O Sistema Cantareira – principal reservatório da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) está com capacidade abaixo de 19%, o menor índice em 10 anos.
A iminência de um racionamento por conta da estiagem já foi assunto discutido em diversas ocasiões no Instituto de Engenharia, principalmente em 2003, durante o Seminário “Abastecimento de água da macro-região metropolitana de São Paulo – perspectivas a curto, médio e longo prazos”. Outros fatores como a capacidade nominal do sistema de produção de água na RMSP, praticamente igual ao consumo, e o compartilhamento de água com a bacia do Piracicaba foram também assuntos discutidos à época.
Na ocasião, já era explicitado que “a complexidade do problema do abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo não permite qualquer tipo de solução simplista, fácil e superficial. É preciso encarar o desafio e partir para ações que garantam água potável para as gerações futuras, sem deixar de tomar medidas imediatas para minorar o problema”
Como consequência desse seminário, o Instituto redigiu um relatório de considerações e conclusões que foi encaminhado ao governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que se comprometeu em receber e analisar as propostas dos engenheiros.
Nos anos sequentes ao evento, o Instituto de Engenharia não deixou de falar sobre o tema por meio de artigos divulgados em seus veículos de comunicação, outros seminários e debates, como os artigos
“O sistema produtor são Lourenço: a Sabesp poderia ter ousado mais” e “Abastecimento de água na macro metrópole paulista” .
A seguir, acompanhe algumas das recomendações propostas no seminário de 2003, que você também pode conferir a íntegra clicando aqui.
Medidas urgentes
– O governo do Estado, por meio da Sabesp, tome providências imediatas para redução do consumo, de modo a garantir reservas mais seguras para enfrentar a próxima estiagem, pois as simulações indicam possibilidades de um severo racionamento no próximo ano ampliando os riscos de operação do sistema adutor metropolitano e acarretando efeitos negativos para o abastecimeno de água na RMSP.
– Seja implantado imediatamente um sitema de operação emergencial, com participação dos comitês da Bacia do Alto Tietê e Bacia Hidrográfica do Piracicaba, Capivari e Jundiaí para administrar essa fase altamente crítica de escassez.
Medidas estratégicas
– A Sabesp inicie, desde já, procedimentos para a obtenção das competentes licenças ambientais, contemplando os mananciais que sejam objetos no plano diretor em desenvolvimento – tendo em vista que as disponiblidades hídricas de novos mananciais não se estabelecem apenas a partir de cálculos hidrológicos, mas também pelas variáveis ambientais que contribuem para a redução das vazões disponibilizadas.
– Dado os vultos dos investimentos necessários à efetização, em tempo hábil, dos grandes projetos de uso múltiplo que contemplem ampliações de vazão para os sistemas de abastecimento de água da RMSP sejam incentivadas parcerias entre setores público e privado objetivando a viabilização econômica de recusros para esses empreendimentos.
– O Estado, por meio da Secretaria de Economia e Planejamento, promova a imediata reorganização da RMSP, propiciando um novo planejamento e integração das políticas da região.
– O Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo da Sabesp seja acelerado e passe a incluir, entre suas alternativas, projetos de grande porte, como os que preveem usos múltiplos das águas da Bacia do Rio Ribeira de Iguape.
Autor: Instituto de Engenharia