A descoberta de novos medicamentos por parte das indústrias químicas e farmacêuticas passa por vários estágios, iniciando-se pela busca de princípios ativos específicos, naturais ou sintéticos, até a comprovação de sua eficácia utilizando-se inicialmente seres vivos, desde roedores até outros mamíferos com anatomia mais complexa em escala sempre crescente, próxima a dos seres humanos, para finalmente serem testados no próprio homem.
Mesmo assim, os experimentos com medicamentos em seres vivos apesar de testados em organismos mais evoluídos, às vezes falham. Dois exemplos clássicos desta assertiva foram a Talidomida, desenvolvida na década de 50 e, mais recentemente, o principio ativo TGN 1412:
A talidomida era em seu inicio receitada como um sedativo e hipnótico com poucos efeitos colaterais. Graças a esta segurança era também prescrita à mulheres grávidas para combater enjoos matinais.
Os testes realizados em roedores não revelaram os efeitos teratogênicos da droga. Mais tarde, após ter sido o medicamento prescrito a milhares de mulheres grávidas espalhadas pelo mundo com as terríveis consequências relativas à má formação fetal, os testes foram repetidos em coelhos e primatas, que produziram os mesmos efeitos horríveis que a droga causou em fetos humanos.
Removida em 1962 da lista dos remédios indicados por um longo tempo, a Talidomida foi associada a um dos mais horríveis acidentes médicos da história. Um segundo caso ocorrido mais recentemente, em 2006,
Outro exemplo, mais recente, ocorreu em 2006 quando seis voluntários entraram em um hospital para participar do primeiro teste clínico de uma nova droga, codificada como TGN1412, que agia sobre o sistema imunológico. Segundo o biólogo Klaus Reinach, esta droga já havia sido testada anteriormente com sucesso, sem efeitos colaterais danosos, em ratos, coelhos e macacos, alem de células humanas isoladas, razão pela qual as autoridades de saúde concordaram em testá-la em seres humanos. Entretanto, uma hora depois da aplicação estes infelizes voluntários sofreram danos gravíssimos em vários de seus órgãos e após dias na UTI lutando pelas suas vidas finalmente saíram do hospital, mas sem os dedos das mãos e dos pés que tiveram de ser amputados por estarem necrosados. Investigações levadas a efeito posteriormente revelaram que apesar do sucesso dos testes feitos em animais a mesma molécula testada acabou por provocar efeitos danosos em seres humanos.
Este fenômeno, aliás raríssimo na medicina, só foi descoberto após o sequenciamento dos fatos.O procedimento normal seria suspender imediatamente os testes quando fosse detectado efeitos colaterais adversos nos animais cobaias que por esta razão são imprescindiveis nas pesquisas por novos medicamentos.
Em meados de novembro de 1904 houve no Rio de janeiro a chamada “Revolta da Vacina”, movimento popular contrário à campanha de vacinação obrigatória contra a varíola realizada pelo governo e comandada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz.
Muitas pessoas se negavam a receber a visita dos agentes públicos que deviam aplicar a vacina e a turba exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou a polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. Controlada a situação, a campanha de vacinação obrigatória foi reiniciada e em pouco tempo a varíola foi erradicada da então capital federal.
Pouco mais de um século depois, agentes do obscurantismo e do ignorantismo tomaram novamente as ruas de assalto, desta vez no município paulista de São Roque…