CAPÍTULO 9
Loucuras da juventude.
Ao iniciar o curso superior, longe da casa dos pais, Nê, com seus parcos 17 anos, pensou estar experimentando a liberdade. Não fosse uma natural virtude, a de comprometimento e responsabilidade perante todos, inclusive consigo mesmo, Nê teria se perdido por completo, por conta da euforia.
Entretanto, há que se creditar este enquadramento à vigilância de Francisquinha. Por exemplo, logo nos primeiros dias da nova vida, houve uma festa de boas vindas aos calouros. Como soe acontecer, festa de estudantes se restringe a solenes bebedeiras e Nê, num porre formidável, se pôs a caminho de um hotel onde tinha se instalado, usando uma estradinha de terra que ele achava fazer chegar ao seu destino. Quando já estava amanhecendo, Nê acordou deitado na areia do meio da tal estradinha, incólume. Dispensável dizer que a anja teve que passar a noite ali, não é mesmo?
Nê foi bom aluno. Não faltava às aulas, completava os trabalhos fora de sala com cuidado e assiduidade, comparecia às provas e era aprovado nas matérias com boas notas de aproveitamento. A cada publicação das notas, Francisquinha dava suspiros de alívio! Ela não entendia como um garotão folgado, endiabrado e farrista, conseguia tais proezas. Mas foi assim. Nê nem pensava nisso, simplesmente ia fazendo as coisas ao longo das horas, dos dias, dos meses, dos anos.
Mal voltava da escola, no fim da tarde, já ia para o bar dos estudantes onde tomava umas cervejas, conversava com todo mundo, fosse gente da escola, fosse da cidade. Logo, logo, ficou muito popular e bem quisto. Mas popular mesmo, ele queria era ser no meio feminino. E foi ficando de olho, a catalogar as meninas mais bonitas. Abordava aquelas que melhor lhe pareciam, sem nenhum constrangimento. E, de sucesso em sucesso, foi arrumando uma namoradinha aqui e outra acolá. Certa ocasião, de férias na Capital, sentou-se a uma mesa de calçada, num bar elegante situado em rua movimentada, e lá passou horas a fio com uma prancheta nas mãos contando e classificando segundo certo grau de beleza, todas as mulheres que passaram à sua frente. O resultado foi surpreendente. Segundo sua escala classificatória, observou que 90 por cento delas era de mulheres feias em geral, abrangendo as feinhas, as feias e as horríveis. Constatou que uns 7 por cento era de bonitinhas, 2 por cento de bonitas, 0,8 por cento de muito bonitas e, pasmem, apenas 0,2 por cento de mulheres lindas ou maravilhosas. Quando diziam ser exagero, Nê ia perguntando sobre as bonitas que conheciam e os amigos tinham que concordar, a feiúra predominava soberana. Coisas de Nê…
Nos bailinhos das garagens, ao som do Ray Conniff, com os sobressaltos dos primeiros “amassos”, dos primeiros rostos colados, dos primeiros beijos, Nê não passava de um ingênuo, de um romântico. Sentia-se eterno e não sabia o que o esperava! E nutria grandes esperanças. De um grande amor, um espetaculoso casamento. De uma brilhante carreira profissional. Da fama. Do sucesso. Da riqueza. De fazer algo importante para a posteridade. O que aconteceu? Quase nada disso. Algumas coisas boas, mas também pequenos e grandes fracassos. Pequenas e grandes decepções.
Sempre que podia, principalmente quando lhe chegava o dinheiro da mesada remetida pelo pai, à noite Nê ia visitar “umas primas” para “trocar o óleo”, conforme eufemismos então vigentes. Mas também Nê tinha bom faro para se aventurar em programas não profissionais, designados na época por “amorzinho puro”. Neste ponto, Francisquinha, não conseguindo conter o ímpeto do rapaz, agia na colaboração parceira. Nê nunca foi infectado por doenças típicas da atividade.
Esta foi a rotina da vidinha de Nê durante três anos, até que então surgiu uma namorada de verdade, transtornando todo o equilíbrio da criatura.
