O Instituto de Engenharia ao longo de sua existência, cujo centenário orgulhosamente comemoramos este ano, nunca se furtou a se pronunciar abertamente e com ações acerca dos grandes temas nacionais que afetam a vida de todos os brasileiros.
Foi assim em 1932, ano da Revolução Constitucionalista em que os paulistas lutaram em favor da restauração do regime constitucional no Brasil.
Já em 1931, dando cumprimento a uma decisão unânime da Assembleia Geral Extraordinária o Instituto de Engenharia enviou ao chefe do Governo Provisório, Getulio Vargas, uma moção em que apelava para uma ação decisiva no sentido de ser convocada uma Assembleia Nacional Constituinte no mais curto de prazo possível. Esta foi seguramente a primeira manifestação de uma associação brasileira naquele sentido::
“O Instituto de Engenharia de São Paulo, em assembleia realizada a 23 de abril de 1931, atendendo as grandes responsabilidades em que incorrem no momento presente todos os órgãos da opinião pública, que não podem silenciar quando se acham em jogo os destinos do país, tendo em conta a necessidade inadiável de trazer às forças produtoras do Brasil o sentimento de segurança e confiança, sem o qual é ilusório pensar em um reerguimento econômico e, considerando-se que o regime anormal, imposto pelas necessidades da hora revolucionária, não pode ser prolongado sem graves danos às atividades vitais, ao crédito, e ao patrimônio moral do país, deliberou apelar com respeitosa insistência para a ação decisiva de V. Excia. no sentido se ser convocada a Constituinte no mais curto prazo possível”
Ainda em virtude de decisão da mesma memorável Assembleia Geral, o Instituto de Engenharia enviou conjuntamente com o Instituto da Ordem dos Advogados e com a Sociedade de Medicina e Cirurgia a cada uma das associações de classe do Estado de S.Paulo um ofício solicitando o seu concurso em prol da redemocratização do Brasil.
Não havendo, contudo, por parte do governo federal o compromisso de se outorgar uma nova Constituição para o Brasil irrompeu a luta armada em 1932 na qual o Instituto de Engenharia teve papel preponderante, inclusive com vários de seus associados que se sacrificaram com suas própria vidas por um ideal nobre combatendo por um pais constitucionalizado, no dizer de Artur Morgan.
A grave situação política institucional por que passamos hoje tem merecido por parte do Instituto um posicionamento firme. Tanto é que já em abril de 2015, o Instituto juntamente com outras entidades irmãs de vários estados divulgaram um manifesto acerca do momento que atravessa a engenharia brasileira devido a falta de planejamento no setor público e a não utilização da engenharia, com a contratação de obras sem estudo de projetos favorecendo os desvios e gerando problemas de toda ordem.
Neste documento é lembrado que a ”Nação Brasileira conseguiu desenvolver uma Engenharia de ponta, responsável por projetar e construir toda a infraestrutura do País e que acumulou tecnologia com competitividade excepcional, inclusive ao nível internacional”