EESC produz cimento alternativo para compor fibrocimento

Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisadores desenvolveram um cimento alternativo para ser utilizado na produção de fibrocimento. O produto poderá substituir o cimento portland, que é usado na composição do fibrocimento em até 80%, como aglomerante. Em testes realizados na EESC, o fibrocimento alternativo mostrou maior durabilidade e menor custo, além de ser menos agressivo ao meio ambiente. “O material não será produzido para utilização em fins estruturais, mas sim para elementos construtivos ou artefatos, como telhas e paineis de fechamento”, avisa o engenheiro civil Carlos Gomes, que é pós-doutorando e professor colaborador de pós-graduação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da EESC.

O cimento alternativo foi desenvolvido dentro de uma linha de pesquisa da escola, supervisionada pelo professor Eduvaldo Sichieri, que vem estudando possibilidades de se produzir fibrocimentos mais econômicos e duráveis, com o uso de fibras alternativas e escórias de alto forno. A base do novo produto, segundo Gomes, é constituída de compostos de óxido de magnésio. “O cimento à base de óxido de magnésio, chamado de cimento magnesiano, começou a ser estudado por volta de 1867. Contudo, devido ao seu alto custo, a utilização ficava inviável”, justifica o engenheiro. O óxido de magnésio é usado, principalmente, na produção de materiais refratários.

Nos laboratórios da EESC, Gomes adicionou algumas cargas minerais ao óxido de magnésio que acabaram por reduzir o custo. “Conseguimos então um produto que, na composição do fibrocimento, pode substituir por completo o cimento portland”, garante o pesquisador. A característica menos agressiva ao meio ambiente fica por conta do processo de produção do cimento alternativo. Gomes conta que o produto é menos alcalino que o cimento tradicional. “Verificamos ser possível menores emissões de carbono durante a produção. Ao mesmo tempo, o produto consegue capturar mais carbono do meio ambiente”, explica.

Vantagens
Os testes com o cimento alternativo revelaram vantagens não apenas no processo produtivo, como no menor tempo para produção, e por ser menos agressivo às fibras por sua baixa alcalinidade. O produto apresenta vantagens na sua durabilidade.

Gomes conta que nos testes realizados com fibrocimentos compostos por fibras de escória de alto forno ou celulose, a degradação (envelhecimento acelerado) dos materiais foi superior aos 56 dias, um tempo padrão recomendado pelas normas. “Quando substituímos o portland pelo cimento alternativo, não observamos a degradação das fibras”, conta o engenheiro, lembrando que os testes são realizados com a imersão do produto em água quente.

Outra vantagem é em relação à “cura final”, ou seja, quando o material atinge a secagem e ponto de resistência ideais. Segundo Gomes, enquanto o fibrocimento com cimento alternativo atinge o ponto ideal (cura) em cerca de 40 minutos, o produto feito com o cimento portland atinge sua cura somente em torno de 28 dias depois. O engenheiro destaca que o cimento alternativo ainda passará por testes que serão realizados na própria EESC em protótipos de habitações populares. 

Mais informações: (16) 3413-9352, com o engenheiro Carlos Gomes; email http://[email protected]

Autor: Agência USP