NA MÍDIA – Prefeitura quer estender prazo de obras em viadutos

Acordo fechado com o Ministério Público prevê a reforma de 68 estruturas até 2017; em quatro anos, só oito foram concluídas 

Minhocão. Infiltrações e ferragens aparentes são comuns

A Prefeitura de São Paulo quer rever o cronograma de reforma de 68 pontes e viadutos definido em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público em 2007. No documento, a administração municipal se comprometeu a criar um programa de manutenção dessas estruturas. Quatro anos depois, oito obras estão concluídas, 12% do total.

O TAC determinou um prazo de dez anos para que a manutenção fosse concluída. Ou seja, até 2017. Uma das cláusulas prevê multa diária no valor de R$ 10 mil se houver descumprimento do prazo. O MP vai anunciar nos próximos dias se aceitará a mudança no cronograma.

Segundo relatório enviado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras ao MP, há contratos encerrados e não concluídos de algumas obras. Os projetos serão analisados novamente para avaliar a necessidade da contratação de serviços complementares.

Entre as obras incompletas está a do Elevado do Glicério, na região central de São Paulo. De acordo com a pasta, ainda é preciso substituir as juntas de dilatação e reforçar alguns pilares. O local apresenta infiltrações. No Viaduto do Pacaembu, na zona oeste da capital, a Prefeitura realizou apenas 5% do previsto. Será preciso fazer nova licitação para o restante.

Outras pontes tiveram contrato de manutenção encerrado, mas não concluído, como a Ponte Cidade Jardim, na zona sul. De acordo com o relatório entregue ao MP, ainda é preciso fazer o reforço da laje e dos pilares.

Todos os 18 viadutos e pontes visitados pela reportagem na semana passada tinham algum problema, como infiltração e danos na estrutura causados pelo choque de caminhões.

Manutenção. Segundo especialistas, a Prefeitura só tem feito obras paliativas. O engenheiro Marcelo Rozenberg, conselheiro do Instituto de Engenharia e especialista em pontes e viadutos, parte dos equipamentos já tem cerca de 40 anos de uso. “Quanto mais demoram para realizar a obra numa ponte, a manutenção torna-se mais cara. Para cada estágio de deterioração da estrutura os custos de reparação crescem na ordem de cinco vezes”, diz. Segundo ele, uma ponte que apresenta um problema por falta de manutenção leva no mínimo 180 dias para ser reparada. “Isso afeta alguns milhões de pessoas”, afirma.

O Instituto de Engenharia e o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Construtiva (Sinaenco) foram responsáveis pelo levantamento da situação das pontes que serviu como base para a elaboração do cronograma em 2007.

Boa parte das pontes visitadas pela reportagem apresenta infiltrações. Para o engenheiro, é sinal de que algo não está bem. “Isso pode danificar as vigas, atacar o concreto e, com o tempo, causa a corrosão das armaduras”, diz Rozenberg.

Autor: O Estado de S.Paulo