Numa festa de aniversário, Nê a viu pela primeira vez. Corpo bem feito, sem angulosidades, rosto magro, cabelos negros e lisos, narizinho arrebitado e, principalmente, o expressivo fitar de olhos profundamente escuros, foram suficientes para ele se desinteressar nas outras garotas presentes.
Alguém os apresentou e foram poucas as palavras que trocaram. Noutra festa, a encontrou novamente e conversaram trivialidades e trocando apresentações pessoais. No final da festa, Nê conduziu em seu carro a garota bonita até a cidade. Foram em absoluto silêncio até a casa dela. A tensão era quase palpável, sentia-se no ar. A despedida deveria ser formal e rápida, mas houve um beijo caloroso. Iniciaram um namoro muito chegado, porém desequilibrado, porque a rendição de Nê foi incondicional e a da namorada não. De joelhos, rastejou entregue por meses a uma paixão avassaladora que marcou profundamente a sua vida, até que um dia, como era de se esperar, Nê foi dispensado.
Simples assim.
Francisquinha não sabia o que fazer para diminuir aquele sofrimento atroz que tomou conta de Nê. Seu trabalho de guarda redobrou, pois Nê falseou nos estudos, não perdia oportunidade para beber. Estava injuriado o coitado. Mas paciência, o plano inicial de Francisquinha continuou inexorável. Tôco haveria de chegar.
Um dia, quase dois anos depois, na volta das férias de julho, Nê estacionou seu fusquinha azul perto da praça onde as meninas faziam o anacrônico “footing” e para lá foi vê-las. Dentre elas, cruzou o olhar com uma lourinha bonita…
CAPÍTULO 10
Doçuras da juventude.
Tôco era uma típica moça da Capital. Do mesmo modo que as moças do Interior, tinha a sua “batota”, como assim designavam o grupo de amigos afins. Porém, na Capital, as “batotas” não se mesclavam.
Eram bastante estanques. E mais, sempre as pessoas saiam juntas, e, por incrível que pudesse parecer, o surgimento de namoros dentro da turma não era muito comum. No grupo mais reinava o sentimento de irmandade: um por todos, todos por um. O jeito era os rapazes buscarem namoradas em outros clãs. Coisa ancestral, exemplarmente descrita no rapto de Helena por Páris de Tróia. E os machinhos de cada turminha se arvoravam em defensores de suas donzelas. Ocorriam grandes brigas em bailes, decorrentes de algum rapaz ter “mexido” com garotas de grupos diversos.
Engraçado, não? Tudo obra dos anjos da guarda. Turminha de aloprados!
Tôco sempre foi afeita às artes plásticas. Decoração, porcelana e aquarela foram seus cursos preferidos. Fotografia foi mais que um deleite, tornou-se profissão por um bom tempo. Tôco dispunha de equipamentos de alta precisão, porém exigentes de muita técnica, e também de um laboratório completo para revelação das imagens e produção de documentação médica. Mais adiante, Tôco enveredou pela pintura a óleo sobre tela, consolidando sua qualificada e consagrada vocação de artista plástica. E vai daí que ingressou na faculdade de comunicação, na área de publicidade. Como sempre, dedicada e responsável, teve ótimo aproveitamento nas matérias cursadas.
Com mais idade, podendo freqüentar a vida noturna da Capital, quase sempre em grupo de amigos, Tôco deu vazão às suas danças. Pouco afeita a intimidades, nessa época, Tôco achou muito bem-vindo o “disco-dance” que, a rigor, era dança individual. O parceiro, à distância! Existiam danceterias grandes, médias e intimistas, além dos bailes e “brincadeiras” em clubes sociais. Tôco e sua turma, iam a todos esses lugares. Os rapazes da turma eram irmanados e ferozes defensores do sexo frágil.
Enquanto isso, invisível, Francisquinha aplaudia…
Nossa queridinha viajava bastante. Era companheirona de sua mãe, tanto nas viagens ao exterior, quanto nas de férias domésticas. Percebem a vigilância atroz?
