Em 7 de julho de 2014, sob o título “CONSIDERAÇÕES SOBRE O VOLUME MORTO DO CANTAREIRA abordamos neste espaço, já sob o impacto da maior estiagem da RMSP de que se tem notícia, a utilização emergencial do chamado “ volume morto” ou reserva técnica do sistema Cantareira.
Em 15 de maio de 2014, data em que a Sabesp iniciou a retirada de água de parte desta reserva técnica por meio de bombas flutuantes instaladas no reservatório Jaguari/Jacarei, o volume útil do sistema integrado estava com apenas 8.2 %.
Para fixar ideias, a disponibilidade hídrica em termos de “volume morto” dos reservatórios do Cantareira era a seguinte: (O chamado volume morto é definido como a quantidade de água cujo nível está abaixo da cota da soleira dos vertedores que permitem o escoamento por gravidade).
Reservatório único formado pelas barragens Jaguari/Jacareí
Volume útil = 808,12 hm³ (entre cotas 820,80 e 844,00 m)
Volume morto (NA mínimo normal) = 239,43 hm³
Barragem Cachoeira
Volume útil: 69,75 hm³
Volume morto (N.A. mínimo normal): 46,81 hm³
Barragem Atibainha
Volume útil: 95,26 hm³
Volume morto (N.A. mínimo normal): 194,93 hm³
Barragem Paiva Castro
Volume útil: 7,61 hm³ *
Volume morto (N.A. mínimo normal): 25,33 hm³
Barragem Águas Claras
Volume útil: 0,76 hm³
Volume morto: 0,57 hm³
Até maio, o volume morto total ou reserva técnica no Sistema Equivalente era pois de 507 hm3 ou seja cerca de 507 milhões de m3, dos quais o reservatório Jaguari/ Jacareí detinha 239 milhões de m3 seguido do Atibainha com 194 milhões de m3.
Com a entrada de 182,5 milhões de m3 de água da reserva técnica do Sistema Cantareira em 16/05/2014, foram acrescidos 18,5% sobre o volume total do sistema (982,07 bilhões de litros). Em 21 de setembro o “volume morto” no sistema integrado já era de 72 milhões de m3. Um mês após, em 23 de outubro, restava apenas 40,2 milhões de m3. O volume retirado neste período foi pois 32 milhoes de m3, praticamente 1 milhão de m3 por dia ou o equivalente a 11.6 m3/s, mais da metade da vazão atualmente aduzida (cerca de 21 m3/s). Ou seja, a vazão retirada do sistema é de cerca de duas vezes a vazão de recarga neste período de estiagem.
Diante desta situação, o governo do Estado através do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica pediu permissão à ANA (Agência Nacional de Águas) para usar uma 2ª parte do volume morto, com 105 bilhões de litros de água disponível no reservatório Jaguari-Jacareí.Para tanto, a Sabesp está concluindo um barramento no meio do reservatório Jacareí.
Com este aporte, o volume útil mais a 2ª reserva técnica passam a representar 12,1% do total no sistema integrado.
Entretanto,decorridos 5,5 meses desde o início da utilização da primeira reserva técnica e com o prolongamento da estiagem a situação do Cantareira, que passou de séria para crítica, é a seguinte:
a) O nível de água da represa Jaguarí -Jacareí já está cerca de 5 metros abaixo do nível mínimo de água (820,8 m), que permitiria a retirada de água por gravidade, significando que a maior parte do “volume morto” já foi utilizada. Alem disso, no nível de água atual a Sabesp está com dificuldade de retirar água do volume morto porque há riscos em se captar também o lodo de fundo deste reservatório.
b) Em vista disto, a Sabesp foi obrigada a elevar a retirada de água da represa Cachoeira (a primeira a jusante) para o Atibainha alem de ter de liberar mais 1,5 m3/s de água para as bacias do PCJ, totalizando 2,5 m3/s proveniente só deste reservatório.
c) Este fato acarretou o esvaziamento desta represa até a cota 812,9 m, nível abaixo da cota acordada com a ANA- Agência Nacional de Águas que era de 815 m. Se o nível chegar a 811,72 m não poderá mais haver a passagem de água, por gravidade das represas Jaguari, Jacareí e Cachoeira para o Atibainha. Ressalte-se que a Sabesp não dispõe de estrutura de bombeamento neste reservatório .
Diante desta situação cogita-se, ao término da segunda cota do “volume morto’ lançar mão de uma terceira e praticamente última reserva de técnica localizada no Jacareí estimada em 162 milhões de m3…