Degradado por sucessivas reformas irregulares, o antigo Seminário Episcopal da Luz, no centro, será restaurado por exigência da Prefeitura. Desde que a Arquidiocese de São Paulo alugou a área, na década de 1980, o edifício apresenta condições precárias – a fachada está ruindo e “puxadinhos” ocupam o pátio do seminário, protegido pelo patrimônio histórico. A arquidiocese diz que enviará projeto de restauro à Prefeitura em até 30 dias.
A decisão do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp), publicada em 23 de julho no Diário Oficial da Cidade, prevê demolição das estruturas irregulares no pátio central e restauro das fachadas do seminário, construído entre 1853 e 1856. Os “puxadinhos” são anexos de sete lojas de vestidos de noiva, que alugam o prédio por cerca de R$ 3 mil mensais.
Hoje, o edifício mistura paredes de taipa de pilão – técnica em que barro é compactado com madeira – com outras de cimento e tijolos comuns. As fachadas, voltadas para a Avenida Tiradentes e para a Rua São Caetano, apresentam variações de cores e detalhes de porcelana colocados sem autorização. As piores condições estão nos fundos, onde há pontos em que as paredes estão ruindo, afetadas por umidade.
Em 2003, um projeto de restauro foi apresentado à Prefeitura, mas jamais foi executado. Em 2008, a arquidiocese encaminhou outro projeto, aprovado pelo Conpresp. Com a classificação no Programa Monumenta, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Igreja afirma agora que vai realizar as obras. O financiamento para o restauro – estimado em R$ 7,9 milhões – passa por análise da Caixa Econômica Federal.
Já previstos. Os pontos exigidos pelo Conpresp – que protege o seminário desde 1992 – já estavam previstos no projeto apresentado ao Monumenta, segundo a arquidiocese. O plano prevê configuração mista do edifício, que continuará dividido entre lojas de vestidos de noiva e a Igreja de São Cristóvão. Não haverá construções no pátio, onde a arquidiocese pretende realizar festas de igreja e eventos com as lojas – como desfiles de vestidos de noiva, por exemplo.
Procurados pelo Estado, lojistas afirmaram que vão se adequar. “Se é a decisão da arquidiocese, respeitaremos. Não é por ter de demolir partes das lojas nos fundos que sairemos daqui”, disse Fernando Beneti, proprietário de duas lojas no local.
O SEMINÁRIO POR DENTRO
O Seminário da Luz foi o primeiro centro de formação de padres adequado às leis canônicas, inaugurado em 1856. A aquisição das terras foi feita com “esmolas de fiéis” e dinheiro da Corte. Em 1915, a área começou a ser loteada, com a destruição dos jardins. Ao lado da área locada ao comércio funciona a Igreja de São Cristóvão, tombada pelo patrimônio em 1992.
Autor: O Estado de S. Paulo