Engenheiros têm mais chance num dos concursos mais cobiçados

Ótima notícia para os engenheiros que enveredaram para a área de concursos públicos. A engenharia é uma das áreas de formação universitária mais frequentes entre os aprovados em um dos concursos de nível superior mais cobiçados do Brasil: o da Receita Federal para auditor e analista.

A afirmação vem do professor da rede de ensino LFG, Roberto Caparroz. Segundo ele, concurseiros formados na área de exatas têm maior índice de êxito no concurso, notadamente os engenheiros. “Isso porque a prova, no fundo, exige um rigor técnico e lógico que não é muito difundido em outras áreas do conhecimento, como nas ciências humanas, por exemplo”, diz Caparroz, que além de professor, é auditor fiscal da Receita. “Na minha turma do curso de formação mais de 90% eram engenheiros”, diz.

E, se o assunto é o concurso da Receita Federal, qualquer vantagem competitiva é muito bem vinda. Nos últimos 5 anos, apenas 1,56% dos inscritos nos concursos foram aprovados. Foram mais de 260 mil interessados para quase 2 mil vagas, com salários que,atualmente, estão entre 9 mil reais e 15 mil reais.

Por isso, o tempo médio de preparação até a aprovação pode ser mais longo do que em outras seleções. “Casos bem sucedidos apresentam, em média, dois anos de preparação séria, que é um prazo factível, por conta da dificuldade do concurso”, diz o professor.
E seja qual for a área de formação universitária, o professor recomenda que nenhuma matéria seja negligenciada do plano de estudos.

“Com conteúdo bastante complexo e extenso, as questões de múltipla escolha exigem dos candidatos conhecimento aprofundado das matérias cobradas”, diz.

Vale destacar que a banca examinadora é a Escola de Administração Fazendária (ESAF), uma das mais temidas pelos concuseiros. “As perguntas são muito detalhistas e as alternativas semelhantes. Por vezes os enunciados não são apresentados com clareza”, diz.

De acordo com ele, quem começa a estudar todas as disciplinas do início tem maiores chances de sucesso. Por isso, engenheiros, advogados, economistas não se iludam: “a formação acadêmico-profissional não ajuda muito no mundo dos concursos. É comum vermos, por exemplo, advogados com maus resultados nas matérias jurídicas, porque os candidatos acham que já estão preparados, pois estudaram esses temas durante cinco anos de faculdade”, diz Caparroz.

Um plano de estudos que deu certo

A diferença entre a reprovação e a aprovação pode estar na estratégia adotada para a preparação. De acordo com o professor da LFG, o mais importante é estabelecer um cronograma de estudos com metas bem definidas. Foi o que ele fez até se aprovado com auditor fiscal, mesmo tendo pouco tempo diário para estudar.

“Elaborei um método de “desconstrução das questões”, ou seja, fazia muitos testes e depois estudava os temas que foram solicitados, porque as perguntas costumam se repetir”, diz Caparroz. Segundo ele, o método consistia em aprender com os erros, já que faltava tempo para a teoria, nas duas horas diárias de estudo.

“O que me ajudou muito foi trabalhar com a linguagem das questões, de forma que elaborei um método para identificar as alternativas corretas, em alguns casos, com base em técnicas que associam lógica e teoria da argumentação”, diz. Em geral, Caparroz não intercalava as matérias, para não gerar confusões e melhorar o nível de retenção dos conteúdos, segundo ele.

De acordo com o professor é bom levar em conta que a disciplina de direito tributário deve ser estudada com bastante rigor já que a base jurídica da atividade fiscal. Já as matérias mais “difíceis”, segundo Caparroz, são legislação aduaneira e legislação tributária. “O conteúdo é muito extenso e são temas que exigem do candidato outros conhecimentos prévios, como tributário, contabilidade e comércio internacional”, diz o professor.

Autor: Exame.com