Com o esgotamento dos recursos hídricos próximos às regiões metropolitanas cada vez mais populosas é lícito buscar alternativas de reuso de água para atender ao menos demandas não potáveis de água visando preservar os mananciais protegidos para finalidades mais nobres.
Uma destas tecnologias é a separação de fases por meio de membranas de ultrafiltração cada vez mais utilizada em tratamentos biológicos em substituição aos decantadores secundários (sistema MBR (Membrain Bioreactor).
Entretanto, em se tratando de um processo de MBR para o tratamento biológico de esgotos sanitários ou despejos industriais predominantemente orgânicos algumas recomendações devem ser seguidas para o sucesso do empreendimento.
Trata-se, sem dúvida alguma, de uma tecnologia de ponta, até certo ponto com poucas referencias no cenário brasileiro e com muitas variáveis operacionais.Desta forma, sua adoção deve ser cercada de cuidados.
Inicialmente deve-se entender, e se possível “enraizar” em nossos conceitos, que MBR não é um produto mas um sistema que consiste na união quase perfeita entre separação fina de sólidos evolvendo o reator biológico (normalmente operando pelo processo de lodos ativados) mais a filtração por membranas. Isto posto, cabe aqui um alerta: MBR não é igual a uma filtração terciaria.
Assim sendo, o foco passa a se concentrar nos fatores que devem ser considerados na execução do projeto e na seleção do fornecedor da membrana.
Alguns destes fatores são imprescindíveis e vão fazer a diferença na seleção de fabricantes e principalmente nas garantias de performance (índice de qualidade, energia passivo ambiental (lodo) e espaço, todos relacionados ao volume de efluente tratado produzido).
Existe uma série de parâmetros que devem ser conhecidos e controlados. Alguns já fazem parte dos processos clássicos de tratamento, e que são chaves, como o tempo de retenção hidráulico (TRH ou SRT), relação entre alimento e microrganismos (A/M ou F/M) e teor de sólidos em suspensão voláteis (SSV), por exemplo.
Entretanto, existem outros parâmetros que na sua grande maioria são desconhecidos, ou pouco usuais, mas fundamentais no dimensionamento de sistemas MBR. São eles: pressão trans membrana (pressão exercida sobre a superfície da membrana – TMP) expressa em “kPa” ou “ bar”; fluxo permeado, definido como o volume que permeia a membrana por unidade de área e tempo, ou seja vazão por área (L/m2.h ou lmh).
Tomando-se a membrana como inerte e incompreensivel, o fluxo de permeado é diretamente proporcional a pressão trans membrana, ou seja, Net flux.TMP (L/m2,h.bar), além de alcalinidade e dureza do afluente ou esgoto.
Como fórmulas tem-se: JP = Q/A = (net flux) JP = NET FLUX . DP [lmh/bar]
Em resumo: compreendendo-se os conceitos que envolvem o processo MBR se estará dando passos importantes na escolha da tecnologia. É sempre bom buscar referencias das aplicações pelos fornecedores ou, no caso de despejos industriais, executar ensaios piloto de tratabilidade, pois só assim será possível obter um processo confiável, compacto e com alta performance.