Construção: engenheiros e insumos podem vir de Portugal

O Ceará vai importar engenheiros, equipamentos e produtos de Portugal para suprir o aquecimento da demanda da construção civil no Estado. Ontem, pela manhã, foi assinado um protocolo de intenções entre a Cooperativa da Construção Civil do Estado do Ceará Ltda (Coopercon/CE) e a Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) oficializando a parceria que visa a união de esforços das duas entidades para viabilizar negócios internacionais envolvendo empresários cearenses e investidores estrangeiros no Estado do Ceará.

O documento prevê a indicação de fornecedores lusitanos pela CBP-CE, a participação de empresas cearenses em rodadas de negócios da Câmara, a troca de informações úteis ou do interesse da outra parte, além da celebração de convênios, ajustes, acordos e contratos com outros órgãos, ou entre si, e com entidades públicas ou privadas, para promover o desenvolvimento das atividades previstas no protocolo. O acordo terá validade de um ano, sendo prorrogável automática e sucessivamente por períodos idênticos.

Conforme Otacílio Valente, presidente da Coopercon-CE, a expectativa é de que a parceria resulte num “casamento promissor” para as duas partes. “Vivemos um momento de grande desenvolvimento na construção civil em todo o Brasil e, especialmente, no Ceará. Temos muitas obras a realizar, mas falta mão-de-obra capacitada e máquinas para agilizar nossa produção, que ainda é muito artesanal. Por outro lado em Portugal, devido à crise na Europa, os fornecedores, hoje, não têm para quem produzir porque o consumo interno caiu, os equipamentos estão ociosos e há bons técnicos disponíveis com vasta experiência. Me refiro aos engenheiros”, destaca.

Valente afirma que os portugueses possuem mecanização voltada à construção civil “ideais ao nosso mercado, a medida que exigem menos mão-de-obra”. O próximo passo, segundo ele, é listar os itens, identificando onde há viabilidade de contribuição. “Vamos começar, hoje, a levantar que equipamentos poderão ser disponibilizados e quais as condições para fornecimento, seja por meio de aquisição ou de locação”, diz.

A aquisição de produtos também será facilitada já que a entidade terá uma escala considerável de mercadorias a serem trazidas em navios, através de contêineres. Além de baratear produtos, a ação da Cooperativa também reduzirá a burocracia no processo de importação, segundo o presidente da Coopercon-CE. Segundo ele, atualmente inexistem negócios entre Ceará e Portugal na área da construção civil. “Há muitos investimentos portugueses no Estado, mas antes nunca vislumbramos negócios envolvendo o fornecimento de produtos, equipamentos e profissionais portugueses para o Ceará”, completa.

De acordo com Jorge Chaskelmann, presidente da CBP-CE, além dos 150 associados da Câmara, há muitas empresas portuguesas buscando o Brasil com alternativa para investir. Segundo ele, também há muitas solicitações de portugueses que olham o Ceará como alternativa. “Para nós, a parceria é muito importante, pois a Coopercon-CE reúne grandes empresas de construção no Estado e tem força no mercado. Isso ajudará a abrir as portas aos empresários portugueses que chegam aqui, dinamizando os negócios entre eles”. Em relação a trazer do exterior os engenheiros, Chaskelmann afirma que o Ceará só tem a ganhar. “Há muitos engenheiros qualificados que estão vindo para o Brasil porque lá na Europa a construção civil praticamente parou. Aqui o mercado está aquecido, falta mão-de-obra e nós temos a facilidade da língua”, avalia o presidente da CBP-CE que está apostando na troca de sinergia e experiências entre cearenses e lusitanos.

Ainda é cedo

Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Antônio Salvador da Rocha, ainda é prematuro trazer profissionais de fora. “É claro que em alguns pontos falta gente, mas a solução passa por ampliar a quantidade de cursos nas universidades. Mas se for algo pontual, tudo bem”, destaca, ressaltando que, no País, só 6% dos formandos são da área de engenharia, quando a demanda atual exige 20% .

Autor: Diário do Nordeste