As discussões destes temas tem despertado a maior atenção e está na crista da onda de toda comunidade que milita na área de transportes sobre pneus.
Recentemente foi publicado no início de Junho de 2015, pela Secretaria de Transportes do Município de São Paulo, consulta publica para licitação, sob regime de concessão, da outorga do Sistema de Transporte Publico de passageiros na cidade de São Paulo.
Esta concessão está prevista para um prazo de 20 anos com possibilidade de extensão do contrato por mais 20 anos, subdividido em três grupos de atuação: Estrutural, Local de Distribuição e Articulação Regional.
Existem hoje circulando pela cidade de São Paulo 14.000 ônibus que transportam em 10 milhões de viagens / dia cerca de 6 milhões / dia de pessoas.
Em síntese, a licitação prevê a mudança de tipologia da frota (transportes de maior capacidade – biarticulado e super articulado), 9 áreas de articulação regional onde os ônibus irão fazer ligações com metrô / ferrovia e 13 onde atuam as empresas permissionárias, em trajetos da periferia para atendimento local. A forma de remuneração muda pouco. Das linhas propostas, a maioria é existente com poucos trajetos novos. O edital prevê, como novidade, a criação de sistemas operacionais centralizados, que supervisionarão a circulação de todos os veículos, contudo não define um cronograma para substituição da frota por veículos limpos previstos na Lei de Mudanças Climáticas.
Esta lei promulgada em 2009, previa que até 2018 toda a frota de ônibus da cidade deveria ser trocada por veículos tracionados por combustíveis de energia limpa, não fóssil, em uma proporção de 10% ao ano.
Enquanto isto, outros países do mundo, em atendimento a legislação ambiental cada vez mais rigorosa, estão celeremente desenvolvendo novas tecnologias de tração: ônibus a hidrogênio, elétrico a bateria e a indução eletromagnética entre outras.
A UITP- União Internacional de Transporte Público, sediada em Bruxelas, coordena o desenvolvimento de vários projetos na Europa, sendo o mais importante o ZEUS (Sistema de ônibus urbano com emissão zero), que conta com 40 apoiadores em diversos países, e que visa testar alternativas de soluções em veículos elétricos, com investimento de EU$ 22,5 milhões, entre 2013 e 2017. Existem, no momento, vários veículos sendo testados com várias alternativas naquele continente dentro deste programa.
Empresas em Consórcio Internacional com participação da EMTU-Empresa Metropolitana de Transportes Públicos da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, com apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) estão rodando, atualmente, em fase de testes com três veículos a hidrogênio no Corredor ABD, sendo que em curto espaço de tempo em operação normal, com passageiros.
A mesma empresa pública testou com grande sucesso, em 2014, um ônibus puro a bateria, que percorreu 21.000 km durante 6 meses por um período de 1.100 horas, transportando 94.000 passageiros e deixando de emitir 47 toneladas de CO2. Este tipo de tecnologia está rodando em várias partes do mundo. Outra informação importante é de que um fabricante chinês está prestes a inaugurar fábrica na região de Campinas, que produzirá este tipo de ônibus no Brasil.
Não se pode deixar de mencionar os trólebus cuja tecnologia comprovada, pode perfeitamente suprir de imediato as necessidades ambientais de redução das emissões, em conformidade com a legislação prevista pela Lei de Mudanças Climáticas.
Está prevista que nestes próximos cinco anos o desenvolvimento da tecnologia de veículos limpos poderá oferecer vários modelos, para suprir as demandas do mercado e grande parte de nossos veículos de transporte público, contribuindo em muito para a redução da emissão de material particulado, muito prejudicial à vida humana.
Entre estes existe estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade em que é analisada a questão da poluição do ar no mundo em relação à saúde. Há uma perda precoce de 8 milhões de vidas no mundo pela poluição do ar sendo 3,7 milhões devido à poluição externa do ar e 4,3 milhões devido à poluição intradomiciliar. Somente na Região Metropolitana de São Paulo são 5.000 óbitos precoces por ano, além de milhares de internações causadas por problemas respiratórios relacionados à poluição atmosférica. A frota de ônibus responde hoje por 11,5% da emissão de material particulado na cidade de São Paulo.
O benefício financeiro e social através de menos gastos com internações e óbitos poderia ser investido de várias formas: pesquisa e desenvolvimento de outras tecnologias ou no incentivo aos operadores na aquisição de veículos de custo mais elevado, porém ambientalmente corretos, colaboração na melhoria da gestão de todo sistema pelos órgãos públicos.
Urge à nossa comunidade de engenheiros alertar e sugerir às autoridades que realizam a gestão do Transporte Público Municipal, para que incorporem tecnologias consagradas e inovadoras, a fim de reduzir imediatamente e de forma gradativa os veículos, que contaminam o ar e, assim, atender a lei de Mudanças Climáticas, estancando um dos maiores fatores da poluição e do efeito estufa e assim efetivamente contribuir para melhorar a qualidade de vida de nossa cidade.