“Eu não posso deixar de sentir responsabilidade pelo desastre nuclear. Ele destruiu comunidades inteiras. Após os desastres prometi para mim mesmo encontrar uma forma de ajudar em um processo de recuperação que pode levar 20 ou 30 anos.”
As palavras são Eiju Hangai, ex-diretor da Tepco, que havia deixado a empresa meses antes dos desastres de Fukushima.
E ele pensou e trabalhou rápido.
O ex-executivo acaba de inaugurar em Minamisoma, a 25 km da zona de exclusão nuclear, o Fukushima Recovery Solar-Agri Park.
São grandes domos infláveis, construídos entre milhares de painéis solares, formando um projeto de agricultura sustentável totalmente alimentada por energia solar.
Hangai chama os domos de “fábricas vegetais”, onde os agricultores afetados pelo desastre nuclear poderão recomeçar sua vida.
Fábricas vegetais
As fábricas vegetais não são estufas comuns.
Com um leiaute em forma de roda, elas são constituídos por “bolsas” rotativas que levam as culturas do centro para fora em intervalos regulares.
Isto significa que os agricultores não terão que caminhar de um lado para o outro para semear e colher, podendo trabalhar sempre no centro de cada uma das rodas.
Segundo Hangai, essa técnica duplica a capacidade e a eficiência dos domos em relação às estufas convencionais.
A expectativa é que os domos iniciais produzam 64 toneladas de verduras anualmente por meio da técnica de hidroponia – o projeto já possui um contrato com redes de supermercados para venda integral da produção.
Como as verduras ficarão isoladas do meio ambiente, não há risco de contaminação radioativa pelo ar ou pela chuva.
Os painéis solares do parque produzirão um excedente de eletricidade que será vendido para a concessionária local.
Ocupando uma área de 2,4 hectares, o parque servirá também como escola, onde as crianças terão aulas sobre a importância do cultivo sustentável e das energias renováveis – lá não será necessário nenhum esforço para que as pessoas saibam quem ganha e quem perde com a energia nuclear.
Várias grandes empresas ajudaram a financiar o projeto, entre elas a Toshiba e a Mitsubishi, além de fundos governamentais.
Autor: New Scientist