O trigo é um alimento milenar, largamente utilizado na alimentação ocidental há milhares de anos, mas ainda estão descobrindo novas utilidades para ele. Nessa era de busca por alternativas para combustíveis, qual não foi a surpresa de um instituto de biotecnologia de Kalundborg, Dinamarca, quando eles conseguiram fabricar etanol a partir da palha do trigo!
A produção desse novo tipo de etanol já passou da fase de testes, e a empresa dinamarquesa quer montar uma refinaria exclusivamente dedicada à produção do “Etanol de biomassa”. A grande vantagem da produção de Etanol a partir da palha de trigo é que não é necessário haver combustíveis fósseis (sim, geralmente a matéria-prima para o Etanol é a cana-de-açúcar, carro-chefe da produção brasileira, por exemplo, mas é preciso haver combustíveis fósseis durante a produção) no processo. A celulose do trigo, encontrada na molécula interna chamada Lignina, é o local de onde se extrai o etanol.
Para fornecer energia à própria refinaria, a empresa deu outra grande jogada de sustentabilidade: vão utilizar o vapor rejeitado da Asnaes, maior usina energética da Dinamarca, para colocar a sua própria em funcionamento. Essa “parceria” entre as duas usinas vai permitir com que se produza energia elétrica e combustível de etanol ao mesmo tempo, e de maneira limpa, já que os rejeitos poluentes de uma são usados como combustível para a outra. Nem todos os rejeitos poluentes serão utilizados, mas os especialistas falam em no mínimo 70% do aproveitamento desse material. Assim, será uma usina “quase neutra”, ambientalmente falando.
Dessa forma, o Etanol produzido poderá ser um eficiente substituto para a gasolina, que é mais poluente e está se tornando a cada dia mais cara, escassa e disputada. Além disso, a produção deixa Lignina (a fibra do trigo) sólida, que também é um combustível e pode substituir o carvão mineral, que tem as mesmas desvantagens de qualquer combustível fóssil.
Atualmente, essa refinaria dinamarquesa é a única em funcionamento no mundo usando a celulose (e sua produção é de 5,2 milhões de litros anuais – pouco perto do que se produz de outras fontes energéticas), mas três usinas nos Estados Unidos já fazem planos para adotar o mesmo método. Ao que parece, a crise energética que os ambientalistas previram, se existir, será amenizada.
Autor: HypeScience