Leia também: Sistema de alertas: áreas já mapeadas serão as primeiras
O governo federal vai implementar um sistema nacional de prevenção e alerta contra desastres naturais a partir de um cruzamento de dados meteorológicos e um mapeamento das áreas de risco do País. O sistema completo, no entanto, só deverá estar em total funcionamento dentro de 4 anos. O País precisa, ainda, finalizar a identificação das áreas de risco e ampliar a cobertura de satélites, radares e equipamentos medidores de chuva.
Em reunião na manhã desta segunda-feira, 17, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros presentes – Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional; Nelson Jobim, da Defesa; Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia; José Eduardo Cardozo, da Justiça; Alexandre Padilha, da Saúde, e Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação da Presidência – que melhorem a capacidade de resposta nacional aos desastres naturais.
De acordo com Mercadante, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais recebeu há um mês um novo supercomputador que permitirá a diminuição das áreas climáticas mapeadas dos atuais 20 quilômetros quadrados para 5 quilômetros quadrados. Também terá a capacidade de acelerar cálculos e previsões de níveis de chuva. No entanto, ainda não há o detalhamento das áreas de risco. Para isso será preciso mais satélites, radares e pluviômetros, um equipamento que mede a quantidade de chuvas. A intenção é ter uma rede totalmente integrada de radares, incluindo os hoje usados exclusivamente pela aeronáutica.
Hoje, o Brasil teria 300 áreas sujeitas a inundações e 500 áreas de risco de deslizamentos onde moram 5 milhões de pessoas. Mas apenas Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina tem um detalhamento. Ainda assim, nenhum dos Estados brasileiros têm um sistema, mesmo que rudimentar, de alerta antecipado. Segundo Mercadante, o ideal é que o sistema consiga avisar as pessoas nessas regiões com uma antecedência de pelo menos seis horas. “Não acabaria com as perdas materiais, mas reduziria ou acabaríamos com as vítimas”, afirmou o ministro.
Na reunião ficou definido, ainda, que as Forças Armadas terão um papel maior na resposta aos desastres naturais, seja comandando as ações, seja em apoio aos Estados e municípios, como está acontecendo hoje no Rio de Janeiro. “Em áreas isoladas, por exemplo, o Ministério da Defesa pode assumir o comando. O ministério tem capacidade de trabalho pronta. A participação deverá ser decidida caso a caso pela presidente da República”, disse Nelson Jobim.
O governo admite que a capacidade de resposta, atualmente, da Defesa Civil nacional é bastante limitada. “A secretaria de defesa civil tem muito o que reestruturar. O sistema tem se revelado frágil,é uma realidade. Ninguém vai tapar o sol com a peneira. Temos que encarar a realidade e reagir”, disse Bezerra.
Autor: O Estado de S.Paulo