Nossa casa está cheia de exemplos de desperdício. Aquela pia que você deixa aberta por muito tempo, o tempão de chuveiro elétrico ligado e lâmpadas acesas à toa. Multiplique isso por 100 apartamentos ou escritórios e você vai ter ideia de como o cuidado com essas coisas pode fazer uma diferença na conta – na do fim do mês e na do planeta. Menos mal saber que no Brasil estão construindo cada vez mais casas e edifícios sustentáveis, pensados para minimizar esses problemas. O número de obras que estão entrando nessa onda verde triplicou entre 2011 e 2010, segundo números do GBC (Green Building Council), ONG que incentiva a iniciativa.
O principal instrumento da empresa para estimular a safra de prédios verdes é a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design). Quando a solicita, o responsável pela obra recebe uma espécie de consultoria para que seu projeto seja eco-friendly. “Acompanhamos a elaboração do projeto, o início da execução e da operação. Ajudamos desde a escolha do local, para pensar em como evitar que as pessoas dependam tanto de carro, por exemplo”, diz Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil.
A certificação só é emitida depois que o edifício começa a operar e os consultores constatam que ele cumpre alguns critérios de sustentabilidade, como eficiência no uso de energia, de água e de materiais, controle de qualidade do ar, entre outros. Alguns requisitos são obrigatórios, outros, opcionais. O cumprimento de cada um gera pontos, que vão sendo somados. Com 40, o espaço ganha a certificação básica. Cem pontos dão direto à máxima, platinum.
O movimento ainda está começando: hoje há somente 44 edifícios com o selo no país. O número vai aumentar rapidamente, no entanto, porque só agora, cinco anos depois da chegada da GBC por aqui, é que as obras estão ficando prontas. No total, existem 474 delas em processo de certificação. A cada ano, entra mais gente na fila. Em 2007, primeiro ano da ONG no Brasil, apenas 40 empreendimentos pediram registro. Em 2011, foram 197 – quase 5 vezes mais.
“O principal mercado para construções verdes, atualmente, é o de edifícios comerciais, que responde por 43% dos certificados no Brasil. Eles estão mais acostumados a fazer a conta no final do mês”, diz Casado, lembrando que é possível certificar vários espaços, como casas, lojas, escritórios e até estádios – 10 dos 12 que vão sediar a Copa de 2014 são candidatos ao selo do LEED.
“O mercado está se engajando na busca de soluções novas, porque o custo benefício é enorme”, diz Casado. O custo, mais precisamente, é de US$ 3,4 mil para quem quer a certificação para uma obra de até 4,6 mil metros quadrados. Quem vai vender ou alugar um móvel com a certificação, tem cobrado de 10% a 20% a mais que a média. Mesmo assim, não faltam clientes, porque no fim do ano a economia compensa. O consumo de energia é cerca de 30% menor, o de água, metade, e a geração de lixo diminui em até 80%. No total, a operação fica 9% mais barata, em média. E todo mundo sai ganhando: quem constrói o imóvel e quem o ocupa – além do planeta lá fora.
Autor: Galileu