Apesar de serem episódios tristes da história da humanidade, as guerras do século XX impulsionaram diversas tecnologias e trouxeram uma série de recursos que, eventualmente, foram incorporadas ao nosso dia a dia. Porém, é claro que o setor que mais se beneficiou dessa evolução foi o de armamentos. Além dos Estados Unidos, a antiga União Soviética – formado por Rússia e uma série de países da região – foi uma das principais responsáveis por isso, desenvolvendo sistemas bélicos que parecem ter saído diretamente dos filmes.
Tanto a campanha da 2ª Guerra Mundial como os anos de Guerra Fria – o conflito ideológico e econômico entre as duas grandes potências mundiais da época – parecem ter sido bastante frutíferos para os criativos engenheiros da então temida nação soviética. Durante esses períodos, a repartição militar do conglomerado conseguiu emplacar projetos utilizando o clássico conceito de “pensar fora da caixa” e criou algumas das armas mais estranhas do mundo moderno. O pior? Muitas delas se mostraram bastante efetivas nos conflitos.
Abaixo, é possível conferir dez dos mais inusitados e inovadores armamentos projetados pelo exército soviético. Como se a lista não bastasse para demonstrar a engenhosidade dos humanos em tempo de guerra, também server para provar que, para a União Soviética, a disputa pelo domínio mundial – e por defender suas terras geladas – foi muito além da criação de um programa de manipulação mental de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões).
1) Cosmético fatal
Para começar a listagem, nada melhor do que apresentar um item que parece ter sido inventado para um longa-metragem do James Bond. Aqui, porém, em vez de o equipamento ser voltado para um agente secreto que conquista o coração das mulheres, os usuários da peça são as próprias moças. Chamado de “Kiss of Death” (“Beijo da Morte”), o batom – aparentemente inofensivo – escondia uma arma de fogo com um único projétil de 4,5 mm. Facilmente escondido, o brinquedinho era usado como último recurso pelas espiãs russas.
2) Altíssimo calibre
O medo de um ataque nuclear em larga escala – capaz de acabar com o planeta – foi uma das preocupações mais recorrentes durante o tempo da Guerra Fria. Ainda assim, a união Soviética também estava pensando em utilizar o seu poderio atômico em conflitos menores, e, para isso, criou o canhão 2B1 Oka. Capaz de atirar projéteis de 420 milímetros e 750 quilos a uma distância de até 45 quilômetros, o projeto acabou sendo descontinuado por causa de seu recuo violento, que costumava quebrar o chassis da arma após cada disparo.
3) Voo cego acima da barreira do som
Desenvolvido para bater de frente com o XB-70 Valkyrie norte-americano, o bombardeiro soviético Sukhoi T-4 era capaz de carregar a morte a uma velocidade superior à Mach-3 – três vezes maior que a do som. Para resistir a esse tipo de voo, a aeronave tinha uma estrutura de titânio e aço inoxidável e um sistema de navegação inovador. Além disso, o piloto precisava conduzir às cegas o veículo e recorrer ao uso de instrumentos durante o trajeto supersônico, já que, nesses momentos, o nariz do T-4 cobria completamente o cockpit – incluindo as janelas.
4) Voando no espaço
Outro avião que deu as caras durante a Guerra Fria foi o MiG-105, que, décadas antes dos projetos da Virgin Galactic, já conseguia fazer voos em altitudes inimagináveis na época. Resposta aos planos dos EUA com seu X-20 Dynasoar, o veículo fazia parte do projeto Spiral, que tinha como objetivo dominar completamente o espaço aéreo antes de seus oponentes. O MiG-105 chegou a fazer uma série de decolagens e aterrisagens de sucesso durante as décadas de 1960 e 1970, mas acabou sendo aposentado por conta dos altos custos.
