NA MÍDIA – Representantes de fabricante de guindaste visitam obra de estádio

Representantes da fabricante do guindaste responsável pela instalação da cobertura do estádio do Corinthians, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo, visitaram nesta sexta-feira (29) a obra da arena que deverá receber a abertura da Copa do Mundo de 2014. Segundo a Odebrecht, acompanharam os funcionários da empresa Liebherr o presidente do Instituto de Engenharia, Camil Eid, e técnicos da Defesa Civil. 

A queda da estrutura metálica de mais de 400 toneladas e do guindaste que a içava matou duas pessoas na quarta (27). Na quinta, técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determinaram a interdição de nove guindastes da obra. 

De acordo com a Odebrecht, a construção, que está paralisada desde o dia do acidente, será retomada na segunda (2), com todo o efetivo de 1.350 trabalhadores. Em nota, a empresa afirma que “as atividades estarão concentradas no prédio oeste, norte e sul, arquibancadas e gramado”.
Sem hipóteses 

O advogado da Odebrecht, David Rechulski, disse nesta sexta que ainda não há hipóteses sobre as causas do acidente. “Acabou de acontecer o acidente, acabou de começar o inquérito. Qualquer coisa que se diga em relação a isso é extremamente prematuro e leviano”, afirmou o representante da empresa.Ele esteve nesta manhã no 65º Distrito Policial, em Artur Alvim, para se colocar à disposição do delegado Luiz Antonio da Cruz. “A empresa só veio dizer que está à disposição de acordo com a agenda dele para trazer as pessoas e a documentação que for solicitada.” 

Rechulski contou que o delegado responsável pelo caso está analisando os autos para avaliar quem ele vai intimar e os documentos que ele vai requisitar para instruir os autos. Segundo ele, da parte da Odebrecht, não há depoimentos previstos para esta sexta-feira. 

O delegado Luiz Antonio da Cruz disse que o operador do guindaste que derrubou a peça da cobertura que içava “não é suspeito”. “Ele não é suspeito de nada. Não temos suspeitos ainda pelo acidente com mortes”, disse o delegado. “O operador da máquina será ouvido para dizer qual foi o procedimento que ele fez para controlar o guindaste e a peça que içava”, disse.
A investigação ainda quer saber do funcionário como estavam as condições do tempo e do solo no dia em que o veículo tombou com a peça.

Segundo o delegado, o advogado da Odebrecht disse que o operador “ainda está muito abalado com o acidente”, mas que será apresentado quando for determinado. 

Outros operários que estavam no canteiro de obras durante o acidente também serão chamados a depor. Também serão chamados mais representantes da Odebrecht, Corinthians, além do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. “O trabalho da investigação vai se concentrar no conjunto probatório e não num único depoimento”, disse Antonio da Cruz. 

Na opinião dele, além dos depoimentos testemunhais, as provas técnicas serão importantes para saber o que causou o acidente com mortes. “Sem dúvida os laudos periciais vão apontar as causas que fizeram a peça e o guindaste tombarem”, disse o delegado, que também não descarta a possibilidade de o acidente ter sido uma fatalidade. “Fatalidade? Sim, é possível. Mas não sou eu que vou dizer isso, terão de ser os peritos”. 

O delegado disse que não está sofrendo qualquer pressão para concluir rapidamente o inquérito. “Eu não estou sofrendo pressão nenhuma, vou tomar as medidas que têm que ser tomadas em relação à lei. Eu não tenho conclusão do acidente. O caminho a ser trilhado existe, é o que está no Código Penal, ver se é acidente ou infração penal”, disse. 

Com 28 anos trabalhando como delegado, Antonio da Cruz falou que essa é a segunda vez que ele se depara com um caso de acidente numa obra. A primeira foi em 1996, quando ele trabalhava no extremo da Zona Leste. “Um incêndio numa obra invadida deixou nove mortos. Foram mais de mil folhas de inquérito e oito meses de investigação para chegar ao indiciamento de alguns responsáveis”, disse o delegado, que até esta sexta-feira tinha 15 folhas de inquérito do caso do acidente com mortes no estádio do Corinthians. Parte delas relacionadas aos cinco depoimentos ouvidos até agora.
Alemães 

Técnicos alemães da empresa que fabricou os guindastes da Arena Corinthians chegam nesta sexta-ao Brasil para ajudar nas investigações. Ao chegar ao país, os técnicos devem ir ao local para avaliar como a estrutura danificada deve ser retirada. 