Seletiva ao extremo, poucos rapazes interessados conseguiram se aproximar de Tôco. Teve um namoradinho pró-forma no fim da adolescência, com o qual conviveu mornamente por uns anos. Ele era, de certa forma, mais um escudo e uma desculpa contra o assédio dos malandros. Vocês têm dúvida quanto ao dedo da Anja Francisquinha nessa história?
Depois aconteceram mais dois namoros sérios, que também não fizeram tilintar os sininhos da emoção da paixão em Tôco.
Calma e serena, Tôco vivia feliz e Francisquinha a adorava. Bem que a anja gostaria que Nê, o eleito, sossegasse um pouco, mas ainda havia muito por acontecer….
CAPÍTULO 11
Profissão e responsabilidade.
Finalmente o curso superior chegou ao fim. Foram cinco anos de intensa dedicação e agora Nê iria ganhar a vida. Montou seu escritório na Capital. Começaram a aparecer os clientes e cerca de um ano depois tomou corpo a iniciativa. Nê estava com jeito e cara de homem de negócios. Seu comportamento mudou do vinho para a água. Com a Anja Francisquinha a acompanhá-lo mais de perto, seu espírito irrequieto assentou.
Nê já estava noivo daquela lourinha bonita com cujo olhar cruzou o seu numa noitinha de “footing” na rua da moda na cidade de interior onde estudou. Daquela “paquera”, como se chamavam os primeiros contatos, surgiu um namoro muito comprometido. Nê apaixonara-se outra vez. Não foi por mera distração da Francisquinha, mesmo porque, naqueles dias, estava muito longe, cuidando da Tôco numa viagem à Grécia. Teria de ocorrer. Este foi um caso típico da súbita mudança de costumes sociais ocorrida pelo mundo afora. Havia a pílula anticoncepcional e forte movimento de liberação feminina. O namorados recalcitravam, mas acabavam por ter o esperado relacionamento sexual que alguns pioneiros adotaram como praxe. Mas ainda havia nos jovens a percepção da gravidade de um
desvirginamento, e as contas a prestar aos pais e à sociedade em geral por conta de tal ato.
Evidentemente, Nê e sua noiva estavam em pleno fogo da paixão e se comprometeram ao casamento. E assim aconteceu.
Infelizmente, logo eles se deram conta que o relacionamento não ia bem. Ali não era um “chavão”. Ocorria verdadeiramente a proverbial “incompatibilidade de gênios”. A paixão tinha ido embora, mas eles ainda se gostavam. Pela natureza de suas criações, transmitidas por pais de geração ainda conservadora, ambos lutaram muito para manter o casamento. Entremeados por curtos períodos de bonança, vinham violentas tempestades no convívio do casal. Quase dez anos depois, renderam-se ao inevitável. Cumpriram mais um dos modismos dessa safra de uniões. Divorciaram-se.
Apesar de tudo, enquanto duraram as esperanças, Nê manteve-se fiel aos compromissos do casamento. Mas, já nos últimos tempos daquela etapa de sua vida, recomeçou a se interessar por outras mulheres. Numa das empresas que Nê freqüentava, havia uma linda funcionária, assistente de um dos diretores. Apesar de ter-se unido àquela bela loura, o tipo preferido de Nê sempre fora o das morenas de pequena estatura. Assim era aquela que despertou sua atenção. Cabelos negros, lisos e longos, caiam até metade de suas costas. Testa ampla, olhos escuros e vivazes demonstravam inteligência. O sorriso franco, exibindo dentes bem conformados, revelava simpatia e comunicabilidade. Mas essa percepção apenas ficou guardada em um compartimentozinho da cognição de Nê. Já eram as tramóias da Anja Francisquinha em ação!
O término do casamento foi muito doloroso para Nê. O gosto amargo da frustração. A dura sensação de incompetência. O vazio da perda do lugar físico em que vivia. O afastamento dos amigos que freqüentava. O distanciamento dos filhos que existiam. A perda do caminho de casa. Tudo isso lançou Nê em enorme depressão. Ficou perdido, em busca de algo que preenchesse aquele vazio. E ele ia tentando escapar das garras da amargura, buscando mulheres, fáceis ou difíceis, se enterrando exageradamente no trabalho e bebendo. Procurava se exibir aos outros de modo livre, leve e solto, como se dizia na época, com vergonha de que vissem toda aquela desdita. Estava até se acostumando a ser daquele jeito.
