Depois da divulgação de novos dados sobre o trabalho de contenção do vazamento de petróleo no Golfo do México, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quarta-feira que a luta contra o problema está chegando ao fim.
Em discurso em uma organização sindical, Obama disse que foi uma “notícia muito boa” saber que a mais recente tentativa da petroleira britânica BP de vedar definitivamente o poço danificado “parecem estar funcionando”.
“E o relatório divulgado hoje por nossos cientistas mostra que a vasta maioria do petróleo derramado foi dispersada ou removida da água, então a longa batalha para acabar com o vazamento e conter o petróleo está finalmente chegando ao fim”, disse.
O presidente se referia às informações divulgadas nesta quarta-feira, segundo as quais cerca de 75% do petróleo derramado no Golfo do México já foi limpo ou dissipado por forças da natureza.
Os cientistas, porém, alertam que os impactos no longo prazo ainda precisam ser avaliados.
Clique Leia mais na BBC Brasil: Só 25% de petróleo vazado no Golfo ainda representa risco, diz Casa Branca
Águas profundas
No mês passado, o governo americano suspendeu a exploração de petróleo em águas profundas até 30 de novembro.
A medida foi tomada sob a alegação de que é necessário interromper essas operações até que as petroleiras implementem medidas de segurança para reduzir riscos de acidentes e estejam preparadas para conter vazamentos como o do Golfo do México.
No entanto, nesta quarta-feira, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que Obama estaria disposto a antecipar o fim da proibição caso esses pré-requisitos sejam cumpridos antes de novembro.
“Se essas condições (estabelecidas pelo governo) forem cumpridas antes do fim de novembro, certamente faremos isso”, disse o porta-voz, ao ser questionado sobre a possibilidade de antecipar o fim da proibição.
Vazamento
O vazamento de petróleo no Golfo do México foi iniciado em 20 de abril, quando uma plataforma operada pela BP explodiu e afundou, em um acidente que matou 11 funcionários.
Somente no dia 15 de julho a BP conseguiu interromper o vazamento.
Ao longo desse período, calcula-se que 4,9 milhões de petróleo tenham sido despejados no oceano, fazendo deste o maior vazamento acidental da história.
O que aconteceu com o petróleo que vazou no Golfo?
17% foi recuperado pelo sistema de inserção de tubo e tampa no local do vazamento
5% foi queimado
3% foi recolhido
25% evaporou ou foi dissolvido
16% se dispersou naturalmente
8% foi dispersado com produtos químicos
26% ainda está no mar ou na costa
A mais recente estratégia foi iniciada pela BP na noite de terça-feira e consiste em bombear uma lama de formulação especial para dentro do poço danificado, forçando o petróleo para baixo.
A empresa pretende vedar a saída do poço com cimento e abrir um poço alternativo, a cerca de 30 metros de distância.
Notícia relacionada
O Estado de S.Paulo
A BP começou a bombear cimento para o poço explodido no Golfo do México, um processo que deve se estender pelo dia de hoje e sexta-feira, para matar de vez a fonte de um dos piores desastres ambientais marítimos do mundo.
Engenheiros estão canalizando cimento pelo poço submarino de Macondo, depois de injeções prévias de lama pesada terem contido a pressão do óleo e do gás. O poço já havia sido provisoriamente tampado em meados de julho.
“A meta do procedimento é apoiar a estratégia de matar e isolar o poço… Este procedimento complementará a futura operação no poço auxiliar”, disse nota da BP.
A chamada “morte estática”, a partir do topo, deve ser complementada, ainda neste mês, por uma “morte do fundo” de mais lama e cimento que serão injetados por meio de um poço auxiliar que vai interceptar o poço destruído. Esta é vista como a solução definitiva para fechar o reservatório, 4.000 metros abaixo da superfície do oceano.
O progresso no encerramento da causa do desastre ambiental vem como um alívio tanto para a BP, cuja imagem e cujo valor de mercado foram severamente atingidos, e para o presidente Barack Obama, cujas taxas de aprovação também sofreram, em meio às críticas à administração da crise.
Com o anúncio feito pelo governo, nesta semana, de que 75% dos estimados 4,9 milhões de barris de petróleo que transbordaram do poço já evaporaram, dispersaram-se ou foram contidos, alguns especialistas dizem que a Guarda Costeira dos EUA pode ser se esquivado de um cenário de pesadelo.
A despeito das notícias promissoras, muitos moradores da costa do Golfo do México, que viram suas atividades de pesca e turismo ameaçadas, estão se perguntando para onde foi parar o remanescente do óleo vazado.
“Onde está o óleo? Está nos mangues, nas parias ou ainda no mar”, disse Simon Rickaby, presidente do grupo especial de poluição do Instituto de Engenharia Marinha, Ciência e Tecnologia de Londres. “É preciso enfrentar isso”, acrescentou.
Autor: BBC e O Estado de S.Paulo