As obras da Linha 5-Lilás do Metrô vão esbarrar em um problema extra nos próximos meses. Duas adutoras de água estão na rota da nova ligação entre o centro e a zona sul da cidade. O medo é de que elas rompam, o que levará à interdição de uma parte importante da Avenida Ibirapuera, na frente do shopping.
O problema não é o túnel da linha, que vai passar por uma profundidade de 12 metros abaixo das adutoras. Mas sim a escavação da Estação Eucaliptos, que está sendo feita a poucos metros de distância das duas tubulações.
No pior dos cenários, se forem detectados vazamentos nesses canos, técnicos terão de fazer buracos de dois metros de largura, em pontos diferentes da avenida, para reforçar a ligação entre as tubulações. O prazo das interdições ainda não foi determinado. Em conversas com o Metrô, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) fez recomendações contrárias a interdições, não só porque a avenida é uma importante artéria da zona sul, mas, principalmente, por haver ali um dos principais corredores de ônibus da cidade.
Segundo o diretor de Engenharia e Construções do Metrô, Walter Ferreira de Castro Filho, a existência das adutoras já era de conhecimento da companhia. O que está sendo definido, em conjunto com a Sabesp, é como elas serão monitoradas e quais serão as medidas adotadas em caso de vazamentos.
As adutoras têm mais de 40 anos de idade. São feitas de ferro fundido e fixadas umas às outras com soldas de chumbo. É justamente esse o problema: o material obsoleto pode não aguentar eventuais movimentações de solo causadas pela escavação e as ligações entre os canos podem se romper.
É comum o solo se movimentar em escavações do tipo. Isso ocorre porque, ao escavar, é preciso drenar a água do solo, o que faz o nível do lençol freático descer. A terra pode ocupar o espaço deixado pela água, provocando movimentações.
Uma das adutoras está localizada a cerca de um metro do nível do solo, embaixo do canteiro central da avenida. A outra está abaixo da faixa exclusiva de ônibus na pista sentido bairro.
Reforço. Castro afirma que o Metrô deve instalar pequenas chapas de metal na via para monitorar eventuais deslocamentos de solo. Isso é feito comparando a distância entre essas chapas e um ponto de referência fixo. Se a distância mudar, indicando movimentação, será preciso reforçar a ligação entre as tubulações – cada cano tem cerca de seis metros de extensão – e, para isso, fazer os bloqueios viários.
Uma segunda possibilidade chegou a ser estudada pelo Metrô: reforçar internamente as tubulações. Com uma máquina específica, que funciona dentro dos dutos, as adutoras seriam vedadas, como um novo cano dentro dos existentes. Mas a opção não se mostrou viável: para usar a máquina, seria preciso uma escavação de 10 metros de largura na pista.
Passarela. A escavação do poço deve estar pronta até agosto. E aí começa nova movimentação de risco: as ligações da estação. O projeto prevê uma passarela subterrânea de cerca de sete metros de largura para o outro lado da Avenida Ibirapuera, como é comum nas estações da rede, bem abaixo dos canos. Isso também pode fazer o solo mexer.
O diretor do Metrô, entretanto, diz acreditar que a obra pode ser concluída sem que as tubulações se mexam, o que não altera o cronograma de entrega da estação, prevista para 2015. “É uma briga com o terreno e com a água do terreno.”
Autor: O Estado de S.Paulo