Pesquisadores da UFRJ criam modelo

Um grupo de pesquisadores da Coppe (Coordenadoria de Programas de Pós Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) conseguiu criar um sensor de velocidade mais preciso do que os utilizados atualmente, em um importante passo para aumentar a segurança aérea. Um dos pesquisadores é pai de uma vítima do acidente com o voo 447, da Air France, em que 228 pessoas morreram.

Uma das causas do acidente com o A330 da Airbus foram problemas nas sondas pitot, responsável por recolher informações sobre a velocidade da aeronave durante um vôo. As sondas pitot teriam parado de funcionar quando o avião da Air France passou por uma tempestade de gelo.

O objetivo dos pesquisadores da Coppe é que o novo pitot tenha condições de operar de forma eficiente, mesmo em condições meteorológicas adversas. O projeto requer investimento de aproximadamente R$ 3 milhões e é fruto de uma parceria entre pesquisadores brasileiros, americanos e franceses, além da colaboração do Inmetro, da Embraer e da Marinha.

Brasil pode se tornar referência

O desenvolvimento do protótipo foi coordenado pelos professores do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, Átila Silva Freire e Renato Cotta, pai de Bianca Cotta, que estava no voo 447 com o marido.

Segundo Cotta, quando a Air France recebeu o primeiro A330 equipado com o Pitot Thales, em 2001, houve uma série de falhas devido ao congelamento do pitot, incluindo nove incidentes mais sérios entre 2008 e 2009.

– O Brasil e a Coppe têm tudo para se tornar referências mundiais no desenvolvimento de tecnologias para sensores de velocidade. Temos especialistas super qualificados e estamos dispostos a contribuir para aumentar a segurança aérea.

O grupo de pesquisadores começou a investigar as causas do acidente em 2010, quando o acidente do voo 447 completou um ano.

O Escritório de Investigações e Análises (BEA), responsável pela investigação do acidente envolvendo o voo AF447 da rota Rio-Paris, divulgou nesta sexta-feira (27) as primeiras informações retiradas das caixas-pretas que descrevem as circunstâncias em que aconteceu a catástrofe.

Queda do voo Rio-Paris durou três minutos e meio, diz BEA

O Airbus A330 caiu no oceano Atlântico após decolar em 31 de maio de 2009 do Rio de Janeiro para Paris, matando todas as 228 pessoas a bordo – entre eles 59 brasileiros. O BEA deve publicar um relatório mais completo nos próximos meses.

O organismo se refere ao piloto comandando a aeronave – na maior parte do tempo analisado o menos experiente dos três pilotos – como PF, enquanto o piloto fora dos controles é chamado de PNF.

Veja abaixo uma lista dos acontecimento e as últimas palavras da tripulação, tiradas da tradução em inglês feita pelo BEA. Os horários são do meridiano de Greenwich (três horas à frente do horário de Brasília).

31 de maio de 2009, 22h29 GMT – Decolagem

1º de junho, 1h55 – O capitão acordou o segundo co-piloto, disse: “Ele vai assumir meu lugar” e deixou o cockpit

2h06 e 04 segundos – O PF chamou a tripulação de cabine, pedindo que ficasse atenta porque havia turbulência a caminho. “Vai sacudir um pouco mais do que agora”, disse

2h08 e 07 segundos – O PNF disse “talvez você possa ir um pouco para a esquerda” e o avião iniciou uma curva suave para a esquerda. A turbulência aumentou ligeiramente e a tripulação decidiu reduzir a velocidade

A partir de 2h10 e 05 segundos – Pilotagem e aceleração automáticas desligadas e o PF disse: “Assumi os controles”. O avião começou a inclinar para a direita e o PF tentou erguer o nariz para a esquerda. O alerta de pane soou duas vezes em seguida. Os parâmetros registrados mostram uma queda brusca de velocidade

2h10 e 16 segundos – O PNF disse: “Então, perdemos as velocidades” e depois “regra alternativa…”. O avião começou a subir. O PF tentou abaixar o nariz e o avião inclinou-se alternadamente para a esquerda e a direita

A partir de 2h10 e 50 segundos – O PNF tentou várias vezes chamar o capitão de volta à cabine de comando

2h10 e 51 segundos – O alerta de pane foi acionado novamente. O PF continuou tentando levantar o nariz. A altitude chegou ao máximo de cerca de 11,6 km

2h11 e 40 segundos – O capitão voltou à cabine de comando. Nos segundos seguintes, todas as velocidades registradas se tornaram inválidas e o alerta de pane parou. A altitude era de cerca de 11,5 km, mas a aeronave estava descendo a cerca de 200 km/h

2h12 e 2 segundos – O PF disse: “Não tenho mais nenhum indicador”, e o PNF disse “não temos indicadores válidos”. Cerca de quinze segundos depois, o PF empurrou o nariz para baixo. O ângulo de ataque diminuiu, as velocidades se tornaram inválidas novamente e o alerta de pane soou outra vez

2h13 e 32 segundos – O PF disse que a altitude do avião estava se aproximando dos 3 km. Cerca de 15 segundos depois, empuxos simultâneos dos dois pilotos nas alavancas laterais foram registrados e o PF disse “vá em frente, você tem os controles”

2h14 e 28 segundos – A gravação terminou

Autor: R7