O governo de São Paulo vai precisar construir re- presas equivalentes a dois novos sistemas Cantareira até 2035 para que grande parte do Estado não fique sem água –principalmente as zonas metropolitanas da capital, Campinas e Baixada Santista.
O complexo de represas do Cantareira é considerado um dos maiores sistemas de abastecimento do mundo. Somente na Grande São Paulo, ele produz 30 mil li- tros de água por segundo para abastecer 8,8 milhões de pessoas.
O desafio, considerado difícil de ser atingido por especialistas do setor, consta de um grande estudo, contratado pelo próprio governo paulista e que demorou mais de cinco anos para ficar pronto.
As estimativas do relatório indicam a necessidade de um investimento exclusivo para isso que pode ir de R$ 4 bilhões a R$ 10 bilhões.
A conclusão do estudo, citado nos últimos dias pelo secretário Édson Giriboni (da pasta de Saneamento e Recursos Hídricos do governo Geraldo Alckmin), indica que haverá uma série de conflitos por água no Estado de São Paulo se nada for feito.
Ele menciona, de forma específica, uma corrida contra o tempo, que já começou.
Os estudos apontaram as obras necessárias para os anos de 2018, 2025 e 2030.
“Resta, portanto, um período curto para a tomada de decisões, realização dos estudos preliminares, detalhamento dos projetos básicos e executivos e imple- mentação de obras, serviços e intervenções”, diz o texto do relatório feito pelo governo paulista.
Do papel para o mundo real, as diferenças existem.
A Sabesp, que inicialmente anunciou a inauguração do sistema produtor de água São Lourenço para 2016, agora diz que a obra será finalizada em 2018. Ele vai jogar mais 5 mil litros de água por segundo na rede da empresa de saneamento.
Outras duas barragens projetadas há anos para aumentar a reserva de água para a região de Piracicaba e de Campinas, no interior, também estão só no papel.
Apenas agora, no meio da crise de escassez hídrica na região, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou o início da desapropriação dos terrenos para a obra.
Segundo Mateus Simonato, geólogo da empresa Servmar, as próximas décadas não precisam apenas de obras de infraestrutura.
“Reduzir as perdas de água, mudar a cultura por parte da população e cobrar mais do setor industrial também são caminhos”, diz.
Autor: Folha de S.Paulo