A falta de mão de obra tem trazido problemas em vários setores, principalmente na área de se infraestrutura, onde há carência desde pessoal para serviços gerais até profissionais mais qualificados, como engenheiros, por exemplo. Um dos segmentos que mais tem se ressentido é o da construção civil, onde o grande volume de obras tem exigido das empresas a “importação” de pessoal de locais mais distantes para atender a demanda.
Segundo o engenheiro especialista em concreto e representante da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Ronaldo Vizzoni, a situação é complexa em todo o segmento. “O problema é amplo e afeta todo o setor. Desde o governo Lula houve um incremento em termos de obras, foi quando nos defrontamos com uma situação: a falta de engenheiros. A explicação para este fato é simples, muitos jovens que pensavam em ingressar na engenharia acabou optando por outras áreas, como Administração”, revela.
A situação se torna ainda mais grave pela falta de pessoal especializado em um setor da engenharia, o que trabalha com concreto. Material de larga utilização em rodovias, hidrelétricas, edificações entre outras obras. ” A engenharia abrange inúmeras áreas, todas exigem especialização. No caso do concreto, ainda mais pois existem uma série de requisitos e especificações para cada obra. A saída encontrada foi o de levar até as universidades cursos de capacitação, formando mão de obra”, afirma Ronaldo Vizzoni.
” É preciso lembrar que o país está com inúmeras obras em andamento- caso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – ou em seu início, independente dos grandes eventos que estão programados para serem realizados, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, no Rio. Tanto que na capital fluminense temos a Transoeste, transolímpica, transcarioca e linhas 3 e 4 metrô. Todas exigem engeheiros com conhecimento em concreto. Por isso, temos intensificado o treinamento dos novos profissionais”, diz.
Ronaldo Vizzoni explica que a carência de mão de obra tem levado construtoras e empreiteiras a procurarem em outros estado pessoal qualificado. ” Esta foi a maneira encontrada para suprir a falta de pessoal. O salário inicial de um recém formado está na faixa de R$ 5 mil, podendo até ser mais alto, caso ele tenha experiência em concreto”, garante o especialista.
Na avaliação do representante da ABCP, a falta de engenheiros pode atrasar o cronograma das obras existentes. ” Para suprir este buraco seria necessários contratarmos 1.900 prifissionais. Seja para nível gerencial e de diretoria, como também para as obras. Como as faculdades não têm formado um número tão grande de pessoal assim,as empreiteiras foram obrgiadas a importar de outros estados (30% são do Nordeste, 20% de São Paulo ou Centro-Oeste)”, comenta.
Segundo Vizzoni a tendência é o curso de Engenharia voltar a atrair os jovens, mas isto demanda tempo. ” Não teremos profissionais tão rápidamente quanto o mercado necessita. No entanto, sugiro que os jovens que já estão cursando procurem desde o início, os cursos de qualificação que são oferecidos em suas instituições. Até porque, este cursos têm tanto a parte teórica quanto a prática, onde os estudantes são levados para canteiros de obras e vivenciam a realidade da obra. As chances de conseguirem estágio e até mais tarde serem contratados é grande”, finaliza.
Autor: O Dia On Line