Mas….. Francisquinha um dia pensou: agora chega de Nê purgar suas besteiras e cabeçadas! Vou resolver esta questão. Agora ou vai ou racha, ora pois.
CAPÍTULO 12
Entrementes…
Tôco seguia calmamente os desígnios astrológicos. Senhora de si, conduzia seus namoros consoante suas convicções. Gostava de ter namorados como bons companheiros de passeios e danceterias. Mas, distância nas investidas mais intimistas era bom e ela gostava. Namorado quase era uma simples conveniência. Os prazos de validade desses relacionamentos equiparavam-se ao do “paté de fois gras”, curtíssimos.
Entretanto, houve um namoro mais longo, com um rapaz de boa qualidade, porém desinteressado em comprometimentos maiores. Embora Tôco nada exigisse, houve um dia em que o namorado percebeu que ali não haveria casamento e romperam. Tão serenamente quanto como começaram. Surpreendida, Tôco que pensava gostar muito dele, viu que não doeu nada a ruptura de tal namoro.
Houve outro caso duradouro, mas o comparsa era muito “folgado”. Aparecia e sumia de repente. Agia de modo desleixado e sequer conseguia disfarçar características do “mulherengo” que um dia foi constatado com fatos por Tôco. Foi a conta! Tôco o despachou solenemente…
Outros casos ocorreram e Tôco os resolveu com muita praticidade, também fazendo os incautos sumirem de sua vida. Um, porque era um “pau d’água” incontrolável. Outro, porque, vejam, era casado, fingindo-se de solteiro. Como bem diz o adágio, para moça solteira, homem casado é como “Fusca” velho, mais dia menos dia, a “deixa na mão”.
Em resumo, Tôco seguia livre, sem grandes dramas. Tinha lá seus desejos íntimos, não de se casar por casar, mas de um dia experimentar a paixão e, talvez, um grande amor, como diziam os romances, os filmes, as novelas e os circunstantes. E, a Anja Francisquinha, com seu plano secreto, gostava.
Tôco concluiu seus estudos e recebeu um convite para trabalhar em uma grande empresa. Aceitou.
Vivia desarvorando corações de homens da corporação. Não “dava bola” para nenhum. Foi em uma das visitas a tal empresa, que Nê a viu pela primeira vez, como já descrito para os leitores. Viu e gostou. Deve ter havido o “dedinho” da Francisquinha no desenrolar desta trama. Nê, ao contrário de seus modos, não “avançou” sobre Tôco. Pressentiu a inconveniência e não quis perder alguma oportunidade futura.
Eis que um dia, ao telefone, Nê, procurando falar com o chefe de Tôco, não resistiu à sua voz macia e “jogou um xaveco”, perguntando-lhe se aceitaria um convite para um drinque em algum fim de tarde.
Foi mal, pois Tôco logo disse que não poderia, com tanta determinação que Nê nem insistiu e até agradeceu a boa resposta. Nê já sabia que a segunda melhor resposta para se ouvir é “não”. Sem dúvida, a primeira melhor resposta é “sim”. Mas “talvez” é sempre péssimo…
Francisquinha entrou em pânico. Será que Tôco espantou Nê naquela oportunidade? Talvez a única?
Mas Tôco também ficou agastada consigo mesma. Justo aquele exemplar que chamara a sua atenção foi dispensado? Acontece que ela pensava que ele era casado. Não sabia de sua separação. Era melhor esquecer o episódio. Porém, Tôco não parou mais de pensar em Nê! E Francisquinha continuou tramando esperançosa…
CAPÍTULO 13
Desencontros e o encontro.
Livre, leve e solto. Assim imaginou-se Nê após o término do casamento. Afinal estava vivendo em outros tempos da sociedade e de novos usos e costumes, que Nê não usufruíra por conta dos dez anos de casamento, exato período em que, na sociedade, as relações amorosas ficaram flexíveis. Por ainda ser jovem, bonito e simpático, Nê era muito popular e requisitado pelas garotas em geral. Aproveitava esse prestígio, namorando bastante, variando sabores, aromas e texturas. Mas, por gostosa que fosse essa nova e surpreendente vida, em pouco tempo Nê começou a se enfastiar daquela situação. Acabou ficando muito rigoroso em suas escolhas. Sentia falta de algo tão glorioso quanto simples. Sentia falta do amor. Mas, pensava, haveria de se acostumar.
