Reprovações, desistências, falta de gente capacitada. As falhas na educação, desde o Ensino Fundamental, deságuam no mercado de trabalho. E o Brasil enfrenta, em muitos setores, o que se chama de apagão de mão de obra.
Um caso é mais grave. Às vésperas da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, faltam engenheiros para tocar as obras. Muitas empresas são obrigadas a buscar profissionais lá fora.
Está acontecendo em algum lugar perto de você: operários trabalhando, retroescavadeiras em atividade, instalação de fios, pisos, paredes, jardins, edifícios, bairros inteiros em construção.
Um boom imobiliário, que começou com a estabilidade da moeda e cresceu em um curto espaço de tempo. É bom, mas pode provocar uma crise.
Do pátio de um condomínio formado por cinco prédios em construção, é possível ver que, em volta, estão sendo erguidos outros edifícios e condomínios parecidos ou maiores. Isso apenas na Zona Oeste do Rio. Em outras capitais e cidades médias, e mesmo pequenas do Brasil, estão sendo planejados e construídos milhares de outros. Logo virão os estádios da Copa e das Olimpíadas, as estradas, os viadutos, os anéis rodoviários, as passarelas e os shopping centers. Quantos engenheiros serão necessários para planejar e administrar tantas obras? Os especialistas acham que não haverá um número suficiente deles.
Ao todo, 32 mil os engenheiros que saem das universidades por ano. Para acompanhar o crescimento, hoje, seria necessário mais que o dobro desse número.
“No mínimo uns 70 mil engenheiros por ano. Se você compara com a Rússia, que tem uma formação em torno de 120 mil engenheiros por ano, ou a Índia, que tem 190 mil engenheiros por ano, os números do Brasil são muito baixos”, compara o professor da COPPEUFRJ, Aquilino Senra.
A França tem 15 engenheiros para cada mil habitantes. Nos Estados Unidos e no Japão, a proporção é de 25 engenheiros para cada mil. No Brasil, são apenas seis.
Só na indústria automobilística e na exploração de petróleo, seriam necessários 34 mil novos engenheiros.
“Quando houve a descoberta do pré-sal eu tive a definição de que a minha carreira seria na área de engenharia e, mais especificamente, na área de engenharia de petróleo”, conta o engenheiro de petróleo João Francisco.
A carência de engenheiros brasileiros abre o mercado para profissionais estrangeiros. Entre 2008 e 2009 o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros saltou de 2.700 para 3.500.
O professor faz um alerta: “Se não for dada uma resposta imediata nos próximos dois anos para essa deficiência, teremos nos próximos quatro anos uma situação insustentável em termos de desenvolvimento tecnológico do país.”
Autor: Bom Dia Brasil