Senhoras e Senhores:
Vivemos ainda hoje as consequências de anos de baixo crescimento, de desencontros políticos, descontinuidades administrativas e por longos anos um verdadeiro apagão na engenharia.
Neste período tivemos poucas obras de infraestrutura, assistimos ao desmanche de empresas de infraestrutura com a perda de seus quadros e capacitações técnicas, a redução e mesmo a extinção de empresas de projetos e consultoria, que armazenavam e disponibilizavam toda a experiência técnica vivida no país.
Quando fazemos uma analise crítica destas ultimas décadas e nossa trajetória errática no caminho para o desenvolvimento, somos forçados a reconhecer que em grande parte ela ocorre por nossa própria culpa, sem grandes causas externas. Faltou gestão e faltou aquilo que nos é muito caro a nós engenheiros: racionalidade.
É certo que as economias europeias, americana e asiática ainda se ressentem da crise mundial de 2008 e 2009. De alguma forma, esta crise afetou nosso desempenho, mas nós também não fizemos direito a nossa parte.
Quando olhamos os quadros dirigentes das economias mais dinâmicas do globo, verificamos que elas são conduzidas por um grande número de engenheiros e se apoiam em um binômio: racionalidade que leva à competência e educação. Típicos da engenharia. E que não parece ser uma constante em nossos dirigentes maiores.
Neste momento o mundo está vivendo momentos delicados, que podem vir a se tornar um pesadelo para algumas nações ou oportunidades para outros. Em consequência do não acordo quanto à redução das cotas de produção de petróleo por parte dos países produtores e exportadores, o mundo está sobreofertado de petróleo, e seu preço têm caído de forma drástica.
Para aqueles países que vivem basicamente de sua produção e exportação, os tais petro-países, a situação é muito delicada. Poderemos ter agitações, alterações políticas, golpes de estado e até mesmo guerras.
Para nós pode ser mais uma vez uma excelente oportunidade de reorganizarmos nossa matriz energética, que tem sido muito mal tratada, com argumentos variados afetando a técnica e o resultado, como na concepção de importantes empreendimentos hidroelétricos.
Por outro lado o Pré-sal, a grande esperança, corre o risco de não se viabilizar com este patamar de preços do petróleo. São desafios imensos e que demandam intensa participação de engenharia e engenheiros nacionais. Não só não estamos preparados, mas também não valorizamos suficientemente nossa engenharia, que é quem pode aceitar estes desafios.
Entretanto, há um novo desafio a ser enfrentado pelo Brasil: reconstruir os fundamentos éticos da moralidade em todas as esferas do Estado nas relações com a Sociedade, hoje fortemente abalado. Não podemos continuar a assistir passivamente a corrosão dos valores e o desgate que atinge a Engenharia brasileira, da qual sempre nos orgulhamos.
Temos de recuperar o respeito da nossa profissão.
O Instituto de Engenharia, centenária entidade voltada à defesa da engenharia e dos engenheiros participa desta luta de capacitação e modernização. Estamos trabalhando no aperfeiçoamento de alguns assuntos que afetam o desenvolvimento e as relações de empresas com órgãos da Administração Pública, e que permitiram a nós enviar sugestões ao Congresso Nacional para racionalização e simplificação destas compras e das contratações.
Outro exemplo de nossas atividades está em um trabalho que vimos desenvolvendo com grande otimismo quanto às suas possibilidades e aplicações. Trata se da montagem da Plataforma do Conhecimento da Engenharia, que tem por objetivos, disponibilizar através de meios digitais, a maior quantidade possível de dados, recursos, informações e serviços relativos a todas as áreas de engenharia, com realimentação para as áreas de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico.
Estes são alguns tópicos de uma longa lista de momentos, situações e episódios pelos quais o país tem atravessado e também parte do esforço desenvolvido pelo Instituto de Engenharia. Mas esta lista também forma a moldura que nos levou a escolha de Romeu Chap Chap para o premio de Engenheiro do Ano.
Conforme a tradição desta casa, todos os anos é escolhido para receber este premio uma personalidade que além de seus méritos e qualidades pessoais, muito representa e contribui para a profissão e a vida deste pais.
Não é uma escolha fácil porque muitos são os que preenchem estes requisitos. E também porque o país atravessa um momento singular e difícil de sua história. Portanto a escolha tem que levar em consideração estas e outras variáveis.
Ele é basicamente um homem da iniciativa privada, um engenheiro e que muito realizou para o fortalecimento da indústria imobiliária, para a geração de empregos e para redução do déficit habitacional. Participou ativamente de inúmeras entidades de classe para defesa de seus ideais e da profissão.
E assim, por acreditarmos na livre iniciativa e na determinação na defesa de ideias que venham a contribuir de forma positiva para o engrandecimento de nosso país, o Instituto de Engenharia premia com sua maior láurea e muita justiça Romeu Chap Chap como o eminente Engenheiro do Ano de 2014.
Parabéns meu caro amigo, e receba os cumprimentos de toda a nossa comunidade e dos seus colegas de profissão.
Muito Obrigado.
Autor: Camil Eid