Os alemães também irão ajudar na conclusão do laudo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulox. Os documentos da obra, como projetos, treinamento dos funcionários, manutenção dos equipamentos e fundações vão começar a ser analisados a partir de segunda-feira (2). 

Uma análise inicial de peritos aponta como provável causa do acidente a movimentação irregular da peça de mais de 400 toneladas que completaria a cobertura metálica.
O balanço da peça pode ter desestabilizado o guindaste, provocando a queda da máquina. A análise aponta que a técnica usada para erguer a estrutura não foi a mais adequada. 

Os técnicos do Instituto de Criminalística também estão avaliando a resistência do solo no local e se as peças da grua apresentavam algum desgaste.
Gruas 

Técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determinaram nesta quinta-feira (28) a interdição de nove guindastes da obra do estádio do Corinthians. O decisão de vetar o uso de todos os equipamentos do tipo ocorre um dia após a queda de uma estrutura metálica de mais de 400 toneladas e de um guindaste que a içava. 

Os técnicos, que são ligados à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo (SRTE-SP), participaram de vistoria às obras nesta manhã. Eles pediram à construtora relatórios que confirmem a segurança dos equipamentos. 

O auto de interdição de todas as gruas da Arena Corinthians vai ser assinado na sexta-feira (29) pelo superintendente do Ministério do Trabalho em São Paulo, Luís Antonio Medeiros. “Assim que a empresa comprovar a segurança na movimentação de cargas, as medidas de proteção que serão adotadas e que não há mais riscos de acidentes, haverá liberação por parte do Ministério do Trabalho”, afirmou o superintendente. 

Em nota, a Odebrecht e Corinthians confirmaram ter recebido o aviso de “embargo provisório de operações com guindastes” até a apresentação de documentação. “A empresa apresentará todos os documentos solicitados no mais breve prazo de tempo possível”, informou a empresa.

A empresa alega que a decisão não interfere no plano de retomar as obras na segunda-feira (2). “Os trabalhos que não necessitam utilizar guindastes serão executados normalmente, excetuada a área interditada pela Defesa Civil — correspondente a 30% do prédio Leste e a menos de 5% da área da Arena”, informaram construtora e empresa em nota. 

“Exemplos de trabalhos que não utilizam guindastes são instalações elétricas e hidráulicas, de assentos definitivos, de revestimentos de pisos, paredes e forros e de sistemas de som. Também os trabalhos de acabamento nas áreas externas da Arena, como acessos para veículos e 
Falha de procedimento' 

Na manhã de quinta, o coordenador da Defesa Civil em São Paulo, Paca de Lima, afirmou que, ao inspecionarem o chão onde o guindaste que desabou estava apoiado, não foi possível perceber qualquer tipo de falha no solo.
Para ele, o mais provável é que tenha ocorrido “uma falha de procedimento”, mas Paca de Lima não deu mais detalhes da suspeita. “A perícia que vai dizer a causa do acidente”, ressaltou Lima.

Além da Polícia Civil, o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) investigam as causas e prováveis responsabilidades pelo acidente com mortes no estádio do Corinthians. 

A Defesa Civil já havia interditado 30% de uma das alas do estádio, uma área de cerca de 5 mil metros quadrados. Apesar da interdição e da nova vistoria, o coordenador do órgão, Jair Paca de Lima, tinha dito na quarta que as obras poderão continuar nos demais setores. 

O MPE também informou que fará uma vistoria nos próximos dias e exigirá laudos da Polícia Técnico-Científica para avaliar se pedirá à Justiça a paralisação total das obras do estádio.
Na manhã desta quinta-feira, nenhum funcionário foi visto funcionário no canteiro de obras e as máquinas estavam paralisadas. A Odebrecht e o Corinthians, parceiros responsáveis pelo estádio, informaram em nota, que as obras da Arena Corinthians serão retomadas na segunda-feira (2).

Autor: G1