A crise política na cúpula dos transportes do governo federal afetou o faturamento da indústria de material de construção, um dos termômetros que mede o ritmo dos investimentos em infraestrutura no país.
Em 2011, suspeitas de corrupção envolvendo o PR (Partido da República) –legenda que controlava o Ministério dos Transportes– derrubaram o ministro Alfredo Nascimento e o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot.
A crise paralisou o ministério, que não retomou o ritmo de obras até hoje.
A redução dos investimentos em logística de transportes, principalmente nas rodovias e nas ferrovias, acabou afetando o crescimento da indústria fabricante de material de construção.
A queda das encomendas desses dois segmentos da infraestrutura chegou a 10%, no caso das ferrovias, e a 40% no caso das rodovias.
Dados da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Material de Construção) mostram que, depois de crescer 10,7% em 2011, o setor tenta alcançar 2,5% este ano. Até setembro, a expansão era de apenas 1,32%.
A expectativa inicial do ano era maior, 4,5%. Agora, o faturamento do setor ficará em R$ 118 bilhões, R$ 2 bilhões acima da cifra de 2011 e R$ 3 bilhões abaixo da previsão para este ano.
Segundo Walter Cover, presidente da Abramat, o setor imobiliário cresceu, mas a redução dos lançamentos também afetou as encomendas para o setor industrial.
A situação da indústria só não foi pior por causa da autoconstrução. O mercado do “puxadinho” impulsionou as vendas de material para o varejo em 8%.
As redes de lojas de material de construção responde por 47% das encomendas para a indústria. O setor imobiliário responde por 31% e o setor de infraestrutura –do saneamento às obras de hidrelétricas, dos projetos de ferrovias aos de rodovia– tem 22% das vendas do setor industrial.
“A infraestrutura tinha um peso maior, mas a queda dos investimentos fez essa participação cair”, diz Cover.
2013
A previsão da Abramat para 2013 é ligeiramente mais otimista. Desonerações de IPI e da folha de pagamento, retomada das obras de infraestrutura e redução das importações devem ajudar à indústria. A previsão do setor é crescer entre 4% e 5% no ano que vem.
Autor: Folha de S.Paulo