A Anja Francisquinha não se conformava. Ao que se soube muitos anos depois, foi ela que preparou uma certa artimanha.
Tôco continuava com Nê em suas cogitações. Como é que podia, naquela altura de sua existência tão regrada e, por que não, severa, estar “gamada” por um cara casado, com quem trocou no máximo dez palavras? Mas, pensava, o que fazer? Haveria de se acostumar.
Eis que, uma tarde, ouviu em uma conversa de rodinha no café da empresa que Nê havia se separado e que aquilo era mesmo definitivo. Era a intrometida da Francisquinha falando pela boca de outro. O temperamento decidido de Tôco imediatamente entrou em ação! Tôco foi ao telefone, ligou para o número de Nê e perguntou se aquele convite já relativamente distante ainda estava em pé. Claro que sim! Naquela mesma noite foram jantar, conversaram bastante, descobriram afinidades, gostaram do contato físico e selaram com um beijo já apaixonado, atentem bem, um compromisso de amor.
Fizeram uma deliciosa viagem pelo litoral, parando em lugares inusitados, quando lhes pareciam acolhedores e brincavam de “Sem Destino”, ou “Easy Ridder”, nome de um filme de grande sucesso em épocas passadas. Raríssimas foram as semanas em que não foram dançar. Tôco descobriu mais essa qualidade essencial em Nê. Ele gostava e dançava bem. Até que não deu mais para segurar. Nê perguntou meio tímido “quer casar comigo e vamos morar em Brasília”? No dia seguinte Tôco organizou tudo. Pediu demissão do emprego. Marcou a apresentação de Nê aos pais. As famílias se visitaram, houve uma festa e um mês depois já estavam morando juntos.
Cumpriu-se a profecia? Estava escrito nas estrelas? Quase, quase. Ainda levou algum tempo, mas, de fato, aconteceu.
CAPÍTULO 14
Nas estrelas.
Trinta e quatro anos depois, os dois estavam deitados de mãos dadas, conversando. Era um velho costume. Usufruiam-se um ao outro, bebendo sabedoria inata, desvendada pelo passar do tempo. Os filhos e os netos já tinham saído e a casa ficou silenciosa. Só deles.
Naquela noite puseram-se a fazer um balanço da vida essencialmente feliz que tinham tido e dos muitos episódios pelos quais passaram. Os alegres, os menos alegres e os desprezíveis. Deram-se conta do companheirismo e da cumplicidade que pontuou suas vidas. O apoio mútuo deles foi essencial para sempre reviverem os bons momentos e simplesmente ignorarem os fatos ruins que lhes tenham acometido, sem nenhuma necessidade de transigir, esquecer ou perdoar. Para quem dispõe de tanto amor, nada pode abalar seu bem estar.
Reconhecendo a potestade celestial, ponderaram as vitórias que tiveram nos grandes desafios que se lhes apresentaram. Foram tenazes nas buscas materiais, festejando o que conseguiram e acolhendo humildemente a perseverança apenas ocorrente nas lutas não vencidas. Cada um por sua vez, serenamente, venceu doenças pavorosas. Superaram vicissitudes. Livraram-se da lei da morte. Mas, sobretudo, viveram para valer os muitos momentos gloriosos de intensa felicidade que, a cada vez, de tão forte, era palpável.
Sabem por quê? Porque um cuidava do outro. Incondicionalmente. Um era o anjo da guarda do outro.
Sem que percebessem claramente, nossos quatro personagens passaram pela sagrada simbiose imposta pela suprema força, a do amor. Protetores se tornaram protegidos e protegidos, protetores.
Compreenderam-se pelo olhar, trocaram um beijo e disseram:
– “Boa noite, Francisquinha!”
– “Boa noite, Manuel!”
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