Apresentada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) como nova alternativa para a grave crise no abastecimento de água da Grande São Paulo, a transposição do Rio Paraíba do Sul, na região do Vale do Paraíba, é tão polêmica quanto à atual disputa por água entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o consórcio da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abastece as cidades de região de Campinas.
O projeto é um dos arranjos previstos pelo governo estadual no Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, que começou a ser produzido em 2008 com objetivo de analisar alternativas de novos mananciais para o suprimento de água até o ano de 2035. A proposta é retirar água de um dos braços da represa do Jaguari, na cidade de Igaratá, por meio de uma estação elevatória e levá-la ao reservatório Atibainha, no Sistema Cantareira por um canal com 15 km de extensão.
Tão logo a proposta veio à público, as cidades da região do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro, que também são abastecidas pelas águas do Rio Paraíba, fizeram duras críticas ao projeto.
O Ministério Público Federal em Campos (RJ), por exemplo, recomendou em 2011 que o projeto não fosse realizado sem a discussão com todas as regiões afetadas pela medida.
Segundo cálculos feitos pelo Plano Diretor, a transposição pode levar entre 4,7 mil e 5,13 mil litros de água por segundo para o Sistema Cantareira com custo entre R$ 400 e R$ 600 milhões, segundo projeções.
Como o Rio Paraíba do Sul é federal – banha os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro -, qualquer projeto de transposição precisa da aprovação do governo federal, no caso, da Agência Nacional de Águas (ANA). No Plano Diretor, os projetos estão previstos apenas a partir de 2025.
Barragem. Enquanto isso, o governo paulista executa as obras de construção do Sistema Produtor de São Lourenço, que prevê a produção de 4,7 mil litros por segundo para abastecer cidades da Grande São Paulo, e prepara as desapropriações para as obras das barragens Duas Pontes e Pedreira, que têm como objetivo represar água para abastecimento na região de Campinas. Ambos os projetos sofreram atrasos e estão previstos apenas para 2018.
Autor: O Estado de S.Paulo