíça e Turquia.
Houve consenso na avaliação de que, apesar de esses desafios do setor resultarem, muitas vezes, de problemas econômicos ou estruturais, há medidas que vêm sendo tomadas por alguns países que acabam contribuindo para o aumento do excedente de produção e distorções nos fluxos de comércio, além de práticas de concorrência desleal.
Braço de aço contra a China
O documento explicita uma queda de braço entre a China e o resto do mundo no campo da indústria siderúrgica.
O excesso de capacidade na produção mundial de aço alcança hoje cerca de 700 milhões de toneladas de aço, dos quais 400 milhões são da China. A OCDE prevê que, em 2017, o excesso de capacidade de produção siderúrgica chegará a 800 milhões de toneladas no mundo.
Segundo o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, a situação no Brasil é muito delicada, porque o mercado interno continua muito fraco.
Lopes disse que todos os países estão tomando providências de fechamento dos seus mercados para a exportação de aço da China. “E nós aqui, não”, lamentou. No momento, acrescentou, é importante que o Brasil esteja atento e tenha capacidade de, “ao identificar um novo surto de exportação siderúrgica para cá, consiga reagir a tempo de evitar maiores danos”.
Há 15 anos, a China entrou com protocolo de acesso na Organização Mundial do Comércio (OMC) e entende que esse acesso é automático ao fim desse prazo, que termina no dia 12 de dezembro próximo. O IABr e as demais entidades internacionais do setor entendem que o acesso não é automático. Caberá à OMC resolver essa disputa.
Crise no setor siderúrgico brasileiro
O IABr aponta que o setor siderúrgico brasileiro vive a pior crise de sua história. Essa crise vem se agravando devido a fatores estruturais, como custo de energia, custo tributário, cumulatividade de impostos, juros e câmbio.
Dados do instituto mostram que a produção siderúrgica brasileira, acumulada nos três primeiros meses deste ano, somou 7,4 milhões de toneladas de aço bruto e 5,1 milhões de toneladas de laminados, com redução, respectivamente, de 12,3% e 17,5% em comparação a igual trimestre de 2015.
As vendas de laminados no mercado interno caíram 23,3% entre janeiro e março e a de semiacabados, 7,3%. Do mesmo modo, o consumo aparente nacional atingiu 4,3 milhões de toneladas no primeiro trimestre deste ano, revelando queda de 29,3% em relação aos três primeiros meses de 2015.
Autor: Agência Brasil