Biorretenção combate enchentes e limpa a água

O sistema é barato e não interfere na paisagem local, podendo ser usado em áreas com tráfego intenso de veículos. [Imagem: Loide Angelini Sobrinha/UFSC]

Seguro contra enchentes

Engenheiros da USP de São Carlos (EESC-USP) estão desenvolvendo um sistema de drenagem de água de chuva alternativo que pode contribuir para minimizar o problema das enchentes nas cidades.

As estruturas, chamadas tecnicamente de sistemas de biorretenção, funcionam como um reservatório para o amortecimento da água da chuva, armazenando-a por um determinado período de tempo de modo que possa posteriormente infiltrar ou ser absorvida naturalmente pelo solo.

Há grandes vantagens em relação aos tradicionais “piscinões”, sendo uma das principais o fato de que esses sistemas podem ser instalados em unidades menores, até mesmo residenciais.

“O sistema permite captar a água da chuva antes de ser lançada diretamente em um rio ou córrego de uma cidade, por exemplo, para que possa ser tratada previamente e infiltre no solo com velocidade e volume adequados, diminuindo o risco de inundações. Por isso, pode ser útil para a prevenção de enchentes”, disse Altair Rosa, participante do projeto.

Sensores de poluentes

A solução de drenagem consiste na construção de filtros subterrâneos permeáveis, compostos por camadas sobrepostas de grama, areia, brita e manta geotêxtil. Além de deter temporariamente volumes excessivos de água durante chuvas muito fortes, o mecanismo permite reter poluentes.

A camada superficial do sistema, composta por vegetação, permite reter a água da chuva de modo a não causar problemas de erosão. Em conjunto com as camadas de areia, brita e a manta geotêxtil, a camada de vegetação também auxilia na retenção de poluentes carreados pela água da chuva.

“Ao passar por essa série de filtros, a água da chuva torna-se cada vez mais tratada antes de chegar ao lençol freático”, detalhou Altair.

Para monitorar a qualidade e quantidade da água escoada, os pesquisadores instalaram sensores na entrada e na saída do sistema de biorretenção, além de um sistema de transmissão de dados em tempo real a fim de possibilitar o controle do funcionamento.

“A ideia do uso desses sensores é que, com o advento de tecnologias voltadas a tornar as cidades inteligentes, no futuro próximo seja possível que os próprios cidadãos ou moradores de um edifício, por exemplo, controlem o tratamento da poluição da água por esses sistemas de biorretenção”, afirmou Eduardo Mário Mendiondo, pesquisador responsável pelo projeto.

Os sensores de monitoramento mostraram-se capazes de medir com bastante precisão os níveis de metais e substâncias, como nitrito, nitrato e fósforo na água recebida pelo sistema.


Os engenheiros estão avaliando vários métodos de construção do sistema. [Imagem: Loide Angelini Sobrinha/UFSC]

Vantagens da biorretenção

De acordo com os pesquisadores, algumas das vantagens do sistema alternativo de drenagem de água e biorrentação incluem o fato de ele poder ser modificado e expandido de acordo com o grau de urbanização de uma determinada área, ser barato, não interferir na paisagem local e ajudar a controlar a poluição em áreas com tráfego intenso de veículos, uma vez que os poluentes são carreados pela água da chuva escoada para o sistema.

Além disso, também pode servir para outros finalidades, como tratamento de efluentes, e ser usado em conjunto com os sistemas de drenagem urbana usados hoje nas cidades, baseados em canalizações.

“Em vez de colocar só um bueiro em uma via, por exemplo, é possível associá-lo a esse sistema de drenagem alternativo, que permite não somente escoar essa água da chuva, como também fazer com que se infiltre ou seja absorvida pelo solo e retenha parte da poluição que é gerada na bacia em razão da constante urbanização”, disse Mendiondo.

Autor: Inovação Tecnológica