Desafiando o Rali Dakar em um buggy elétrico

Mesmo longe da África, o Dakar continua sendo provavelmente o evento mais difícil do automobilismo mundial. Uma corrida de 14 dias pelos desertos e montanhas da Argentina e do Chile. É um desafio monumental para qualquer veículo, e Alister McRae e Tim Coronel querem participar dele em um buggy elétrico.

Eles estão desenvolvendo uma versão elétrica do McRae ProDakar 4×2 que Tim usou na edição deste ano do rali, e pretendem estar na linha de largada em janeiro com suas baterias a postos.

Veremos mais disso daqui para a frente, já que os elétricos estão lentamente chegando ao mainstream. Os fãs de elétricos já vêm participando de arrancadas há anos, as corridas de motos estão crescendo rapidamente e estamos vendo carros elétricos em Pikes Peak.

Mas o Dakar é algo completamente diferente. É um traçado insano por mais de 8500 km de terrenos inóspitos. Calor infernal, dunas imensas, rochas gigantescas, uma sofrida passagem pelos Andes e um clima que assustaria um capitão de barco caranguejeiro são regra.

Então o que é que esses caras têm na cabeça?

“Ele (Tim) conseguiu terminar o rali em uma boa colocação, o próximo passo era tentar algo mais aventureiro e ousado”, disse Charly Rodriguez, o porta-voz da equipe. “Queríamos fazer isso pelo desafio. Pilotar um elétrico pode ser divertido – imagine todo aquele torque instantâneo! A única coisa que sentiremos falta é do ronco do motor”.

Se o nome McRae soa familiar é por que o irmão de Alister foi o grande piloto de rali Colin McRae. Coronel é um piloto experiente que está nas pistas da Europa desde 1994.

A equipe está trabalhando com a empresa holandesa All Green Vehicles e a Universidade Técnica de Delft – que tem uma baita equipe de carros solares – para modificar o buggy McRae ProDakar. Ele terá baterias de íons de lítio e um motor elétrico de 200 kW (272 cv). Isso não parece muito, mas é quase o dobro do que a versão a gasolina extrai de seu motor três-cilindros e 1,1 litro.

Rodriguez não está dizendo nada sobre o tamanho da bateria, nem vai falar sobre a autonomia. Mas ele admite que ter carga para completar cada estágio será seu maior desafio. “Temos um sistema próprio de gerenciamento de energia com três ajustes: ‘eco’, ‘standard’ e ‘full attack’, disse ele. “Isso vai nos ajudar com a carga”.

Freios com geradores de energia e amortecedores capazes de recuperar energia ajudarão a aumentar a autonomia.

“O projeto é bastante leve e eficaz”, diz Rodriguez.

Ainda assim, eles estão quase certos de que precisarão de uma bateria monstruosa. O conjunto de 24 quilowatts-hora do Nissan Leaf roda no máximo 150 km, enquanto o monstro de 53 quilowatts-hora do Tesla Roadster chega a 390 km, aproximadamente. Já as etapas do Dakar constumam passar dos 500 km facilmente.

É preciso levar em conta que esses conjuntos de baterias estão movendo carros muito mais pesados que o bugue McRae. Por outro lado, também são usados em condições normais de direção, não numa corrida. O Dakar é qualquer coisa, menos normal.

Maximizar a autonomia é um dos desafios que a equipe terá que encarar. Recarregar as baterias é outro. Cada minuto é importante em um rali, e Coronel não pode simplesmente sentar e esperar horas para recarregá-las. A equipe está explorando duas ideias: o chamado “carregamento rápido Nível 3” de 400 Volts, que os deixaria prontos para partir em 30 minutos; ou simplesmente trocar o conjunto de baterias, a exemplo do que propõe o sistema Better Place.

A equipe tem muitos desafios para superar antes mesmo de chegar à linha de largada. E depois o desafio começa de verdade. Apesar disso, eles estão confiantes.

“Estamos convencidos de que podemos fazer isso”, disse Rodriguez. “Conseguimos os parceiros ideais para testar um conceito verde no ambiente de corrida mais hostil e misterioso que conhecemos”.

Este vídeo traz imagens dos carros da edição do ano passado em ação, mas já dá uma ideia das condições em que o corredor elétrico competirá.

Autor: Jalopnik