Super Tucano pode vencer concorrência nos EUA

O sempre excelente Poder Aéreo traz uma notícia de arregalar os olhos para quem gosta de aviões: a USAF (Força Aérea Americana) excluiu o Hawker AT-6 da concorrência para uma nova aeronave leve de ataque, e deixou o Embraer A-29 Super Tucano como única opção de escolha. A força aérea mais poderosa e ativa do mundo quer adquirir um avião de combate brasileiro.

Transportando o pensamento para o mundo dos carros, seria mais ou menos como se um hatch projetado no Brasil fosse eleito o pocket rocket do ano na Alemanha.

O avião é uma evolução do Tucano original, um dos treinadores a hélice mais bem-sucedidos dos últimos 30 anos, exportado para países como Reino Unido, França, Egito e Iraque. Denominado A-29, o Super Tucano teve o enfoque modificado para ações de combate de baixa intensidade, como a guerra contra guerrilhas, milícias e traficantes. Leva duas metralhadores 0.5 integradas às asas e cinco cabides compatíveis com bombas convencionais e guiadas, foguetes e mísseis ar-ar. A aviônica é moderna, com computadores de bordo, visores digitais multifunção, HUD e sensor infravermelho FLIR. 

O Super Tucano entrou em serviço no Brasil em 2004, e hoje forma a primeira linha de defesa da Amazônia. Além disso, já foi vendido para outros seis países na América Latina, África e Ásia. E mais importante, o modelo é bastante utilizado em missões reais desde 2007, principalmente pela Colômbia. Dois anos atrás, foram eles os responsáveis pelo ataque com bombas a laser que matou o nº2 das FARC, Raúl Reyes. Também já abateram alguns aviões a serviço do tráfico. 

Em 2009, a Blackwater – a principal empresa de segurança e mercenários a serviço dos EUA – adquiriu um Super Tucano para fins de pesquisa e treinamento de contra-insurgência. Lugares como o Afeganistão e o Iraque, sem oposição aérea real, são cenários em que pequenos aviões turboélice são muito mais econômicos e eficientes que caças a jato. Posteriormente, o avião passou para a US Navy, para mais avaliações.

A concorrência Light Air Support (LAS) prevê 20 aeronaves baseadas em duas bases no Afeganistão, mais 15 unidades alocadas nos EUA. Na briga com o nativo AT-6, o Super Tucano leva uma série de vantagens. Trata-se de um avião maior e mais robusto, projetado desde o início para o combate, totalmente operacional, e com centenas de missões reais no currículo. Os AT-6, por enquanto, não passam de protótipos.

E se depender do veredicto da USAF, vão continuar sendo protótipos. O problema é que o Congresso certamente vai levantar dificuldades na escolha de um produto brasileiro em detrimento do americano, mesmo levando em conta o fato de que, caso vença a concorrência, o Super Tucano deve ser fabricado sob licença pela Northrop nos EUA.

Vale lembrar que o avião brasileiro já foi vítima de politicagens. Em 2004, o próprio governo norte-americano vetou a venda de 24 unidades para a Venezuela – o Super Tucano traz vários sistemas de origem americana, inclusive o motor. Mais atrás, em 1997, uma versão inicial do A-29 venceu uma concorrência para ser o treinador padrão da OTAN em bases situadas no Canadá.

Venceu, mas não levou: por pressão da canadense Bombardier, que na época (e ainda hoje) concorria ferozmente com a Embraer no mercado de jatos comerciais, o escolhido acabou sendo o Beechcraft T-6 II – o avião que daria origem ao AT-6, seu adversário hoje em dia.

Autor: Jalopnik