O Protocolo de Montreal entrou em vigor em 1989, e ficou famoso por banir os CFCs (clorofluorocarbonetos) e os HCFCs (hidroclorofluorocarbonos), que destroem a camada de ozônio.
Esses gases foram então substituídos pelos HFCs (hidrofluorocarbonetos), que se acreditava serem benéficos ou, no mínimo, inertes em relação à camada de ozônio em particular e ao meio ambiente em geral.
Contudo, demonstrando os riscos a que o planeta está sujeito com experimentos de geoengenharia, agora os próprios cientistas estão pedindo um controle sobre o uso também dos HFCs.
De certa forma, a substituição dos CFCs pelos HCFCs foi o primeiro experimento de geoengenharia em larga escala. E os resultados não foram bons.
Ativos e duradouros
Já havia sido demonstrado que os HFCs podem provocar chuva ácida.
Agora ficou demonstrado também, ao que contrário do que se demonstrara na época, que os hidrofluorocarbonetos são climaticamente muito ativos e extremamente persistentes no ambiente.
Os hidrofluorocarbonetos são muito semelhantes aos clorofluorocarbonetos, com a diferença de não usaram cloro e não destruírem o ozônio estratosférico. Ambos são usados em geladeiras e ar-condicionados, em latas de aerossol e como solventes na fabricação de espuma.
O que não se sabia então era que esses HFCs são gases de efeito estufa muito potentes.
O HFC-134a, também conhecido como R-134a, por exemplo, usado nos aparelhos de ar-condicionados de automóveis, é 1.430 vezes mais ativo do que o hoje quase odiado CO2 (dióxido de carbono).
O dióxido de carbono bem poderia rivalizar com o oxigênio como o “gás da vida”, dada sua importância no ciclo biológico da Terra.
Hoje, porém, ele é mais conhecido como um gás de efeito estufa – o mesmo efeito que permite a vida na Terra, mas que, levado ao exagero, pode colocar essa mesma vida em dificuldades.
Força radioativa
Uma equipe internacional de cientistas, que inclui o Prêmio Nobel de Química Mario Molina, concluiu que o Protocolo de Montreal trouxe inúmeros benefícios não-intencionais para o meio ambiente, incluindo a redução da emissão de mais de 10 bilhões de toneladas de CO2.
Contudo, eles afirmam temer que esses benefícios possam ser logo jogados fora pelas emissões de HFCs, que estão crescendo a taxas entre 10 e 15% ao ano. “A contribuição dos HFCs para as mudanças climáticas pode ser vista como um efeito colateral negativo do Protocolo de Montreal,” afirmam.
A força radioativa – uma medida do efeito de substâncias químicas sobre o clima – dos CFCs tem permanecido constante em 0,32 W/m2, graças ao seu banimento. Mas os HFCs já atingiram 0,012 W/m2 e, segundo os cientistas, poderão alcançar entre 0,25 e 0,4 W/m2 em 2050 – para comparação, o CO2 tem uma força radioativa de 1,5 W/m2.
O maior problema são os chamados HFCs saturados, que podem sobreviver na atmosfera por até 50 anos.
A sugestão dos pesquisadores é que o Protocolo de Montreal seja modificado para incluir essas substâncias, evitando assim toda uma nova rodada de negociações em nível mundial.
Autor: Inovação Tecnológica