A revista “The Economist” estampou na capa de sua edição de novembro de 2009 o título “O Brasil decola”, junto com a imagem do Cristo Redentor levantando voo. Dizia que o crescimento da economia brasileira de 5% ao ano iria acelerar com as novas reservas de petróleo. Foi um momento de êxtase para os festivos tupiniquins.
A edição de setembro de 2013 da “The Economist” traz de novo a imagem do Cristo Redentor, só que desta vez ele rodopia e imbica rumo à baia da Guanabara. O título da matéria pergunta: “O Brasil estragou tudo?”. A reportagem diz que o crescimento econômico está travado. O êxtase de 2009 se transformou em vergonha.
Há dois anos, a revista britânica já vinha adotando um tom mais cauteloso. Classificou de medíocre o crescimento do Brasil e listou como motivos os elevados custos para fazer negócios, os riscos políticos e o protecionismo na exploração do petróleo.
As duas edições espelham a realidade. O país cresceu, em média, 4,8% anuais entre 2004 e 2008. Nos quatro anos seguintes, essa média caiu para 2,7%. Neste ano, deve ficar em torno de 2,4%.
A bonança da economia brasileira entre 2004 e 2008 ocorreu pela valorização de produtos importantes na pauta de exportações do país, como soja e minério de ferro, e pelo vigor do consumo doméstico.
Tudo ia de vento em popa e ao governo cabia aproveitar o momento e promover ajustes para a economia continuar crescendo de modo sustentável. Porém, o PT falhou ao preferir curtir a popularidade em alta.
Quando a economia ia bem seria a hora de investir em uma reforma tributária simplificadora, nos moldes do Imposto Único, que está parado no Congresso há 11 anos, visando reduzir custos dos negócios. Apenas para cumprir a burocrática legislação fiscal no país as empresas gastam o equivalente a R$ 35 bilhões por ano.
Outra reforma que poderia ter avançado é a política, tendo como diretrizes dar fim aos políticos profissionais e desmantelar as organizações criminosas incrustadas no governo. Assim, poder-se-ia combater a endemia da corrupção, que impõe elevados custos aos negócios no país.
Além de não ter feito as reformas estruturais, o governo gerou insegurança para os investidores ao intervir na economia de modo desorganizado e com total viés político. A Petrobras, por exemplo, foi fragilizada por decisões tomadas nos gabinetes políticos, com os aspectos econômicos deixados de lado.
Outro aspecto é a ineficácia nas ações para expansão e manutenção da infraestrutura. Segundo a “The Economist” o país gasta apenas 1,5% do PIB nessa área, enquanto a média global é de 3,8%. As concessões do atual governo foram marcadas por fracassos e resultados pífios, como, por exemplo, os recentes leilões de rodovias.
Resultado ruim também ocorreu no leilão do campo de Libra, do pré-sal. Gigantes como Exxon e Chevron ficaram de fora, porque enxergaram riscos em colocar bilhões em um país cujo governo pode mudar as regras de uma hora para outra.
O governo errou em várias frentes e o crescimento minguou. O ponto a ser contestado na matéria da “The Economist” é que o questionamento se o Brasil estragou tudo deveria ser corrigido para uma afirmação categórica dizendo que, de fato, o governo estragou tudo.