Tecnologia a favor do meio ambiente. Foi com essa premissa que o engenheiro e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ricardo Franci Gonçalves, elaborou um projeto para tratamento de água no estado. A idéia era pesquisar e desenvolver fontes alternativas para o reaproveitamento de água e esgoto. Os estudos saíram do papel e ganharam vida com a Fluir Engenharia, pequena empresa de base tecnológica, instalada em Vila Velha (ES) e especializada no desenvolvimento de técnicas de reutilização de água.
Preocupada com a preservação da qualidade das águas e do meio ambiente, a Fluir oferece soluções inovadoras para sistemas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de controle da poluição hídrica de origem industrial. Basicamente, são soluções racionalizadoras do uso da água em áreas urbanas, mais especificamente voltadas para o setor imobiliário.
O carro-chefe da empresa é a Estação de Tratamento de Águas Cinza, proveniente do uso de lavatórios, chuveiros, banheiras e máquinas de lavar roupas, reutilizada para fins não-potáveis, como descargas sanitárias, jardins e lavagens de pisos e de veículos. “A utilização desse sistema pode reduzir até 30% o consumo de água potável e poluir menos o meio ambiente”, explica o professor.
De consultoria a microindústria
Toda a idéia do projeto surgiu da experiência em uma companhia de saneamento na França, onde Franci trabalhou. Mas a empresa nasceu tempos depois, há nove anos, quando o professor convidou duas ex-alunas de mestrado, Renate Wanke e Giovana Martinelli, a montar uma empresa de consultoria e prestação de serviços em engenharia de tratamento de águas. O trio elaborava os projetos e terceirizava o trabalho de produção dos sistemas.
Isso ocorreu até que, há quatro anos, o proprietário de um hotel de luxo em Macaé (RJ), comprou a idéia e resolveu aplicar no empreendimento o projeto dos engenheiros. Com seis meses de funcionamento, o tanque de água do hotel, elaborado por outra empresa contratada pela Fluir, rompeu, causando grandes prejuízos.
“Há males que vêm para bem. A partir desse dia, decidimos que não iríamos mais terceirizar a produção. Resolvemos produzir os nossos próprios sistemas”, conta o professor.
Naquele momento, a microempresa de consultoria tornou-se uma microindústria. Pouco tempo depois, a Fundação de Pesquisa do Espírito Santo manifestou interessou em apoiar a empresa e orientou sobre a necessidade de desenvolvimento de um plano de negócios e estudo de viabilidade tecnológica.
Os engenheiros procuraram o Sebrae, que disponibilizou um consultor para apoiá-los na construção do planejamento. “Foram os nossos primeiros passos como uma indústria”, diz Franci.
Atualmente, a Fluir fatura, em média, R$ 2 milhões por ano e registra um crescimento anual de cerca de 30%. A empresa conta com 20 empregados e possui contratos com instituições públicas e privadas, além de ter bolsas dos Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE), do Ministério da Ciência e Tecnologia. “Para o próximo ano, as perspectivas são ainda melhores, com apoio e investimentos de órgãos de fomento”, revela Franci.
Autor: Pequenas Empresas Grandes Negócios