5) Gigante submerso
Mais um item que fez parte das respostas da União Soviética a iniciativas dos Estados Unidos, o submarino Akula foi criado para enfrentar o poderoso Ohio. O veículo submerso, conhecido pelo apelido de “Typhoon” (“Tufão”), é simplesmente o maior submarino já construído na história. Ao longo de seus 175 metros de comprimento, a tripulação podia se dividir em cinco grandes compartimentos pressurizados e disparar até 192 mísseis – além de seis torpedos. No entanto, por ter sido criado no fim da Guerra Fria, o Akula não foi usado em combate.
6) Contrainteligência móvel
Com os submarinos se popularizando no período da Guerra Fria e se tornando capazes de alterar os cursos da guerra – principalmente com o disparo de mísseis com ogivas nucleares –, a detecção e destruição deles se tornou tão importante quanto fabricá-los. Assim, a URSS desenvolveu a mais avançada arma antissubmarina da época, o VVA-14.
Com uma aparência bizarra, o avião também servia como veículo anfíbio e podia fazer decolagens verticais diretamente da água – graças a um poderoso conjunto de 12 motores. Apesar de ser um sucesso absoluto nos testes, o projeto foi descontinuado e deu lugar a modelos mais simples de aeronaves do tipo ASW (anti-submarine warfare).
7) Peso-pesado sobre esteiras
Com conceito introduzido inicialmente pelos britânicos, o tanque superpesado caiu nas graças dos engenheiros soviéticos rapidamente durante a 2ª Guerra. Prova disso é o desenvolvimento do T-35, uma estação de guerra móvel equipado com um canhão e quatro outras estações de disparo – entre canhões menores e metralhadoras. Lento e com armadura relativamente leve, o tanque só teve sucesso ao ser usado de forma estática durante à invasão nazista ao atual território russo, mitigando boa parte de suas fraquezas e se aproveitando do alto poder de fogo.
8) Sem escapatória
Elaborado durante o calor da luta contra Hitler e seus comandados, o Tu-2Sh Fire Hedgehog é uma modificação feita sob medida em cima do bombardeiro Tu-2 original. Para aumentar o poderio da aeronave, os militares ocuparam o compartimento de bombas dela com um dos conjuntos de armas de fogo mais bizarros já concebidos: um arsenal único combinando 88 metralhadoras. O kit inusitado – que lembrava um ouriço (ou “hedgehog”) – conseguia expelir até 72,9 mil projéteis por minuto, mas, mais uma vez, acabou não sendo utilizado na guerra.
9) Guarda-morte
Algo que poderia fazer parte do arsenal do filme “Kingsman: Serviço Secreto”, o item conhecido como “Guarda-chuva Búlgaro” é tido como uma das armas mais letais da União Soviética – e a preferida de muitos integrantes da KGB. Parecendo um guarda-chuva convencional, o objeto tinha uma ponta perfurante que, ao entrar em contato com o corpo do alvo, disparava uma minúscula bala contendo ricina – poderosa toxina extraída da mamona. O escritor Georgi Markov, morto em Londres em 1978, é o único caso conhecido de assassinato com a arma.
10) Você quer brincar na neve?
Conhecido por seu inverno impiedoso, a União Soviética ganhou várias de suas batalhas simplesmente por atrair os inimigos para dentro de seu território. Claro que os engenheiros soviéticos também ajudaram a tornar isso verdade, desenvolvendo veículos capazes de cruzar rapidamente longas distância pelo terreno nevado: os Aerosanis.
Misturando carcaterísticas de tanques e equipado com motores de avião, esses trenós nada convencionais permitiam uma vantagem considerável em missões de reconhecimento e comunicação
– apesar de também poderem entrar em batalha. Entre os modelos mais populares do projeto, se destacam o leve RF-8 e o poderoso NKL-26, que trazia uma metralhadora à tiracolo.
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Como dá para ver, as guerras em que a União Soviética e posteriormente a Rússia participaram acabaram moldando muito do trabalho feito por seus engenheiros e cientistas. Não raro, essa mão de obra criativa acaba encontrando um novo lar – ou refúgio – em outros países, como os Estados Unidos e a Inglaterra, passando a produzir armas e outros equipamentos bélicos para os seus antigos inimigos. E aí, o que achou desses projetos de guerra dos soviéticos?
Autor: Tecmundo