Projetos de vila residencial e bicicletário são os grandes vencedores do Prêmio Ebramem/WWF de Arquitetura em Madeira

Um empreendimento imobiliário formado por casas feitas de madeira, e a ideia de um bicicletário feito inteiramente do mesmo material, foram os grandes vencedores do Prêmio Ebramem/WWF de Arquitetura em Madeira-concurso realizado nos últimos meses e que premiou projetos arquitetônicos, de engenharia e urbanísticos que utilizassem madeira de forma extensa, nobre e sustentável.

A divulgação dos vencedores e a cerimônia de premiação ocorreram na última sexta-feira, dia 11, em Curitiba (PR).

A proposta vencedora da categoria profissional foi a Vila Tanguaí, de Carapicuíba, em São Paulo. Idealizada pela arquiteta Cristina Xavier com apoio da construtora ITA – uma das maiores e mais importantes a trabalhar com madeira no Brasil – ela consiste em uma vila formada por oito casas feitas completamente de madeira. “Esta é uma ideia nova e diferente no mercado imobiliário paulistano”, disse Cristina.

Alto padrão

Membro da banca julgadora, a arquiteta Andrea Berriel enumerou os méritos do projeto. “Ele teve início com uma demanda da própria ITA, de aproveitar resíduos de madeira vindos de áreas de manejo. Ele possui um nível elevado de qualidade técnica, tem alta qualidade plástica e é muito racional no que diz respeito ao uso de recursos naturais”, afirmou.

As residências da Vila foram construídas sob determinados padrões de sustentabilidade: elas possuem painéis solares, estações de tratamento de esgoto, sistema natural de drenagem e foram construídas de modo a ser “harmonizarem” com o ambiente ao redor, uma área deflorestas na periferia da região metropolitana de São Paulo.

Cristina, a arquiteta responsável pelo projeto – que mora numa das casas da Vila Tanguaí – contou que ficou muito feliz com a premiação. Ela lembra de ter lido o edital do Prêmio Ebramem/WWF de Arquitetura em Madeirae ter pensado que o projeto da Vila se encaixava perfeitamente no regulamento do prêmio.

Opção radical

“Quando desenhamos o projeto, fizemos uma opção radical pela sustentabilidade, pelo uso de tecnologias renováveis e pela criação de algo novo e diferente, que refletisse esses valores. Achamos que ele se encaixava bem com o que o prêmio pedia”, afirmou.

Como prêmio pelo primeiro lugar na categoria profissional, Cristina e sua equipe ganharam uma viagem para Viena, na Áustria, no mês de agosto, para participar do World ConferenceonTimberEngineering (WCTE) – ou “Conferência Mundial de Engenharia de Madeira”, em tradução livre. O WCTE é o mais importante encontro europeu sobre uso da madeira na arquitetura e engenharia.

Terminais

A ideia vencedora na categoria estudante foi o projeto de um bicicletário feito totalmente de madeira. Responsável pelo projeto, a estudante Karina Kimura contou que ela e seus colegas – a equipe responsável possuía outros 4 alunos – pensaram que é preciso qualificar a discussão que existe hoje no Brasil sobre terminais de meios de transporte.

“Mesmo em Curitiba, que é considerada uma referência nesse assunto, existem problemas de superlotação de ônibus, por exemplo”. A forma que eles encontraram de endereçar este problema foi propor a construção de um novo modelo de bicicletário.

“Nosso projeto trata de uma construção sustentável. Por isso, dispensamos o uso de pregos e químicas, para valorizar a madeira, possibilitar a construção dessa estrutura em oficinas locais e disseminar essa ideia de construções mais agradáveis ao meio ambiente”, disse.

Protagonista

O prêmio para a categoria estudante é uma viagem a Santiago do Chile, onde Karina e um acompanhante vão realizar uma série de visitas a faculdades e escritórios de arquitetura daquele país – que é mundialmente conhecido como exímio utilizador de madeira em seus projetos.

O coordenador da premiação, o arquiteto Marcelo Aflalo, lembrou que foram inscritos 45 projetos na categoria profissional e 7 projetos na categoria estudante. Ele afirmou que, de modo geral, todos os projetos tiveram alto nível. “Focamos em projetos em que a madeira fosse a protagonista, tanto no desenho, quanto na linguagem e nos critérios de sustentabilidade”, explicou o profissional.

Jurados impressionados

O analista de conservação do WWF-Brasil, Ricardo Russo, contou que prestigiar a madeira de boa origem, legal e certificada, é trabalhar pelas questões ambientais.

“Estamos vivenciando uma situação de mudanças climáticas em que as soluções sustentáveis estarão cada vez mais presentes no nosso dia a dia. A madeira é o material sustentável por definição e ela pode, por exemplo, gerar emprego e renda na Amazônia. Espero que possamos continuar, enquanto WWF-Brasil e signatário do Programa Madeira é Legal, apoiando este prêmio e que nos próximos anos estejamos aqui prestigiando outros projetos”, afirmou

Autor: Assessoria de Imprensa