A geração de emprego nunca esteve tão em alta no Brasil. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, foram criados mais de 2,5 milhões de postos de trabalho com carteira assinada em 2010 – resultado que supera o recorde histórico de 2008, quando foram registrados mais de 2,1 milhões de novos empregos.
Para o ano que começa, as previsões continuam otimistas – embora o País deva registrar um crescimento menor. “A economia vai crescer menos em 2011, algo em torno de 5%, mas isso não é necessariamente ruim. Nesse ritmo, estimamos a criação de cerca de 2 milhões de postos este ano”, afirma o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sérgio Mendonça.
Boa notícia, é certo. Mas para quem busca uma colocação (ou nova posição) no mercado de trabalho, fica a dúvida: quais são as profissões em alta? E mais: onde essas vagas serão criadas?
Na avaliação da coordenadora do MBA de Gestão de Pessoas da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), Ana Ligia Finamor, vão ganhar os profissionais ligados aos setores de infraestrutura, como engenheiros, e de serviços, como hotelaria, turismo e alimentação.
“Hoje, vemos uma grande demanda para os trabalhos que envolvem a exploração do pré-sal (bacia petroleira localizada em Campos, no Estado do Rio de Janeiro) e obras de infraestrutura. Isso inclui a engenharia naval, engenharia de produção, engenharia de tecnologia. Está tudo interligado”, explica Ana Ligia.
A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 também vão demandar profissionais desde já. “Tudo o que de alguma forma está relacionado a esse momento poderá tirar proveito. Há grandes oportunidades no turismo, hotelaria, gastronomia e eventos.”
Segundo Mendonça, do Dieese, os Estados que vêm se destacando na criação de empregos são São Paulo, por concentrar boa parte dos investimentos privados brasileiros, Rio e Pernambuco. “Investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da indústria naval, de siderúrgicas, somados com as obras necessárias para a Copa e as Olimpíadas fazem do Rio uma das unidades da Federação onde o nível de investimento per capita está mais forte”, afirma o economista.
Em Pernambuco, Mendonça observa “uma mudança grande (na criação de empregos), a partir da revitalização do Porto de Suape e a construção de refinarias, petroquímicas e estaleiros”. O economista aponta ainda oportunidades como o polo têxtil em Caruaru, a nova fábrica da Fiat (cuja pedra fundamental foi lançada em 28 de dezembro de 2010) e a expansão da fábrica de baterias Moura, que vai ampliar em 25% a capacidade da fábrica de Belo Jardim.
O turismo do Nordeste, o porto do Rio Grande (RS), onde está sendo construído um dos maiores estaleiros do Brasil, e o Porto de Santos (SP), “que precisa passar por um investimento muito pesado”, são outras áreas que vão gerar empregos, segundo o economista do Dieese.
Engenharia e serviços
Levando em conta esse cenário, os profissionais ligados ao setor de infraestrutura estão entre os que mais devem ser procurados em 2011 (e nos próximos anos). “A engenharia voltou a ser fortemente valorizada”, diz Mendonça. Prova disso é que, a construção civil foi o setor da economia que mais cresceu em 2010, com 14,4% de aumento no número de postos de trabalho. “A engenharia de produção e a engenharia naval são áreas que estão em franca expansão”, afirma Ana Ligia, da FGV-RJ.
O setor de serviços, responsável pela criação de quase 1 milhão de novos empregos em 2010, também continua forte. “Hotelaria, turismo e alimentação vão continuar crescendo, sem dúvida”, diz Mendonça, que ressalta a importância da Copa do Mundo e das Olimpíadas na geração de postos de trabalho para esse setor.
Na avaliação de Ana Ligia, porém, hotelaria, turismo e alimentação devem manter a demanda por profissionais mesmo após os eventos esportivos. “O País está evoluindo em poder aquisitivo e no sentido cultural. Com isso, as pessoas estão buscando mais conhecimento sobre comida, no que se refere a hábitos mais requintados.”
Apesar de a procura por profissionais estar mais forte em alguns setores do que em outros, há uma visão de que todas as áreas vão ganhar caso o País mantenha o ritmo de crescimento em torno de 5%, como previsto por alguns economistas. “Nesse cenário, a demanda por vários segmentos vai ser ampla”, acredita Mendonça.
Autor: IG